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O CANTE ALENTEJANO
As origens do Cante continuaram a dividir as opiniões, onde era talvez esta a questão mais polémica relacionada com o Cante. Queriam uns que as suas raízes estivessem na fusão das polifonias arcaica e clássica dos séculos XII e XV com influências do chamado « Fabordão » ( sistema popular de improvisação ). Para outros a influência dominante seria o árabe, onde o Alentejo foi a região que mais preservou as influências dessa cultura. De influências árabes ou gregorianas, certo era ser o Cante, nas palavras do Padre António Mourão, a perfeita imagem do Povo Alentejano, no seu quotidiano, durante séculos, e que se manteve viva, em toda a sua beleza sentimental e nostalgica, que embalou a sua gente, a fez trabalhar, cantar, chorar, sofrer, rezar e morrer, numa epopeia bem digna da pena de um povo, ainda que rústico ou épico.
OUTROS CANTES
Para além do Cante, outras formas folclóricas floresceram no grande Alentejo.
Entre elas as mais significativas foram sem dúvidas as saias, as cantigas ao despique e o cante ao baldão.
SAIAS
Implantadas em toda a zona interior do Alto Alentejo, as saias eram ao mesmo tempo um canto e uma dança. De carácter mexido, atrevido, e por vezes mesmo brejeiro, o jeito alegre e descontraído das saias propiciavam um contraste flagrante com a simplicidade austera e melancólica do Cante. Ao contrário deste, exclusivamente polifónico, as saias incluíam uma variedade considerável de instrumentos musicais.
As saias exerceram profunda influência sobre a generalidade de grupos de música popular, mesmo os das zonas do Cante. A confluência das influências destes dois tipos de folclore, , resultou no aparecimento de grupos hibridos, anatemizados por alguns, mas alcançaram bastante sucesso a nível nacional. Um dos exemplos pode ser mesmo a moda de « O Passarinho » lançado pelo Grupo de Cantadores de Portel, e que foi um sucesso de vendas em todo o País, e que nada tem de tradicional.
CANTE AO BALDÃO
O santuário do Cante ao Baldão era sem dúvida nas zonas de serras entre os concelhos de Ourique e Castro Verde. Servido e acompanhado da viola campaniça,
o Cante ao Baldão era também ele uma manifestação musical popular única.
Assistir ao balão , na Feira de Castro, é um dos momentos mais altos da romaria do terceiro fim de semana de Outubro.
É sobre o Baldão que se segue um artigo do José Francico Colaço Guerreiro.