COM A AUTORIZAÇÃO DA AUTORA
MARGARIDA LOPES, DE MERTOLA
O NOSSO BLOGUE TEM O PRIVI-
LÉGIO DE PUBLICAR O POEMA:
Quadras a mote "Põe mais achas na fogueira"
"A Ceifeira
Põe mais achas na fogueira
Era assim o meu serão
De inverno ao pé da lareira,
Na rua em noites de verão
Minha avó me encantava
Com o conto da ceifeira
Era uma vez...começava
Põe mais achas na fogueira
Era uma vez um País
Onde havia uma ceifeira
Tinha um ar tão infeliz
Põe mais achas na fogueira
É historia de antigamente
Põe mais achas na fogueira
Tinha um sonho diferente
Não queria ser ceifeira
Não é conto de encantar
É história bem verdadeira
É ceifeira a soluçar
Põe mais achas na fogueira
E quando a aurora raiava
Põe mais achas na fogueira
Ceifando o trigo, chorava
Sonhava ser costureira
Trajava de pura chita
Põe mais achas na fogueira
De seu nome Marianita
Com olhar de feiticeira
Ceifando e atando em molho
Com dotes de cantadeira
Para trás deixa restolho
Põe mais achas na fogueira
Manuel tinha paixão
Por essa moça trigueira
Mas vê nela solidão
Põe mais achas na fogueira
Por ela se enamorou
E em ar de brincadeira
Para o cante a incitou
Põe mais achas na fogueira
Tu não queres ser ceifeira
Não tens essa obrigação
Põe mais achas na fogueira
Quero pedir tua mão
Marianita vem comigo
Minha mãe é costureira
Eu quero casar contigo
Põe mais achas na fogueira
Já não chora a Marianita
Já trabalha, é costureira
Já faz vestidos de chita
Põe mais achas na fogueira
E eu ouvia embevecida
Esta história de primeira
Memórias de uma vida
Põe mais achas na fogueira
Põe mais achas na fogueira
Já terminou o serão
Marianita é costureira
Manuel têm-lhe paixão "
Margarida Lopes
