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EM CASTRO, À QUARTAS
HÁ CINEMA DE QUALIDADE.
DESTA VEZ:
Zwartboek - Livro Negro **
Realização: Paul Verhoeven. Elenco: Carice van Houten, Halina Reijn, Thom Hoffman, Jochum ten Haaf, Peter Blok, Derek DeLint, Sebastian Koch, Christian Berkel, Waldemar Kobus, Dolf DeVries, Michiel Huisman, Ronald Armbrust. Nacionalidade: Holanda / Bélgica / Reino Unido / Alemanha, 2006.
Duas mulheres encontram-se num kibutz em Israel em 1956, a partir daí um longo flashback conduz-nos ao passado de uma delas, Rachel Stein (Carice van Houten), uma cantora judia que, no final da Segunda Guerra Mundial, se encontra refugiada na casa de uma família cristã da Holanda rural. Depois da destruição do seu esconderijo e sem família, ela acaba por se juntar a uma célula da resistência holandesa comandada por Gerben Kuipers (Derek de Lint, que a minha retina guardou da série televisiva “China Beach”). Aí, disfarçando-se de loura ariana, ela assume a identidade Ellis de Vries e, seduzindo o oficial alemão Ludwig Müntze (Sebastian Koch, “Das Leben der Anderen”), consegue infiltrar-se no seu escritório e obter informações para os seus companheiros. Fora dos seus planos estava, no entanto, o amor.
O realizador de “RoboCop” (1987), “Total Recall” (1990), “Basic Instinct” (1992), “Showgirls” (1995) e “Starship Troopers” (1997), regressa às raízes holandesas com “Zwartboek”, um filme inspirado em eventos reais que se debruça sobre o vasto limbo de nuances morais que, por via da guerra, se estende entre as definições de bem e mal (um exemplo disso é o do advogado Wim Smaal (Dolf DeVries) que negoceia com os nazis pela libertação de prisioneiros da resistência).
Misturando o político e o pessoal, no longo trabalho dos co-argumentistas Verhoeven e Gerard Soeteman, testam-se amizades e lealdades face a interesses pessoais e ao instinto de sobrevivência. O bem e o mal mostram-se exteriores aos actos, que podem ser ambas as coisas dependendo de quem os vê e desde que lugar. Neste jogo duplo, o sexo é usado como moeda de troca e como forma de poder.