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A FEIRA DE CASTRO VISTA
POR UM POETA DE CASTRO
VERDE - ALVES DA COSTA
PAINÉIS DA FEIRA DE CASTRO
Castro amanhece e vai pró rodopio
e envolto em pó, em chuva, ou frio
-É mistério que não descubro...?
Mas, é no terceiro domingo de Outubro..
Música estridente vem do carrocel
mulas,ciganos correm em tropel
cheira a castanhas, a coiro e calçado,
a peros,a figos e a polvo assado..
Surgem na vila mil caras estranhas:
senhoras, meninas,figuras bisonhas
"Ti Manel" Francisco de calça de veludo
e a "Ti Umbelina" que parece um "entrudo"
Lá na corredoura tem barraca armada
"Ti Chico algarvio" que veio de jornada
vende vinho branco, vende medronheira
e canta a despique mais a companheira
Venha cá seu moço, não se faça caro..
Vou já amanhã para a feira de Faro..!
Dê-me cá um beijo, mostre que é machão
Não me erre o alvo no tiro de canhão..
Descascando um pêro, de faca na mão
Diz "Manel" Francisco, vindo de Mourão:
-Vem aqui a "guarda",fica resolvido.
Nada de cortagem e o macho é vendido
Lá vão dois ciganos e um de Baleizão
vão dando chicote num potro lazão.
De peliça ao ombro, guarda chuva ao lado
marchante já velho está com ar cansado
"Moiral" de pelico, vindo por atalhos
está acocorado perto dos chocalhos;-
Dá-lhe pancadinhas, vê se o bronze é bom
Compra três esquilinhas, enche-as pelo "tom"
"Ti Chico Simão", "Ti Manel Henrique"
"Ti Manel Jaquim","Ti Zé Vinagreiro"
Esgotaram o ponto no canto do despique
Vão-se já embora, vão pr'ó Carregueiro
"Ti .Mari.Vitóira" vai mais a sobrinha
Filha da "Gertrudes" que é sua cunhada
Enfeirou um prato mais uma jarrinha
Que vão ser um luxo na "casa d'entrada"..!
Já está desarmando o "Manel" tendeiro
Vai juntando a copa o "Pedro" cigano:
carrinha ,muares, burros de espojeiro,
Acabou a feira. -Voltam para o ano.
Poema de ALVES DA COSTA