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Poemas populares alentejanos
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DÁCIMAS
Terras de grandes barrigas
Onde há muita gente gorda,
à sopa, chama-se açorda,
E à açorda, chamam-lhe migas...
às razões, chamam cantigas;
Molhaduras, são gorjetas;
E em vez de encostas, chapadas;
Em vez de açoites, nalgadas;
E as bolotas são boletas...
Terra mole, é atasquero;
Ir embora, é abalare;
Deitar fora, é aventare;
Fita de coiro, é atero;
Vaso com planta, é cravero;
Carpinteiro, é abegão;
E a choupana, é cabanão;
às hortas chamam hortejos;
Os cestos, são cabanejos;
E ao trigo, chama-se pão!
No resto de Portugal(e)
Ninguém diz palavras tais:
As terras baixas, são vais;
Vestir bem, parece mal(e);
à aveia, chamam cevada;
E ao bofetão, orelhada;
Alcofa grande? é gorpelha;
A ?"balazã" é vermelha;
Broas de mel, é melada!...
Quando um tipo está doente
Logo dizem que está morto;
E a todo o vau, chamam porto;
Chamam gajo, a toda a gente;
Mas ter safões é corrente;
Por acaso, é por adrego;
Ao saco, chamam talego...
E até, nas classes mais finas,
Ser janota, é ser maricas;
Ser beirão, é ser galego!
Os porcos, medem-se às varas;
E o peixe vende-se aos quilos...
E a gente pasma de ouvi-los
usar maneiras tão raras!
Chamam relvas, às searas,
às vezes, não sei porquê?...
E tratam por vomecê
Pessoas a quem venero!...
Não quero, diz-se: Nã quero!
Eu não sei, diz-se: Ê nã sê
Poema de
JOSÉ VASCONCELOS E SÁ