quarta-feira, fevereiro 08, 2012

HOJE HÁ "CINEMA ÀS QUARTAS" em CASTRO VERDE

.
O FILME DE HOJE NO FORUM
MUNICIPAL VAI PASSAR É
"ALEGRIA DE VIVER" DO
REALIZADOR UCRANIANO
SERGEI LOSNITZA.




Filme seleccionado para competir à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010,diz-nos Sergei : "Trata-se de um filme sobre injustiça, as suas várias manifestações e a maneira como ela afecta as pessoas", responde em russo filtrado mais tarde pela sua intérprete. "O filme mostra-nos de uma maneira muito simples como está estruturada a nossa sociedade e de como ela está condenada a desaparecer", remata a frio Sergei.

"ALEGRIA DE VIVER" é um road movie desesperançado sobre as tentativas de um camionista retomar o seu rumo numa estrada perdida em nenhures. A narrativa complexifica-se e não há lugar na história de Loznitsa para o optimismo - "mas a vida é assim", responde o realizador, "não há ilusões, eu quis mostrar a vida das pessoas tal como ela é".

Cientista Foi com essa intenção que Sergei fez uma série de documentários e se estreia agora com a sua primeira longa-metragem de ficção. O facto de Loznitsa ter chegado tarde ao cinema explica-se pela outra vida que parece ter tido antes de optar pela sétima arte. O ucraniano, que teve a semana passada direito a uma retrospectiva integral da sua obra na Culturgest, estudou Matemática no Instituto Politécnico de Kiev. Licenciado com distinção, trabalhou durante cinco anos como cientista no Instituto de Cibernética da capital ucraniana. Para além do trabalho de investigação em inteligência artificial, Sergei Loznitsa ainda fazia uma perninha como tradutor de japonês para o russo.

É um caminho peculiar, observação de que o próprio Sergei, como era de prever, discorda. "Não são áreas de estudo diferentes. O cinema tal como a cibernética são apenas maneiras de descrever o mundo, só muda a linguagem", descreve o realizador. E acrescenta um desejo: "Gostava que todos os realizadores tivessem uma formação em Matemática porque nos ensina a ter disciplina, a respeitar a história e a estrutura de um filme."

Em 1997 Sergei Loznitsa sai do Russian State Institute of Cinematography, em Moscovo, mais uma vez com distinção. Começava então uma carreira de sucesso nos circuitos alternativos de documentário e uma carreira de cineasta que o levou a Cannes para a competição principal, este ano, cerimónia de onde veio sem prémio mas cheio de elogios.

Em jeito de balanço, Sergei recorda as suas motivações como realizador: "Quis começar a fazer filmes para me tentar compreender melhor a mim e ao mundo em que vivo, é um sentimento muito egoísta." Será mesmo? Afinal os seus filmes são mostrados em salas de cinema um pouco por todo o mundo. "Isso é um efeito secundário deste meu egoísmo. Se dependesse de mim fazia filmes sem mostrar a ninguém."