sexta-feira, outubro 08, 2021

POEMA DE FRANCISCO GALRITO.

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A poesia de FRANCISCO GALRITO

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COM A DEVIDA VÉNIA A

UM GRANDE POETA PO-

PULAR ,O NOSSO BLOG

REPRODUZ UM POEMA DE

FRANCISCO GALRITO


.

(Extraído do Volume III de "A verdade da Poesia)


Um ganhão dos anos 30,

que trabalha no campo

distante do Alentejo,

tem este desabafo:


MOTE


Por eu ser alentejano

já me chamaram ladrão

cousas que eu nunca chamei

a quem me tem roubado o pão


I

O Alentejo é um encanto

muita gente o reconhece

ele a todos oferece

o seu tão doce recanto

mas eu também adianto

muito homem desumano

me olha como um "marrano"

por deles não ser "aluno"

até me chamam gatuno

por eu ser alentejano


II

Alentejano não é vaidoso

é sempre um puro homem

até o pão que muitos comem

ele o produz orgulhoso

Mas eu fico desgostoso

e me sinto em aflição

quando ouço um palavrão

contra o que mais invejo

e por eu ser do alentejo

já me chamaram ladrão


III

Até parece mentira

eu ouvi tantas lôas

ditas por certas pessoas

que me provocam tanta ira

o que essa gente tem em mira

penso às vezes mas não sei

dados pr'a isso não lhes dei

mas querem-me armar a loisa

chamam-me a mim tanta coisa

coisas que eu nunca chamei


IV

Eu sou um trabalhador

que trabalho o ano inteiro

lavro a terra, sou ceifeiro

na Herdade dum senhor

todos os dias o meu suor

fica marcado no chão

nunca tive má acção

mesmo contra os que não amo

nem ladrão eu lhe chamo

a quem me tem roubado o pão


Poema de FRANCISCO GALRITO