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ONTEM TIVÉMOS EM CASTRO VERDE
O "TEATRO AO LARGO" COM A
PEÇA "FAUSTO"
Não conhecia esta Companhia de Vola Nova de Mil Fontes, e devo dizer que me fascinaram.
Excelente cenografia, uma belissima direcção de actores e interpretações seguras.
A cena final da entrada de Fausto no inferno é das mais conseguidas que tenho visto, e já assisti a várias encenações do tema.
O palco foi montado junto esbelecendo com a vila uma relação de proximidade que ajudou à adesão emocional do público em bom número.
Teatro ao Largo apresentou "Doutor Fausto" uma nova interpretação da "Trágica História do Doutor Fausto" (1616) de Christopher Marlowe, encenada por Stephen Johnston.
A dramatização de Marlowe, da história do homem que vendeu a alma ao diabo em troca da realização de todos os seus desejos durante 20 anos, não é tão bem conhecida como a versão de Goethe, mas é claramente obra de um mestre de teatro. A poesia é frequentemente sublime e a peça tem uma grande riqueza de ideias. A sua importância reside na personagem de Fausto, mas por trás desta personagem está a personalidade do autor - o dissoluto, perigoso, mas muito talentoso Marlowe.
Circo Primitivo
Estudos contemporâneos dos tempos de Marlowe e Shakespeare contam de companhias de teatro itinerantes que costumavam esgueirar-se furtivamente em vilas atacadas pela peste na Inglaterra, actuar, e desaparecer discretamente, com um passo à frente das autoridades - um mundo escuro de criminalidade, circo rasca e violência latente. Foi esta imagem vívida que providenciou a inspiração inicial para a concepção do espectáculo.
"Um bando de feirantes e saltimbancos, liderados por um actor obsessivo, representam a obra de Marlowe no largo da vila, saboreando com enorme prazer uma sucessão de imagens primitivas e grosseiras - os diabos maquiavélicos, a tenebrosa e flamejante "Boca do Inferno", o atormentado Fausto nas mãos de Mefistófeles. No entanto, dentro deste quadro brutal podemos ver o desenrolar da triste história de cada Homem na luta sem êxito para reconciliar as necessidades do corpo e as da alma. É de facto a delicada poesia de Marlowe e a mordacidade das suas questões subtis que brilham atravês deste mundo primitivo e que lhe dá sentido e dignidade."
IMAGEM DE "FAUSTO" A SER REPRESENTADA ALI MESMO NO CENTRO DE CASTRO VERDE