domingo, dezembro 06, 2020

POETAS DE CASTRO VERDE - ALVES DA COSTA.

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Poetas de Castro Verde

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CAMPO BRANCO

(Primavera)


Horizonte largo e sossegado

que a vista percorre sem cansar

sobe e desce qual tapete ondulado

entrecortado por rebanhos a pastar.


Aqui: - um "monte" e a cerca de oliveiras,

uma horta, um poço e algumas laranjeiras.

um atalho de vaca ruminando...

e um bando de abetardas..vai voando...


Empoleirado no bico da oliveira

"grita" todo inchado mestre trigueirão,

-é o seu trinado...é a sua maneira

de fazer a corte...a sua sedução..


Lá mais adiante. - ora vejam bem:

ainda branqueja o que foi moinho...

Nem porta nem mastro, já mais nada tem...

apenas o porte de quem já é velhinho.


Aqui deste lado ,mais para poente

vê-se a mancha escura própria do montado

- é azinho, é sobro, -paisagem diferente,

- é esteva e é urze...tudo misturado.


Naquela "chapada" ouvem-se chocalhos

acabou o dia, vai-se o sol embora...

é um "alavão" vindo por atalhos,

cantam já os "ralos", já chegou a hora


A noite caiu...levantou-se a Lua:

-um cão que latiu, um burro zurrou,

o galo dormiu e o mocho voou...

a vaca pariu...tudo continua...


ALVES DA COSTA

22/10/1997