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Poetas de Castro Verde
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CAMPO BRANCO
(Primavera)
Horizonte largo e sossegado
que a vista percorre sem cansar
sobe e desce qual tapete ondulado
entrecortado por rebanhos a pastar.
Aqui: - um "monte" e a cerca de oliveiras,
uma horta, um poço e algumas laranjeiras.
um atalho de vaca ruminando...
e um bando de abetardas..vai voando...
Empoleirado no bico da oliveira
"grita" todo inchado mestre trigueirão,
-é o seu trinado...é a sua maneira
de fazer a corte...a sua sedução..
Lá mais adiante. - ora vejam bem:
ainda branqueja o que foi moinho...
Nem porta nem mastro, já mais nada tem...
apenas o porte de quem já é velhinho.
Aqui deste lado ,mais para poente
vê-se a mancha escura própria do montado
- é azinho, é sobro, -paisagem diferente,
- é esteva e é urze...tudo misturado.
Naquela "chapada" ouvem-se chocalhos
acabou o dia, vai-se o sol embora...
é um "alavão" vindo por atalhos,
cantam já os "ralos", já chegou a hora
A noite caiu...levantou-se a Lua:
-um cão que latiu, um burro zurrou,
o galo dormiu e o mocho voou...
a vaca pariu...tudo continua...
ALVES DA COSTA
22/10/1997