domingo, outubro 11, 2020

OS SERÕES NO MONTE DA RIBEIRA

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OS SERÕES DE ANTIGAMENTE NO MONTE DA RIBEIRA.



Quando por via do casamento com a MARIA HELENA, eu, "JULIO" como sou tratado por esta familia alentejana , a quem passei a pertencer,,quiz e fiquei a conhecer muito da sua História, especialmente do dia a dia, das suas duras labutas, e da sua forma de organizar os seu tempo.

Quando mais tarde decidi criar na internet um blog dedicado ao Alentejo,a que chamei CASA DAS PRIMAS,

publiquei então ,entre muitas crónicas , um texto e um poema sobre os serões no monte da Ribeira, que agora me lembrei de aqui reporodizir, como subsdio para a História da Familia:

Uma noite, aproveitei a presença do ZÉ BATISTA, o mais velho dos rapazes dos 9 filhos do casal FELICIDADE LUCIA e JOSE BATISTA COLAÇO., e à conversa com ele ,fui recriando o ambiente dos tais serões no Monte da Ribeira:

"serões no MONTE DA RIBEIRA

Já aqui falei nos Serões no Monte da Ribeira.

Hoje tenho comigo o Zé Batista, que recorda para o nosso Blog, essas noites , quando ele, lia para toda a família, e mais pessoal que por lá passasse ; moirais, como o Tio Branco, os célebres livros do Tio Chico Zé, trazidos pelo filho, Manuel Francisco, e também, outros, emprestados ,de casa da D.Barbara Figueira.

"CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA" , "JULIA TORDIÊ", "O MOINHO À BEIRA DO RIO" e uma obra , assim tipo-encicliopédia, que versava sobre diversos saberes relacionados com algebra e matemática ( tipo:máximo divisor comum, regras de três simples, de três composta e outras)

Na época, os personagens desses livros , lidos e escutados nos serões, com a mesma emoção e ansiedade com que hoje se vê na TV, episódios das telenovelas, eram faladas e comentadas como hoje se fala da Escrava Isaura da Tieta do Agreste, da Maria do Carmo do "Senhora do destino" ou da Gabriela Cravo e Canela.

O personagem OLIVEIROS do livro "Carlos Magno", o "ROLDÃO", grande herói espadachim invencível, e o FERRABRAZ DE ALEXANDRIA, figura de grande força física, que trepava, escalava, dava pancada, enfim, uma espécie de Rambo da altura, eram o motivo de conversa que se espalhava entre todos, que aguardavam com ansiedade a próxima noite para ouvir a continuação da leitura das estórias.


"Carlos Magno ficou

certo de que ninguém ia,

disse que mesmo queria

ver quem o desafiou


quando a notícia chegou

aos ouvidos de Oliveiros

que soube que os cavaleiros

não tinham lhe obedecido

ficou bastante sentido

desta ação dos companheiros"


Leitura que fosse feita hoje , àmanhã já era contada na hora do almoço aos companheiros de trabalho . O primo Manuel, que tinha ouvido a leitura do Zé Batista, logo a tornava a contar no serão em casa da irmã dele, Maria Gertrudes.

O mais amado entre as personagens dos romances, era o OLIVEIROS, a quem se atribuía grande inteligência, bravura e honestidade. Era um grande estratega, na luta contra os turcos.

Também era muito admirada, a JULIA TORDIÊ, marrequinha, , que em Londres, começando por andar a vender hortaliças e fruta com um carrinho de mão, acabara riquissima ao criar uma espécie de cooperativa,e chegando a gerir uma "frota de 1200 carrinhos de mão. Conseguiu mesmo a dominar o comercio da fruta de Londres. Era umas personagem controversa, que tinha os seus defensores entre os ouvintes, que a achavam boazinha. havendo contudo ,quem a considerasse velhaca e exploradora de quem dela dependesse.


Eram assim os serões do Monte da Ribeira.

Reproduzo agora um poema que então me atrevi a escrever, e onde procuro colocar em verso, as estórias que escutei nas conversas que tive com a minha mulher MARIA HELENA, com as minhas cunhadas ANA CATARINA, MARIA AUGUSTA, MARIA ALICE, e os

irmãos ZÉ BATISTA , MANUEL BATISTA.e ANTÓNIO,, sobre os SERÕES NO MONTE DA RIBEIRA., e que publiquei no meu blog:


MONTE DA RIBEIRA - SEUS SERÕES


A estória que vou Contar,

Vem cheia de recordações,

leva-nos todos a lembrar

do Alentejo os seus serões.


À beira daquelas brasas,

todos juntos à lareira,

comendo chouriço e favas,

lá no Monte da Ribeira


Os irmãos todos reunidos,

Contavam estórias d.encantar

faziam-se queijos, também enchidos,

adivinhas, renda e às s cartas jogar.


"Princesa d.Austria", sua linda estória.

"A totinegra do moinho"

Muitos contos de memória,

contava ti Chico Paulino.


"Carlos Magno" contava o Zé,

o tio Branco, contos sem rima,

"Os dois Castelos","Cabra cabrez"

dizia então o Ti Jesuína.


Vinham amigos de longe e de perto,

do Pardieiro, do Forno da Cal,

também do Testa, dos Porteirinhos,

Ti Chico da Mina, qu.era o moiral.


Aqui fica para a história,

do Alentejo , o seus serões,

Que não nos sáia da memória,

pr.alegrar nossos corações