sábado, dezembro 27, 2003

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TRIBUTO À TIA BÁRBARA
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A tia Bárbara tinha uma enorme capacidade de captar a simpatia de quem com ela privasse, ainda que só por breves instantes. A empatia era quase imediata. Não conheço ninguém que tenha resistido à sua autenticidade, ao seu calôr humano, ao seu "dar-se sem nada esperar em troca".
Na sua presença sempre me senti seu sobrinho de verdade, mesmo como de seu sangue o fosse.
Recordarei para sempre , a sua presença vigilante nas reuniões dos domingos à tarde. Atenta ao mínimo detalhe, vigiava para que tudo estivesse perfeito, não faltassem os guardanapos, os copos, para que a sopa estivesse bem quente.
.- "Oh Herminia, olha que o Júlio não tem colher"; ou então : "Natércia, então não vais pôr os queijinhos na mesa?".
Mesmo já nos últimos tempos, não deixava de controlar, para que tudo, no seu entender,estivesse nos seus devidos lugares, fosse feito "com preceito" ,corresse bem.
Conservarei para sempre a sua imagem de contentamento entusiástico, mal nos via chegar, para mais um domingo de convívio em família. E quando alguém, ao fim da tarde/noite, manifestava a intenção de ir embora, de imediato tentava prolongar por mais alguns minutos que fossem, a nossa presença :-"Já vão embora?. mas ainda é cedo".
Mas onde se surpreendia melhor a autenticidade do seu prazer de nos têr todos junto dela, era quando nas despedidas, sempre insistia com alguma ansiedade : -"Então até Sábado ou Domingo,vêm cá, não vêm?" .
Ùltimamente vinha perdendo as forças, com grande serenidade, mas de forma cada vez mais evidente, e dá que pensar, na força da sua persistência em esperar pelo nascimento do neto, e do Miguel ,"o menino da Ana Lúcia" ,como costumava chamar. Na primeira vez que viu, e teve o Miguel ao colo,estava tão contente, com os olhos tão brilhantes, que, como depois contaram as filhas Natércia e Hermínia, custou a adormecer.
A tia Bárbara vai ser sempre a Alma da casa das primas. Sentiremos sempre a sua presença vigilante.
Anos atrás, quando completou os 90 anos, fiz-lhe um Poema, que lhe ofereci e li, no decorrer da dua festinha de aniversário. Aqui o transcrevo:

TIA BARBARA

Vinda lá de baixo
De terras do Sul
Onde há poucas nuvens
E o céu é azul.

Chegou ao Feijó
Tinha menos anos
Pr.a junto das filhas
Deixou lá os manos

Bárbara é seu nome
Testa a sua terra
Deixa o Alentejo
Onde o trigo medra

Trigo que dá pão
A quem o colher
À Barbara trigueira
Deu força e saber

Barbara aos noventa
Junta à sua mesa
A sua Família
Que mantém coesa

Ela é a força
Ela é o caminho
Fiz-lhe este poema
Com muito carinho
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José Júlio
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quinta-feira, dezembro 25, 2003

SAUDADES DO MONTE DO TESTA

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SAUDADES DE DOTESTA..
Vindas do monte DOTESTA, a poucos kms de Almodôvar e de Castro Verde, a Natércia , a Herminia e a mãe Bárbara, encontraram no Feijó, uma numerosa comunidade de alentejanos, que muito bem as integraram, e onde se sentem em casa.
Contudo, as suas memórias da terra, especialmente do Dotesta, são muitas, e a tristeza de , quando lá vão de visita, constatarem a ruína da casa senhorial e do monte em geral, levaram a Natércia a escrever um poema, para ser cantado com uma conhecida música de Paco Bandeira, "A ternura dos quarenta".

É esse poema que publicamos hoje:

Oh Dotesta quem te viu
Quem te vê agora então
Fica triste e desolada
Pois estás mesmo abandonada
As pedaços pelo chão.

Eras um Monte bonito
Todos gostavam de ti
Quem lá ia uma vez
Ia uma, duas , três
Que bons tempos lá vivi

REFRÃO

Era tão bom
Os que te vêem agora
Que te voltassem a vêr
Como tu eras outrora.
Que maravilha
Se voltasses novamente
Ao que eras noutro tempo
Para alegria da gente.

Não importava que o Monte
Por outros fosse habitado
Mas gostasse isso sim
De te poder vêr ainda
Novamente restaurado.

Quem te conheceu um dia
Ao vêr-te fica pasmado
De vêr o Monte que eras
Lamentam profundamente
Ao que tu tenhas chegado.

Era gente de Lisboa
Que te vinham visitar
Ficavam maravilhados
Ao vêr a casa de campo
Pr.as suas férias passar.

Muito havia pr.a dizer
Sobre ti Monte da Testa
Mas é verdade porém
Que era lá sempre uma festa.


Poema de Natércia de Jesus
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RAZÃO DE SER DO BLOG.
As primas Natércia e Herminia e a tia Bárbara, há muitos anos vieram do Baixo Alentejo para o Feijó, e desde cedo a sua casa, se tornou, aos fins de semana, um autêntico centro de convívio , não sá para a família, que é muito numerosa, como para conterrâneos e amigos.

Quase todos alentejanos, juntam-se a cantar as famosas modas da terra, e ùltimamente, com poemas deles-mesmo.
Todo o alentejano é um poeta. Acho que quase todos, em algum momento, tenham rabiscado em algum pedaço de papel, versos seus ..

Este blog, tem como fim, publicar, os poemas, as canções . as estórias e as notícias, relacionadas como esta comunidade .