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OS SERÕES DE ANTIGAMENTE NO MONTE DA RIBEIRA.
Quando por via do casamento com a MARIA HELENA, eu, "JULIO" como sou tratado por esta familia alentejana , a quem passei a pertencer,,quiz e fiquei a conhecer muito da sua História, especialmente do dia a dia, das suas duras labutas, e da sua forma de organizar os seu tempo.
Quando mais tarde decidi criar na internet um blog dedicado ao Alentejo,a que chamei CASA DAS PRIMAS,
publiquei então ,entre muitas crónicas , um texto e um poema sobre os serões no monte da Ribeira, que agora me lembrei de aqui reporodizir, como subsdio para a História da Familia:
Uma noite, aproveitei a presença do ZÉ BATISTA, o mais velho dos rapazes dos 9 filhos do casal FELICIDADE LUCIA e JOSE BATISTA COLAÇO., e à conversa com ele ,fui recriando o ambiente dos tais serões no Monte da Ribeira:
"serões no MONTE DA RIBEIRA
Já aqui falei nos Serões no Monte da Ribeira.
Hoje tenho comigo o Zé Batista, que recorda para o nosso Blog, essas noites , quando ele, lia para toda a família, e mais pessoal que por lá passasse ; moirais, como o Tio Branco, os célebres livros do Tio Chico Zé, trazidos pelo filho, Manuel Francisco, e também, outros, emprestados ,de casa da D.Barbara Figueira.
"CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA" , "JULIA TORDIÊ", "O MOINHO À BEIRA DO RIO" e uma obra , assim tipo-encicliopédia, que versava sobre diversos saberes relacionados com algebra e matemática ( tipo:máximo divisor comum, regras de três simples, de três composta e outras)
Na época, os personagens desses livros , lidos e escutados nos serões, com a mesma emoção e ansiedade com que hoje se vê na TV, episódios das telenovelas, eram faladas e comentadas como hoje se fala da Escrava Isaura da Tieta do Agreste, da Maria do Carmo do "Senhora do destino" ou da Gabriela Cravo e Canela.
O personagem OLIVEIROS do livro "Carlos Magno", o "ROLDÃO", grande herói espadachim invencível, e o FERRABRAZ DE ALEXANDRIA, figura de grande força física, que trepava, escalava, dava pancada, enfim, uma espécie de Rambo da altura, eram o motivo de conversa que se espalhava entre todos, que aguardavam com ansiedade a próxima noite para ouvir a continuação da leitura das estórias.
"Carlos Magno ficou
certo de que ninguém ia,
disse que mesmo queria
ver quem o desafiou
quando a notícia chegou
aos ouvidos de Oliveiros
que soube que os cavaleiros
não tinham lhe obedecido
ficou bastante sentido
desta ação dos companheiros"
Leitura que fosse feita hoje , àmanhã já era contada na hora do almoço aos companheiros de trabalho . O primo Manuel, que tinha ouvido a leitura do Zé Batista, logo a tornava a contar no serão em casa da irmã dele, Maria Gertrudes.
O mais amado entre as personagens dos romances, era o OLIVEIROS, a quem se atribuía grande inteligência, bravura e honestidade. Era um grande estratega, na luta contra os turcos.
Também era muito admirada, a JULIA TORDIÊ, marrequinha, , que em Londres, começando por andar a vender hortaliças e fruta com um carrinho de mão, acabara riquissima ao criar uma espécie de cooperativa,e chegando a gerir uma "frota de 1200 carrinhos de mão. Conseguiu mesmo a dominar o comercio da fruta de Londres. Era umas personagem controversa, que tinha os seus defensores entre os ouvintes, que a achavam boazinha. havendo contudo ,quem a considerasse velhaca e exploradora de quem dela dependesse.
Eram assim os serões do Monte da Ribeira.
Reproduzo agora um poema que então me atrevi a escrever, e onde procuro colocar em verso, as estórias que escutei nas conversas que tive com a minha mulher MARIA HELENA, com as minhas cunhadas ANA CATARINA, MARIA AUGUSTA, MARIA ALICE, e os
irmãos ZÉ BATISTA , MANUEL BATISTA.e ANTÓNIO,, sobre os SERÕES NO MONTE DA RIBEIRA., e que publiquei no meu blog:
MONTE DA RIBEIRA - SEUS SERÕES
A estória que vou Contar,
Vem cheia de recordações,
leva-nos todos a lembrar
do Alentejo os seus serões.
À beira daquelas brasas,
todos juntos à lareira,
comendo chouriço e favas,
lá no Monte da Ribeira
Os irmãos todos reunidos,
Contavam estórias d.encantar
faziam-se queijos, também enchidos,
adivinhas, renda e às s cartas jogar.
"Princesa d.Austria", sua linda estória.
"A totinegra do moinho"
Muitos contos de memória,
contava ti Chico Paulino.
"Carlos Magno" contava o Zé,
o tio Branco, contos sem rima,
"Os dois Castelos","Cabra cabrez"
dizia então o Ti Jesuína.
Vinham amigos de longe e de perto,
do Pardieiro, do Forno da Cal,
também do Testa, dos Porteirinhos,
Ti Chico da Mina, qu.era o moiral.
Aqui fica para a história,
do Alentejo , o seus serões,
Que não nos sáia da memória,
pr.alegrar nossos corações