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A sala estava cheia.
Cheia daquelas pessoas que às quintas feiras costumam sentar-se lá em casa, lá no monte, à volta dum aparelho de rádio a ouvir e a participar no Programa "Património".
Sim, a participar, pois é esse o grande objectivo do "Património", estabelecer com os ouvintes uma relação de intimidade que os leve a partilhar com a comunidade os seus pequenas e grandes sonhos, os seus pequenos e grandes talentos para cantar, vercejar, tocar instrumentos ,dizer adivinhas, contar piadas, falar no que lhes vai na alma, enfim.
E tudo isso sob a batuta do apresentador que há 20 anos lhes destrava a língua, lhes liberta o ego, os faz sentir importantes,-o José Francisco Colaço Guerreiro- o "senhor doutor" como carinhosamente lhe chamam. E este tratamento não tem nada a vêr com o grau académico, é mais do que isso, é a matriz que os faz ser íntimos daquela voz que os trata tão especialmente.
No dia da festa anual têm a vantagem de poder juntar à voz, a imagem do seu interlocutor, alguns , pela primeira vez.
A sala estava cheia, sim, e a Festa foi uma vez mais um êxito.
Vários artistas se foram sucedendo no palco do Cine Teatro de Castro Verde, alternando com dois poetas populares, o Manuel Mira e o Mestre Sobreiral, um contador de piadas o Jesuino Coelho, e um tocador de armónio, o Manuel , que preencheram sempre o espaço entre cada actuação dos cantadores.
INTERVENÇÃO DO POETA POPULAR MANUEL MIRA..
..E DE MESTRE SOBREIRAL
A abrir, os CARAPINHAS cantaram com a habitual graça e qualidade as suas modas, recebendo as primeiras ovações da noite.
OS CARAPINHAS ENCANTARAM.
Jesuino Coelho, que tantas quintas feiras participa com as suas piadas no Património, esteve igual a si próprio, e cada vez que se abeirou do microfone para contar a sua anedota, como só ele sabe contar, havia um burburinho na sala, e algumas gargalhadas chegavam mesmo antes dele começar a falar...
JESUINO NA PIADA DOS QUEIJOS
Com a sala conquistada seguiram-se AS CAMPONESAS DE CASTRO VERDE :
AS CAMPONESAS COM A SUA "TRIGUEIRINHA ALENTEJANA"
As Camponesas são da casa, e já atingiram um patamar de qualidade dificil de atingir.
Perante o brilho nos olhos do seu ensaiador Paulo Madureira, atrairam das mais quentes palmas da noite.
Gostei também muito da sua "Toda a bela noite", que bem cantaram.
Um dos momentos mais conseguidos, mais espectaculares da Festa foi sem dúvida o da surpresa bem guardada, que foi a estreia absoluta duma cantora improvável a da surprendente Rosa Ferrão.
Sim, a Rosa Ferrão do Monte da Galeguinha, que todos costumamos ouvir às quintas feiras telefonar para o programa com intervenções divertidissimas.
Desta vez foi a estrela da noite, estrela em toda a acepção da palavra, subiu ao palco e atreveu-se a cantar dum dueto com o cantor Rui Pires.
ROSA FERRÃO NA SUA GRANDE NOITE DE GLÓRIA
Com um surpreendente à vontade, movimentando-se perante os nossos olhos , como se toda a vida tivesse pisado palcos, com belissima voz, notável expressão corporal, uma autêntica força da natureza...
A sala veio abaixo de aplausos bem merecidos.
Actuou também a cantora Maria Alice com o profissionalismo que se lhe conhece , "Os velhos agora já não andam de cajado", "Açorda" e muitas palmas.
Presença significativa teve o Fado na Festa, primeiro pela voz de Maria dos Santos, a fadista redicada em Castro Verde, que trouxe à sala o sentimento e a qualidade da sua voz e a beleza dos fados que cantou:
MARIA DOS SANTOS CANTANDO UM LINDO FADO
Depois,o Fado voltou ao palco, agora na voz de Edgar Baleizão, que nos falou cantado do regresso dos emigrantes à sua terra, das pegas taurinas e do seu ex-libris -"o meu cavalo côr de rosa" :
EXERTO DA ACTUAÇÃO DE EDGAR BALEIZÃO
Uma presença muito acarinhada foi a de Zé Arménio, que assumiu em pleno palco ser um produto da emissora de Castro, agradecendo a cantar a canção que criou para um aniversário da Radio Castrense.
ZÉ ARMÉNIO COM A SUA CRIAÇÃO "PARABÉNS À RADIO CASTRENSE"
E foi em apoteose que o recem formado grupo "Modas à campaniça" subiu ao palco a fechar a Festa.
O Paulo Colaço, o Zé Emidio e o João Paulo encantaram a assistência.
Não sabia da sua existência e fiquei muito entusiasmado com o que vi e ouvi.
MODAS À CAMPANIÇA - O SOM DA VIOLA CAMPANIÇA,AS VOZES ENTOANDO AS MODAS
Muita qualidade na execução técnica da viola campaniça, que bem tocaram e cantaram.
Mas o grupo não se limita a cantar, têm os 3 muito humôr, dominam a técnica de comunicação e estabeleceram com muita facilidade um ambiente bem campaniço. Parecia que estávamos todos sentados lá em casa a conversar e a cantar com eles.
O Paulo Colaço, que tem origem familiar em Castro Verde,não perdeu a oportunidade de assinalar e agradecer o grande trabalho que tem vindo a ser feito pela Cortiçol, pela Rádio Castrense e programa "Património, personalizando o seu agradecimento no apresentador José Francisco, para quem pediu a aclamação da plateia.
Foi ruidosamente atendido.
Para o ano há mais...!!!