domingo, novembro 13, 2011

NOITE DE MAGUSTO NO MUSEU DA RURALIDADE, em ENTRADAS

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O MUSEU DA RURALIDADE EM ENTRADAS
TEM VINDO A TRANSFORMAR AS NOITES
DE SEXTA FEIRA, DA SIMPÁTICA LOCA-
LIDADE ,EM SERÕES DE FESTA, EM LO-
CAL DE ENCONTRO DOS SEUS HABITAN-
TES ,AFINAL A RECREAREM AS NOITES
EM FAMILIA À VOLTA DO FOGO NOS
VELHOS MONTES DO ALENTEJO.



Sempre ouvi relatos de amigos mais antigos e conhecedores dos hábitos desta região, que os serões nos montes, em familia e amigos, à volta da lareira, eram muito divertidos, ricos de afectos, de estórias, de adivinhas, de cantares, de poesia popular.

Foi aliás com tal informação que em tempos contruí um poema que então publiquei nos primórdios da Casa das Primas:

MONTE DA RIBEIRA SEUS SERÕES

A estória que vou Contar,
Vem cheia de recordações,
leva-nos todos a lembrar
do Alentejo os seus serões
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À beira daquelas brasas,
todos juntos à lareira,
comendo chouriço e favas,
lá no Monte da Ribeira.
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Os irmãos todos reunidos,
Contavam estórias d.encantar
faziam-se queijos, também enchidos,
adivinhas, renda e às s cartas jogar.
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"Princesa d.Austria", sua linda estória.
"A totinegra do Moinho"
Muitos contos de memória,
contava ti Chico Paulino.
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"Carlos Magno" contava o Zé,
o tio Branco, contos sem rima,
"Os dois Castelos","Cabra cabrez"
dizia então o Ti Jesuína
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Vinham amigos de longe e de perto,
do PArdieiro, do Forno da Cal,
também do Testa, dos Porteirinhos,
Ti Chico da Mina, qu.era o moiral.
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Aqui fica para a história,
do Alentejo , o seus serões,
Que não nos sáia da memória,
pr.alegrar nossos corações


Foi pois a memória destes serões familiares que o Museu da Ruralidade, veio recriar em Entradas, na forma de serões, na chamada "taberna" do Museu. Às 6ª.feiras à noite, realiza ensaios de cante dos grupos corais, abertos ao público, que assim não só fica a conhecer o repertório de cada coral, e perceber como decorre todo o processo de aprendizagem de uma moda, como tem a oportunidade de conviver ,trocar ideias, dar opiniões, e até cantarolar as modas que vai ouvindo e recordando.

Pois bem, serve tudo isto para enquadrar uma pequena crónica sobre a realização, na ultima sexta feira de mais um desses ensaios, desta vez , em simultâneeo com a comemoração do São Martinho, com o Magusto as castanhas e a água pé, servidos em bancadas montadas no terreiro em frente do Museu.




Na "taberna" a abarrotar, estiveram as PAPOILAS DO CORVO e seu ensaiador PEDRO MESTRE, que ao longo duma noite que ficará na memória, nos deliciaram com a sua arte, carregada de ALENTEJO.



Como disse a "taberna" estava cheia e o que é mais curioso é que a maioria era constituída pelas mulheres de Entradas, sinal dos tempos, pois todos nos recordamos que noutras eras , só os homens frequentavam "aqueles" locais





Sob a batuta de Pedro Mestre, e o olhar atento da sala, as Papoilas do Corvo entoaram as suas modas



não sem que antes o Pedro, fosse explicando a todos ,não só o tipo de modas e cantigas, como as técnicas de cante.




mas as imagens e os sons dizem mais que as palavras, deixemo-las expressar-se


e assim continuou noite dentro






enquanto as forças e as vozes aguentaram


E pronto, foi mais uma noite de Alentejo ma "taberna" do Museu da Ruralidade, que vai continuar a ser o local de serões das sextas feiras fantásticas, da familia de Entradas.
Dia 18 o serão vai ser com as Camponesas de Castro Verde, dia 25 é a vez dos Ganhões de Castro Verde, depois muitos mais virão, e decerto enriquecerão as noites de Entradas.

Uma referência especial a Miguel Rego ,e à forma como vai vivificando as actividades do Museu.