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HOJE E AMANHÃ EM EVORA O ALENTEJO
VAI COMEMORAR OS SEUS PATRIMÓNIOS
IMATERIAS DA HUMANIADE.
Festival em Évora "cruza" cante alentejano, chocalhos e arte contemporânea
O cante alentejano e os chocalhos, classificados como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, vão "cruzar-se" com a arte contemporânea e o património de Évora, num festival a realizar hoje e sábado.
A 1.ª edição do ALENTEJO -- Festival Internacional de Artes, promovido pela Companhia de Dança Contemporânea de Évora (CDCE), vai decorrer ao ar livre, em vários espaços públicos da cidade de Évora.
Com uma programação constituída por quatro espetáculos, o festival aposta na difusão e promoção do cante alentejano e da arte dos chocalhos, "dois patrimónios imateriais do Alentejo" classificados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O objetivo, explicou hoje a CDCE, é fomentar "o cruzamento da linguagem do cante e dos chocalhos com outras artes contemporâneas e patrimónios edificados da cidade de Évora".
A ideia, explicou hoje à agência Lusa Rafael Leitão, da CDCE, surgiu na sequência da criação do espetáculo "Terra Chã", que mistura dança contemporânea com o cante e sonetos de Florbela Espanha e que a companhia alentejana tem apresentado, em Portugal e no estrangeiro.
"A receção ao espetáculo e, sobretudo, à questão do cante alentejano" permitiu perceber "o potencial que havia para poder desenvolver outros conteúdos artísticos" em torno "da relação entre o tradicional e o contemporâneo", disse.
E, a esta "fórmula", juntam-se os chocalhos, que "também são um dos patrimónios do Alentejo", acrescentou o organizador, frisando que o resultado é "um cruzamento muito interessante" a nível artístico.
"Dá origem a propostas artísticas também muito interessantes. Estes dois patrimónios do Alentejo são valências da região e são matérias artísticas que têm de ser exportadas, porque são coisas maiores e com um impacto enorme em termos de público", defendeu.
Ao mesmo tempo, ao ligá-las às artes contemporâneas, as duas manifestações identitárias alentejanas também têm a ganhar, frisou Rafael Leitão: "Com o festival, trabalhamos um bocadinho a imagem estática que aparentam ter e, explorando-as com outros conteúdos, podem ter outra reinterpretação e chegar a outro tipo de públicos".
SEXTA FEIRA, (HOJE)
O programa do festival vai arrancar hoje, às 22:00, no Adro da Sé, com o espetáculo "Em Cante", um concerto que junta o pianista e compositor Amílcar Vasques-Dias aos cantadores Pedro Calado e Manuel Caldeira, do Grupo Cantares de Évora.
SÁBADO
No sábado, às 18:30, pelas ruas do centro histórico e Praça do Giraldo, vão desfilar grupos corais dos distritos de Beja e Évora e o Grupo Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, do concelho de Serpa (Beja), na iniciativa "Pela Rua Fora -- Cantares e Chocalhos", baseado no património artístico destas formações.
O projeto Pedro Mestre & Campaniça Trio, constituído por tocadores alentejanos e apostado na preservação e divulgação do "mais genuíno repertório campaniço", bem como em mostrar a "mestria do toque desta peculiar viola de arame", vai atuar às 19:30, na Praça do Sertório.
No encerramento do festival, às 22:00, no Adro da Sé, a CDCE apresenta "Terra Chã", da coreógrafa Nélia Pinheiro, com a participação de diversos bailarinos e do Grupo Coral "Os Ganhões" de Castro Verde.
Para o próximo ano, também em julho, está assegurada a realização da 2.ª edição do ALENTEJO -- Festival Internacional de Artes, que vai ter "uma programação maior" e, além de Évora, vai ter lugar em Beja, Castro Verde, Estremoz, Redondo e Reguengos de Monsaraz, segundo Rafael Leitão.
O evento é cofinanciado pelos programas Alentejo 2020 e Portugal 2020, com fundos comunitários do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), sendo apoiado pela Câmara de Évora.