terça-feira, julho 17, 2007

crónica de "UMA NOITE AO RELENTO" em Castro Verde

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A maior parte das vezes tenho aqui referido e comentado os eventos a acontecer e acontecidos em Castro Verde, de longe, e por interpostas pessoas.
Desta feita tive o privilégio de assistir ao vivo na noite quente de 13 de Julho, às chamadas "Noites ao relento" na Praça da Republica no centro da Vila.
Foi uma impressão boa, prazeirosa, e uma sensação de ligação a um local, de pertença a uma comunidade.Actuaram so vivo para uma Praça da Republica bem composta: "As Camponesas de Castro Verde" e o os "Alentejanos"de Serpa.



OS ALENTEJANOS, DE SERPA

Já vou estando habituado a assistir à qualidade do cante das Camponesas, que vi e ouvi ainda há bem pouco tempo, aquando da Semana de Almodovar no Municipio de Almada.
Cantaram tão bem como então.


AS "CAMPONESAS" ACTUANDO NA PRAÇA DA REPUBLICA

Entre outras modas cantaram:


ROSA BRANCA, DESMAIADA

Rosa branca, desmaiada,
onde deixastes o cheiro?

Deixei-o no teu quintal
à sombra do limoeiro.

À sombra do limoeiro.
já devia ser regada.

Onde deixastes o cheiro,
Rosa branca, desmaiada?

Muito aplaudidas cederam o lugar no palco aos "ALENTEJANOS" de Serpa.

O grupo que com muito boa disposição, cedo estabeleceu um clima de grande empatia com a "plateia" da Praça da Republica

Elogiaram as "Camponesas" e manifestaram grande gosto em transformar as modas que iam interpretar num imagiário bouquet de flores para oferecer às cantadeiras de Castro. Foi bonito e muito elegante.

E interpretaram:

Aurora tem um menino tão pequenino, o pai quem será?
É do Chico da Amieira, foi p'ra Figueira, quando virá?
Aurora tem um menino tão pequenino, já usa boné.
Não chores Aurora, não chores,
Que o pai do menino já sabem que é!
A roupa do marinheiro, não é lavada no rio,
É lavada no mar alto, à sombra do seu navio.
À sombra do seu navio, à sombra do seu vapor,
Não é lavada no rio, a roupa do meu amor.
Ai de mim tanta laranja, tanta silva tanta amora,
Tanta menina bonita, e eu sem ter nenhuma agora.
E eu sem ter nenhuma agora, minha mãe filhas não tem,
Ai de mim tanta laranja que esta laranjeira tem.
Vai-te embora meu benzinho, que a minha mãe não está cá,
Se ela viesse e nos visse, ó que dirá, que dirá.
Ó que dirá, que dirá, não tem nada que dizer,
Semos duas criancinhas, cá nos querem receber.
Água leva o regador, água leva o regadinho,
Enquanto rega e não rega, lavo eu ó meu benzinho.
Lavo eu ó meu benzinho, lavo eu ó meu amor,
Água leva o regadinho, água leva o regador.
Ó Clementina, vem à janela,
Ver o teu amor, ai, ai, ai,
Que ele vai p´ra guerra,
Se ele vai p´ra guerra, deixá-lo ir,
Ele é rapaz novo, ai, ai, ai,
Ele torna a vir
Ribeira vai cheia e o barco não anda,
Tenho o meu amor lá daquela banda.
Lá daquela banda, das bandas d´além,
Ribeira vai cheia, meu amor não vem.
Eu ouvi um passarinho, às quatro da madrugada,
Cantando lindas cantigas, à porta da sua amada.
Por ouvir cantar tão belo, a sua amada chorou.
Às quatro da madrugada, o passarinho cantou.
Ai meu amor, quem te disse a ti
Que a flor do monte era o alecrim?


Voltaram a elogiar as gentes de Castro, convidando todos a cantar com eles.
Dedilhando as guitarras conseguiram pôr a praça a cantar:

Oh rama ó que linda rama

RAMA, Ó QUE LINDA RAMA

Eu gosto muito de ouvir
Cantar a quem aprendeu
Se houvera quem me ensinara
Quem aprendia era eu.

Ó rama, ó que linda rama
Ó rama da oliveira
E meu par é o mais lindo
Que anda aqui na roda intera.

Que anda aqui na roda inteira
A qui e em qualauer lugar
Ó rama, ó que linda rama
Ó rama do olival.


Não invejo quem tem
Carros parelhas e montes
Só me invejo de quem bebe
A água em todas as fontes.

Antes de iniciarem a ultima série de modas, lamentaram que as novas formas de trabalhar a terra, tenham vindo a extinguir postos de trabalho e que cada vez hajam menos trabalhadores rurais em tarefas tradicionais das mondas , das ceifas, do pastoreio, enfim:

"Qualquer dia já só nos
apresentamos como manequins,
fardados de alentejanos"


Muito aplaudidos espalharam a sua magia com:

"Venha o copo, venha a pinga/venha mais meia canada/e sem o copo eu não bebo/sem a pinga não vai nada"

e logo depois:

Ó MENINA FLORENTINA

Suspirava por te ver
Já matei a saudade
Muito custa, numa ausência
Para quem ame na verdade

Ó menina Florentina
És a mulher que em meu peito domina:
Seu amante,
Delirante,
Da viagem chegou neste instante!
Já cá está o tiro-liro-liro
Já cá está o tiro-liro-liro, lé
Já cá está o tiro-liro-liro, ló
Já cá está o tiro-liro-liro, meu amor,
Tiro-liro-liro, abre a porta
Óh, branca flor!

Anda cá para os meus braços
Se tua vida queres ter
Os meus braços dão saúde
A quem está para morrer


Foi uma noite muito agradável, um verdadeiro bálsamo a culminar um dia em que a temperatura do ar chegou a atingir os 41 graus.

No dia 20 teremos mais uma edição de "noites ao relente" com a Companhia de Teatro ao Largo