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É DIA DE CINEMA ALTERNATIVO
EM, CASTRO VERDE, HOJE,NO
"CINEMA ÀS QUARTAS" VAMOS
VÊR O FILME DE
Título: Tempos de Verão Título Original:
L'Heure d'été
País:
França Ano: 2008
Duração: 103m
Realizador:: Olivier Assayas
Interpretação: Juliet Binoche, Charles Berling , Edith Scob , Jérémie Renier
Argumento Olivier Assayas
Sinopse
É Verão. Na casa familiar de campo, Frédéric, Adrienne, Jérémie e as crianças festejam os 75 anos da sua mãe, Hélène Berthier, que toda a sua vida preservou a obra do seu tio, o pintor Paul Berthier. Uns meses mais tarde, com o desaparecimento repentino de Hélène, eles serão obrigados a confrontarem-se com os objectos obscuros do passado. Esta família, aparentemente tão feliz, conseguirá manter-se unida?
Sou de um tempo em que o cinema francês (e também o italiano) tinham um peso grande na cinematografia mundial.
Bons e belos filmes recordo com saudade do cinema gaulês.
Será que existe — isto é, que continua a existir — um cinema francês que não tenha perdido o contacto com o seu imenso património romanesco, eventualmente romântico, alicerçado nas filmografias exemplares de autores como Jean Renoir (1894-1979) ou Max Ophuls (1902-1957)
Hoje vale a pena ir ao Foum Municipal de Castro Verde, porque, se dúvidas houvesse, o belíssimo filme de Olivier Assayas, "Tempos de Verão" ("L'Heure d'Été" no original), bastaria para as dissipar. Eis-nos perante um princípio fundamental desse romanesco: o de manter uma atenção obsessiva às convulsões afectivas, nomeadamente familiares, sem perder de vista uma dimensão realista de retrato social.
O pressuposto central de "Tempos de Verão" passa pela curta existência (enquanto presença física) da personagem da mãe, interpretada por Edith Scob. Assim, depois de uma cena de abertura em que a conhecemos, acompanhada dos seus três filhos (Charles Berling, Juliette Binoche e Jérémie Renier), o filme confronta-nos com uma elipse desconcertante — na cena seguinte, a mãe morreu e os filhos começam a ter que lidar com a sua herança, de uma só vez financeira e emocional.
Na prática, aquilo que interessa Assayas pouco ou nada tem a ver com as "peripécias" da história, entendidas como episódios mais ou menos anedóticos da vida de cada um (não há, aqui, nada de telenovelesco). Trata-se de filmar as paisagens sentimentais onde terá lugar o bizarro processo de revelação — individual e familiar — que a morte instala. Dito de outro modo: "Tempos de Verão" é um filme sobre o metódico, por vezes cruel, mas sempre sereno, trabalho de luto.
Na trajectória criativa de Assayas, este é também um regresso ao fulgor de alguns dos seus primeiros filmes, incluindo "Désordre" (1986) e "L'Enfant de l'Hiver" (1989). Depois de uma passagem pouco feliz por um cinema banalmente "americanizado" — lembremos o caso desastroso de "Demonlover" (2002) —, Assayas está exactamente com as suas personagens principais: empreendeu um salutar regresso às origens.