terça-feira, setembro 04, 2012

O BRASIL CONDECORA JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO

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A CASA DAS PRIMAS NUNCA DEIXA DE
ESTAR COM ATENÇÃO AOS ÊXITOS DOS
ALENTEJANOS, NAS MAIS DIVERSAS
ÁREASONDE SE DISTIGUEM.


Brasil condecora historiador português


José António Falcão foi condecorado pelos seus contributos para o conhecimento do fundador do estado brasileiro do Ceará, o capitão-mor Martim Soares Moreno, natural do Alentejo
O historiador de arte José António Falcão foi condecorado com a Medalha Barão de Studart, a mais alta distinção científica e cultural do Ceará (Brasil), pelos seus contributos para o conhecimento do fundador deste estado brasileiro, o capitão-mor Martim Soares Moreno, um alentejano que se tornou numa figura primordial da história do Brasil.

Relance biográfico

José António Falcão, de seu nome completo José António Nunes Mexia Beja da Costa Falcão, nasceu em Lisboa, mas é um alentejano dos quatro costados. Descendente de velhas famílias do Alentejo, está unido por laços de sangue a vultos que marcaram a história nacional. Entre eles cabe referir Diogo Fernandes de Beja (Beja, ? – Chaul, 1551), diplomata e guerreiro na Índia durante a primeira metade do século XVI; João Cidade (Montemor-o-Novo, 1495 – Granada, 1550), o futuro São João de Deus, fundador da Ordem Hospitaleira; e D. Fr. Amador Arraes (Beja, 1530 – Coimbra, 1600), bispo de Portalegre e autor de Diálogos [1589], um clássico da literatura portuguesa.


Aliado dos índios pitiguaras, que habitavam no litoral, o capitão-mor Martim Soares Moreno estabeleceu laços matrimoniais com a célebre índia princesa Iracema, “a virgem dos lábios de mel”, heroína do romance do mesmo nome, publicado por José de Alencar em 1865, um clássico da literatura brasileira.

Separando a lenda da realidade, as investigações do historiador José António Falcão - que dirige desde 1984 o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja - têm permitido olhar, sob uma óptica diferente, a personalidade de Martim Soares Moreno, dentro do seu quadro histórico.

Na sua investigação sobressai um fenómeno ainda pouco estudado, a presença de alentejanos no período da expansão territorial do Brasil, onde desempenharam, nos séculos XVII e XVIII, as mais diversas atividades, como por exemplo funcionários da Coroa, militares, arquitectos, comerciantes, missionários ou simples lavradores. Poucos, no entanto, atingiram o destaque do capitão-mor do Ceará.

José António Falcão tem levado a cabo a inventariação, o restauro e a dinamização das igrejas e da arte sacra do Alentejo meridional. Foi o seu trabalho de levantamento dos arquivos locais - na busca de pistas para esclarecer a existência de monumentos realizados em Portugal por artistas do Brasil (como o santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Messejana, um caso invulgar na nossa arquitectura) - que pôs o investigador no encalce de Martim.

“Afinal, Soares e Moreno são apelidos frequentes na região; quando se ajustam as peças do 'puzzle', tendo por fundo o Alentejo anterior ao Liberalismo, tornam-se perceptíveis as intensas ligações com o Brasil, destino privilegiado para muitos alentejanos de então”, explica o investigador citado num comunicado enviado ao Boas Notícias.

José António Falcão é conservador-chefe de museus e professor universitário. Membro da Academia Nacional de Belas-Artes e da Academia Portuguesa da História, desempenha funções como secretário-geral adjunto de Europae Thesauri, organismo assessor da União Europeia. Tem publicado um vasto conjunto de obras sobre a história e a arte do Alentejo.