terça-feira, fevereiro 19, 2008

àmanhã há CINEMA ÀS QUARTAS

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Esta semana vamos ter
no Forum Municipal
o filme "SANGUE DE
OURO" de JAFFAR PANAHI




Sangue e Ouro é outro olhar crítico sobre o Irão contemporâneo . . A condição feminina continua a ser objecto de atenção (a personagem da noiva de Hussein, o trágico e patético anti-herói do filme, submissa e conformada com o seu destino e as regras que a condicionam), mas a crítica dirige-se a outros sectores e figuras, dando, no conjunto, a perspectiva de um país «preso».
As imagens do começo, que são retomadas no fim, não podiam ser mais simbólicas: na tentativa de assaltar a joalharia, Hussein acciona o alarme e acaba por ficar preso entre as barras. A única fuga que se lhe depara é a de dispor da própria vida, ao constatar que esta está desfeita depois de ter morto o gerente da loja.
Todo o filme é a descrição de um percurso absurdo e trágico de um homem que lembra a personagem de Berlin Alexanderplatz de Fassbinder, incapaz de se libertar das contingências sociais. O drama de Hussein é que, no fim de contas, ele não busca outra coisa senão o reconhecimento, ser aceite por uma sociedade que defendeu de armas na mão, sendo um ex-combatente da guerra contra o Iraque. Mas seja para onde for que se vire Hussein encontra apenas a indiferença, quando não a comiseração, homem invisível num mundo de acentuada divisão social, de que os sucessivos encontros de Hussein, ou do amigo, transportador de pizzas, são retratos significativos: Hussein e o ex-oficial que o comandara, Hussein em casa do «playboy», a festa vigiada pela polícia que prende os seus intervenientes, etc.
Sangue e Ouro reúne dois nomes importantes do cinema iraniano, pois a Jafar Panahi junta-se o nosso bem mais conhecido Abbas Kiarostami, o realizador do magistral Dez, que assina, aqui, o argumento, que acaba por recordar a estrutura do clássico filme «negro» americano, em particular no destino do anti-herói e na narrativa apresentada como um longo «flash-back» que divide em dois momentos o ponto crucial da acção.


jafar panahi venceu o URSO DE PRATA DO FESTIVAL DE BERLIM 2006