sábado, janeiro 16, 2021

OS SERÕES DO MONTE DA RIBEIRA.

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serões no MONTE DA RIBEIRA

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Ja aqui falei nos Serões no Monte da Ribeira quando  o Zé Batista,o filho mais velho   recorda para o nosso Blog, essas noites , quando ele, lia para toda a família, e mais pessoal que por lá passasse ; moirais, como o Tio Branco, os célebres livros do Tio Chico Zé, trazidos pelo filho, Manuel Francisco, e também, outros, emprestados ,de casa da D.Barbara Figueira.

"CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA" , "JULIA TORDIÊ", "O MOINHO À BEIRA DO RIO" e uma obra , assim tipo-encicliopédia, que versava sobre diversos saberes relacionados com algebra e matemática ( tipo:máximo divisor comum, regras de três simples, de três composta e outras)

Na época, os personagens desses livros , lidos e escutados nos serões, com a mesma emoção e ansiedade com que hoje se vê na TV, episódios das telenovelas, eram faladas e comentadas como hoje se fala da Escrava Isaura da Tieta do Agreste, da Maria do Carmo do "Senhora do destino" ou da Gabriela Cravo e Canela.

O personagem OLIVEIROS do livro "Carlos Magno", o "ROLDÃO", grande herói espadachim invencível, e o FERRABRAZ DE ALEXANDRIA, figura de grande força física, que trepava, escalava, dava pancada, enfim, uma espécie de Rambo da altura, eram o motivo de conversa que se espalhava entre todos, que aguardavam com ansiedade a próxima noite para ouvir a continuação da leitura das estórias.

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"Carlos Magno ficou

certo de que ninguém ia,

disse que mesmo queria

ver quem o desafiou

quando a notícia chegou

aos ouvidos de Oliveiros

que soube que os cavaleiros

não tinham lhe obedecido

ficou bastante sentido

desta ação dos companheiros"


Leitura que fosse feita hoje , àmanhã já era contada na hora do almoço aos companheiros de trabalho . O primo Manuel, que tinha ouvido a leitura do Zé Batista, logo a tornava a contar no serão em casa da irmã dele, Maria Gertrudes.

O mais amado entre as personagens dos romances, era o OLIVEIROS, a quem se atribuía grande inteligência, bravura e honestidade. Era um grande estratega, na luta contra os turcos.

Também era muito admirada, a JULIA TORDIÊ, marrequinha, , que em Londres, começando por andar a vender hortaliças e fruta com um carrinho de mão, acabara riquissima ao criar uma espécie de cooperativa,e chegando a gerir uma "frota de 1200 carrinhos de mão. Conseguiu mesmo a dominar o comercio da fruta de Londres. Era umas personagem controversa, que tinha os seus defensores entre os ouvintes, que a achavam boazinha. havendo contudo ,quem a considerasse velhaca e exploradora de quem dela dependesse.

Eram assim os serões do Monte da Ribeira.

Nota:

FERRABRÁS DE ALEXANDRIA




 Xilogravura de 1497 (Roman de Fierabras le Géant).

O texto mais antigo a fazer menção a Ferrabrás de Alexandria, o gigante sarraceno que saqueia Roma, levando as relíquias sagradas do Cristianismo, é uma antiga canção de gesta francesa, Fierabras, composta no século XII (c. 1170), com 6.200 versos alexandrinos. Ferrabrás, que tem impressionantes 4,6 metros de altura, acampado na Espanha com o exército de seu pai, o emir Balan (Almirante Balão na tradução portuguesa), desafia os paladinos de Carlos Magno para um combate singular, mas apenas Olivier de Vienne (Oliveiros), ferido numa batalha e ainda convalescente, aceita o desafio. Carlos Magno havia invadido a Espanha para recuperar as relíquias.


A Historia del Emperador Carlos Magno y de los Doce Pares de Francia, de Nicolás de Piamonte, escrita entre 1521 e 1525, conservou os episódios da batalha com Oliveiros, derrota e conversão ao cristianismo de Ferrabrás. Jerônimo Moreira de Carvalho, físico-mor do Algarve, traduziu esta obra para o português, sob o título História de Carlos Magno e dos Doze Pares de França, publicada em Lisboa, em 1728, com incontáveis reimpressões. Este livro, de capital importância para a cultura popular brasileira, inspiradora das cavalhadas dramáticas, é uma espécie de síntese de toda a matéria carolíngia. Serviu de base também para dois romances de cordel, compostos em décimas setissílabas, A Batalha de Oliveiros com Ferrabrás e A Prisão de Oliveiros, do grande poeta Leandro Gomes de Barros.


Data de 1823 a ópera Fierrabras, de Franz Schubert, baseada em contos sobre a conversão do gigante sarraceno ao cristianismo.