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VAI REALIZAR-SE AMANHÃ, DIA 4, PELAS
18,00 H,NA CASA DO ALENTEJO EM LISBOA,
A CERIMÓNIA DE COMEMORAÇÃO DO 30º.
ANIVERSÁRIO DO "LEVANTADOS DO CHÃO"
DE JOSÉ SARAMAGO.
Realiza-se amanhã, quinta-feira, dia 4 de Novembro às 18h, uma sessão comemorativa do 30.º aniversário da primeira edição de Levantado do Chão de José Saramago. O evento terá lugar na Casa do Alentejo em Lisboa, incluindo intervenções de Manuel Gusmão, Pilar del Rio, e Jerónimo de Sousa.
Vamos ter também "AS CANTADEIRAS DA ALMA ALENTEJANA" que representarão, com a qualidade que se lhes reconhece o cante alentejano.
O "Levantados do chão" que foi o primeiro dos livros que li do autor, e que com o "Memorial do Convento" constitui um verdadeiro monumento literário de tal se pode idealizar, é uma obra de grande significado e merecedor de todos os incómeos.
Levantado do Chão foi publicado em 1980, pela Editorial Caminho, e é considerado, pela generalidade dos críticos, como um dos romances fundamentais de José Saramago. O livro ganhou o Prêmio Cidade de Lisboa, em 1980, e o Prêmio Internacional Ennio Flaiano em 1982. O livro chegou a sua oitava edição no ano de 1988.
A obra percorre uma zona do Alentejo caracterizada pelo latifúndio, desde o final do século XIX ao período pós 25 de Abril.
Sinopse
Nesta obra Saramago retrata a luta de um povo face às forças opressoras (os latifundiários, as forças da ordem e a Igreja). Luta obstinada e de muitos sacrifícios, feita sobre um ambiente de miséria rural. É uma fotografia do movimento antifascista no Alentejo, no qual Saramago revela bem as suas opções políticas.
Sobre esta obra escreveu Saramago:
"Um escritor é um homem como os outros: sonha. E o meu sonho foi o de poder dizer deste livro, quando terminasse: Isto é o Alentejo."
Acrescentando numa outra ocasião (publicado no jornal O Tempo em Novembro de 1981):
"Acho que do chão se levanta tudo, até nós nos levantamos. E sendo o livro como é - um livro sobre o Alentejo - e querendo eu contar a situação de uma parte da nossa população, num tempo relativamente dilatado, o que vi foi todo o esforço dessa gente de cujas vidas eu ia tentar falar é no fundo o de alguém que pretende levantar-se. Quer dizer: toda a opressão económica e social que tem caracterizado a vida do Alentejo, a relação entre o latifúndio e quem para ele trabalha, sempre foi - pelo menos do meu ponto de vista - uma relação de opressão. A opressão é, por definição, esmagadora, tende a baixar, a calcar. O movimento que reage a isto é o movimento de levantar: levantar o peso que nos esmaga, que nos domina. Portanto, o livro chama-se Levantado do Chão porque, no fundo, levantam-se os homens do chão, levantam-se as searas, é no chão que semeamos, é nos chão que nascem as árvores e até do chão se pode levantar um livro."