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NO ENTRUDANÇAS,TAMBÉM HOUVE,
COMO NÃO PODIA DEIXAR DE
HAVER, VIOLAS CAMPANIÇAS..
A viola campaniça é um instrumento fundamental da tradição musical desta região alentejana, e o que faz a diferença com as demais, na estrutura, na forma, no timbre.
Na Praça Zeca Afonso, en Entradas, numa das tendinhas aí instaladas para o
Entrudanças, lá estava a das violas campaniças do Pedro Mestre.
A viola campaniça, cujo nome vem da sua origem, a zona do Campo Branco - Baixo Alentejo, é uma variante da viola barroca, a viola popular portuguesa, com cinco cordas duplas e um timbre diferente e caracteristico.
Por volta dos anos 90, e constatando que os poucos tocadores da Campaniça, estavam já em idade muito avançada, como eram os casos dos virtuosos Manuel Bento (da Funcheira) e Francisco António (de Ourique Gare), sem se vislumbrar ninguém que pudesse garantir a continuidade da arte, surgiu uma instituição, a Cortiçol - Cooperativa de Informaão e Cultura de Castro Verde, que meteu mãos à obra na tarefa de fomentar o ensino da viola campaniça, proporcionando ao então jovem de 12 anos, Pedro Mestre a aprendizagem com o Mestre Francisco António (também conhecido por Chico Bailão), tornando-se desde então num grande e virtuoso tocador.
A sua dedicação à Campaniça, leva-o , pouco depois a interessar-se pela sua construção, que aprende com o Mestre Amilcar Silva, culminando com a criação de sua própria oficina.
Naquela tarde em Entradas, quando me viu chegar à Praça Zeca Afonso, chamou-me e convidou-me a visitar a sua tendinha, e pegando nas ferramentas, logo ai exemplificou como se constrói uma viola campaniça, entregando-se com evidente gozo a essa tarefa.
que fui registando com alguma emoção.
No dia seguinte, segundo dia do Entrudanças, voltei à tenda, e quando lá cheguei e tive a sorte e o privilégio de assistir fascinado a uma demonstração expontânea , daquilo que acontece quando amigos alentejanos se encontram. Forma-se uma roda de amigos, toca-se e canta-se.
O Pedro Mestre de viola em riste lá estava cantando enquanto tocava e dançava numa roda com seus amigos, onde se incluía toda a gente...
Foram momentos muito altos das Entrudanças, pela sua autenticidade, valôr humano e artistico, que tive a ventura de poder captar para o nosso blogue.