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Crónica radio castrense – 26/2/02
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DE
JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO
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O cronista espreguiçou as ideias num chão de quimeras, bocejou pensamentos repetidos e apeteceu-lhe estiraçar-se sobre os sonhos que enchiam fofas almofadas e almofadões sobrepostos no seu tempo.
O cronista acordou sem vontade de falar sobre Alqueva, a barragem da utopia onde vão ficar inundadas as esperanças/ quase certezas de um Alentejo próspero, militante, camarada. Nem Alqueva, nem Aldeia da Luz, espelho do nosso comportamento, fonte de tanta nostalgia, pretexto também para a afirmação de protagonismos que invectivam o poder da rosa murcha.
Não, nem a iliteracia que as estatisticas comunitárias revelaram imensa, nem o abandono escolar, nem o insucesso, nem a sua má qualidade praticada nas escolas/distracção dos meninos, tiveram dimensão para fixar o raciocinio do cronista ausente.
As imagens ultimas do Savimbi, cadaver/trofeu, descendo à tumba, patenteando a fragilidade da vida, logo dobradas pelas palavras protocolares, correram devagarinho sem se fixarem na tela da atenção.
Acrescentava-se ainda o facto de o Benfica correr novo risco com a obra do seu ex-estadio em consequencia de alguem ter redescoberto que o clube não tinha a situação contributiva regularizada.
Somou-se o surto da meningite e as vacinas não vacinas e o ministro masi a comissão científica, e o medo e o pavor e a facturação dos laboratórios.
Nem as eleições próximas e as súplicas dos crentes da política, a ladainha das sereias, o encostanço ao outro lado já que isto cá é como um baloiço, o fizeram pestanejar.
Nem o arrependimento dos que deviam ter feito melhor e fizeram mal ou nada fizeram para bem deste país que anda à deriva como uma rolha soprada pelo vento do acaso, o fizeram comover.
Nada, mesmo nada desconcentra o cronista que não lhe agrada vivenciar activamente este presente e prefere continuar a espreguiçar as odeias pelo chão das quimeras onde às vezes acontecem os sonhos plantados.