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O ALENTEJO É O ESPAÇO DA POESIA
POPULAR POR EXCELÊNCIA.
JÁ AQUI AFIRMEI ,QUE NÃO CONHE-
ÇO UM ÚNICO ALENTEJANO QUE
NALGUM MOMENTO NÃO TENHA RA-
BISCADO NUM QUALQUER PAPEPILTO
UMA QUADRA, UMA DÉCIMA, MESMO
ATÉ UM SONETO.
HOJE O NOSSO BLOGUE LEMBRA UM
GRANDE POETA DE SANTA BÁBARA
DE PADRÕES - O ANTÓNIO MARIA
COELHO
António Maria Coelho nasceu em Santa Barbara dos Padrões, em 20 de Janeiro de 1920 no concelho de Castro Verde, mas desde muito novo foi com a familia viver para Corte Vicente Anes,era filho de Maria Matilde Antónia e de Manuel Joaquim Coelho. Sendo o mais Velho de cinco irmãos, cedo se viu obrigado a ganhar o sustento para a famila com a morte do pai.
Trabalhou nas minas de Aljustrel onde sofreu varios acidentes que o debilitaram fisicamente para o resto da vida.
Passando por muitas dificuldades como conta no seu livro, ( Teve que se valer das suas habilidades, e amanhar bicicletas de pedal e a motor, tachos de esmalte, soldava gasómetros punha varetas nas sombrinhas e outras coisas mais, para além de vender as suas quadras em folhetos ao mesmo tempo que vendia cautelas de terra em terra.)
Do poeta lembro este poema;
Os alegres passarinhos
na primavera florida
ouvem-se às vezes cantar
as mágoas da sua vida
Ao romper da madrugada
já se ouvem cantando
muitas vezes lamentando
a sua sorte desgraçada
sua linda voz trinada
em cima dos raminhos
à beira dos caminhos
em manhãs de frieza
dão uma imensa tristeza
os alegres passarinhos
Mas lá se ouve um pastor
a cantar num lindo prado
atrás do seu gado
que trata com amor
o passarinho encantador
canta sempre em seguida
aquela voz retenida
entre o musgo entre penas
naquelas manhãs serenas
na Primavera florida
Mas é um cantar diferente
quem canta de paixão
faz comover o coração
às vezes a muita gente
aquele cantar docemente
em noites de luar
até nos faz acordar
quem dormir ao ar puro
em certas noites de escuro
ouvem-se às vezes cantar
Ao romper da bela aurora
ouve-se grande chilreada
da linda passarada
pelos campos fora
depois vem uma hora
sua voz é mais sentida
sem casa nem guarida
levam a hora espiando
parece que estão chorando
as mágoas da sua vida
ANTÓNIO MARIA COELHO