domingo, dezembro 20, 2020

POETISAS ALENTEJANAS - ROSA DIAS

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poetisas alentejanas - ROSA DIAS

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Assim já cantei um dia

Pois no Alentejo nasci

Ali amei e sofri

E ao meu povo eu entendia

Pastel de grão é azevia

Massa frita é brinhol

Piolho cata-se ao sol

À lenha chamam molheta

O zangado diz punheta

Sapateiro usa serol


A frigideira é sartém

Uma tigela plangana

Mulher de graça é magana

Falar mal é coisa vã

Cama de molas divã

E quem dança está balhando

Chover pouco é muginando

A gasosa é um pirulito

Qualquer cão é um canito

Chorar baixo é chomingando


Ao leite chamam-lhe lête

Um bacio é um penico

Um desmaio é um fanico

Um canteiro é alegrete

O soutien é um colete

Do pão dur(o) fazem-se migas

São saias quaisquer cantigas

Grão cozido é gravançada

Qualquer pessoa é coitada

E as amantes são amigas


Emprestar é repassar

Mentiroso é trapacêro

Amolador é um gatêro

Ir a mondar é escardar

Chatear é amolar

Do pobre diz-se infeliz

A igreja é uma matriz

Cafeteira é choclatêra

Coisa torta é pernêra

E é o povo que assim diz


Um barril é um porrão

E a garagem é cochêra

Chouriço preto é cacholêra

Preguiçoso é lazerão

Homem do campo é ganhão

Chama-se fosso a um val

Almofariz é um gral

Sopas frias é gaspacho

Viver bem é ter um tacho

E assim fala Portugal


Autora da letra: Rosa Dias (poeta popular de Campo Maior).

Música: fado corrido.