terça-feira, janeiro 12, 2010

AMANHÃ, DIA 13, HÁ "CINEMA ÀS QUARTAS" em CASTRO VERDE

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PROSSEGUEM AS PROJEÇÕES DO DOCLIS2009
NO FORM MUNICIPAL DE CASTRO VERDE COM
O FILME "ACÁCIO" DE MARILIA ROCHA.

Passa no Forum Municipal
Às 21,30



Entre 1918 e 2008, Acácio Videira dividiu a vida em três continentes. Nascido em Portugal, ele e sua esposa, Maria da Conceição, abandonaram a terra natal para se casar secretamente em Angola. Trinta anos depois, migraram para o Brasil fugindo da Guerra de Independência. A partir da história do casal, o documentário conecta os três países e relaciona povos, cultura, espaços e tempos distintos

Acácio, de Marília Rocha, é marcado pela memória, a fonte: Lumière.
Acácio, artista português migrado para o Brasil, com uma longa passagem por Angola: filmes e fotografias encantados com a exuberância das manifestações do mundo, como as viagens etnográficas (mas também turísticas) de Major Thomaz Reis. Por isso mesmo, Marília adota um protocolo pouco variante para filmar as conversas com a personagem e sua esposa, conferindo igual atenção a possíveis gracejos, lembranças e estórias que podem vir a surgir nesses encontros.

Surge aí um interesse em historicizar a trajetória particular das personagens, como se Marília buscasse em Acácio e Conceição uma vereda (à João César Monteiro) pessoal que é ignorada dentro da configuração histórica do país. "Vocês brasileiros não têm muito o que contar", diz Conceição em uma de suas lembranças. Como qualquer imagem, aquelas produzidas por Acácio ao longo da vida dizem tanto sobre ele quanto sobre os espaços históricos (países, de fato) por onde ele passou. Não basta, a Marília, organizar ou sequer comentar as imagens feitas por Acácio; é preciso dar voz aos fantasmas, sem misturar a imagem da organização (as entrevistas) com as imagens comentadas.

Esse recurso é, muitas vezes, revelador: quando comentam um primeiro grupo de fotografias, Conceição debruça-se avidamente sobre as imagens, enquanto Acácio as observa de braços cruzados, recostado na cadeira. Por meio de um jogo de ordenação (em dado momento vemos as imagens antes dos comentários; em outro, os comentários precedem as imagens), Marília Rocha vai demonstrando aquilo que só é sintetizado no rolo encontrado ao final do filme: a força bruta das imagens como expressão artística, que é autônoma, independente de seu autor. A operação que sustenta Acácio, o filme, é sintetizada numa ação de Acácio, a personagem: resgatar objetos artísticos do passado para, no presente, repintá-los com uma camada de novidade.

QUEM É MARILIA ROCHA?

Marília Rocha vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É formada em Comunicação e Artes pela PUC-Minas e mestre em Comunicação Social pela UFMG. Realizou filmes que foram exibidos em alguns dos principais festivais e mostras de cinema no mundo, como Rotterdam International Film Festival, MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, Melbourne International Film Festival, Karlovy Vary IFF, Guadalajara International Film Festival, É Tudo Verdade, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival do Rio, entre outros. Aboio, seu primeiro longa-metragem recebeu o prêmio de melhor filme brasileiro no 10º É Tudo Verdade (Brasil). Atualmente ela está lançando Acácio, seu segundo longa.