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Reencontro no Monte da Ribeira
Quarenta e dois graus registava o termómetro do carro, na hora em que chegámos ao Monte da Ribeira.
E essas temperatura do ar estendeu-se ao ambiente de fraternidade criado entre todos nós, juntos em mais uma visita à "casa-mãe", lá, onde tudo começou.
Irmãos estavam cinco. Ao anfitrião António, juntaram-se a Ana, a Alice, a Lena e o Zé Batista.
Ali, na casa onde tantas traquinices protagonizaram, tantas partidas pregaram, tantas "estórias" ouviram e contaram, tantos afectos trocaram, o pretexto foi o almoço, o resultado - uma tarde de memórias, o desfilar de recordações, o lembrar sentido daqueles que por cá passaram e já nos deixaram.
Neste exercício de recordar, participaram também a Maria Rita e o João, que de França vieram rever os seus, reavivar as suas memórias, as próprias e as comuns com os da casa.
À mesa , recordaram-se as noites do Monte, os jogos e as brincadeiras com que se preenchiam os serões dum tempo ainda sem televisão.
Já aqui referi em escritos anteriores, as sessões de leitura, ou , de estórias contadas de viva voz. Agora , recordámos as do Tio Branco, que tão bem prendia a atenção de todos com o "Cavalinho de Pau","A Princesa d'Austria",ou as do Avô Luis, mestre da palavra com a "Princesa Magalona", "O touro Azul" e "Rosa do Adro".e ainda "A raposa e o ouriço", contada pelo Tio António Jesuína.
Além dos contos, como lembrou a Ana, havia o "jogo do 31", o "jogo dos disparates", e o chamado jogo do "Estou pensando".
Para o "Jogo dos disparates", existia um livro com uma série de perguntas numeradas de 1 a 31, a que correspondiam, também numeradas de 1 a 31, respostas de acordo com a sequência numérica escolhida.
A pessoa que por sorteio ficava na posse do "livro", lia as questões, como por exemplo:
..n.3 - COM QUEM QUER CASAR?
ou
..nº6 - COM QUEM VAI JANTAR?
A que corresponderia, de acordo com o número escolhido, respostas do tipo:
- COM UM BURRO
ou
- COM UM CÃO
- COM UM CAMÊLO
e aí por diante.
No outro jogo, o chamado "Estou pensando", um jogador tentava adivinhar em que pessoa o outro jogador estaria a pensar, através de perguntas a ele dirigidas, tais como?
- HOMEM OU MULHER?
- CASADO OU SOLTEIRO?
- QUANTOS FILHOS TEM?
e acabavam por levar à descoberta.
Como se tratava quase sempre de pessoas da terra, ou arredores, que todos mais ou menos conheciam, não era dificil encontrar a solução. Por outro lado, acabava-se de , por vezes, se descobrir factos novos, segredos até, ligados à personagem que se tentava descobrir.
Não só o pessoal da casa se divertia com estes jogos aos serões, mas também vizinhos e amigos dos montes próximos, que frequentemente apareciam e participavam. Foram recordados a Judite, o Manuel Francisco, a Maria Deolinda, o António Luis e muitos outros.
Às tantas, apercebi-me que começava a sentir uma pontinha de inveja de não ter tido o privilégio de ter vivido aqueles tempos mágicos, naquele envolvente ambiente de pertença
BLOGUE que canta, escreve e mostra o Alentejo. Nasceu entre alentejanos da região de Castro Verde e Almodôvar . MADRINHA DE HONRA DO BLOGUE: TIA MARIA BÁRBARA MARQUES
quarta-feira, agosto 31, 2005
domingo, agosto 28, 2005
letras de modas alentejanas
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BALEISÃO
Se Baleisão fosse meu
Como eu tinha na vontade
Fazia de Beja aldeia
De Baleisão, cidade
Ó Baleisão, Baleisão,
Ó terra baleisoeira,
Eu hei-de ir pra lá morar,
Queira o teu pai ou não queira!
Queira o teu pai ou não queira,
Queira a tua mãe ou não,
Ó terra baleisoeira,
Ó Baleisão, Baleisão!
Em terra de Baleisão,
Morreu uma camponesa.
Só por querer ganhar o pão,
Para os filhos, que tristeza!
Ó Baleisão, Baleisão,
Ó terra baleisoeira,
BALEISÃO
Se Baleisão fosse meu
Como eu tinha na vontade
Fazia de Beja aldeia
De Baleisão, cidade
Ó Baleisão, Baleisão,
Ó terra baleisoeira,
Eu hei-de ir pra lá morar,
Queira o teu pai ou não queira!
Queira o teu pai ou não queira,
Queira a tua mãe ou não,
Ó terra baleisoeira,
Ó Baleisão, Baleisão!
Em terra de Baleisão,
Morreu uma camponesa.
Só por querer ganhar o pão,
Para os filhos, que tristeza!
Ó Baleisão, Baleisão,
Ó terra baleisoeira,
sexta-feira, agosto 26, 2005
terça-feira, agosto 23, 2005
sexta-feira, agosto 19, 2005
Imagens do alentejo MILFONTES
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VILA NOVA DE MILFONTES - A BELEZA DO ALENTEJO DO LITORAL
Há muitos séculos que a foz do rio Mira é usada pelos marinheiros para se abrigarem das tempestades. Por ali andaram celtas, fenícios, gregos, cartagineses e, claro, romanos e árabes.
No século XIII, já a localidade tinha dimensão para receber carta de foral, outorgada por D. Afonso III. No entanto, viria a ficar deserta, na segunda metade do século XV, na sequência de um saque por piratas argelinos.
Foi D. Manuel quem decidiu repovoar a importante praça costeira. Deu-lhe novo foral, já com o nome de Vila Nova de Mil Fontes, em 1512, e abundantes privilégios, para atrair colonos. Na reorganização administrativa de 1855, perde a categoria de vila, que só retomará em 1988.
Dois dos mais importantes momentos da história de Milfontes podem ser recordados no actual Largo Brito Pais. A fortaleza (actualmente uma unidade hoteleira) foi mandada construir por D. João IV, para prevenir incursões pelo rio. O monumento aos aviadores recorda que foi dos campos vizinhos que descolaram Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, em 1924, para um arriscado voo que os levaria a Macau.
VILA NOVA DE MILFONTES - A BELEZA DO ALENTEJO DO LITORAL
Há muitos séculos que a foz do rio Mira é usada pelos marinheiros para se abrigarem das tempestades. Por ali andaram celtas, fenícios, gregos, cartagineses e, claro, romanos e árabes.
No século XIII, já a localidade tinha dimensão para receber carta de foral, outorgada por D. Afonso III. No entanto, viria a ficar deserta, na segunda metade do século XV, na sequência de um saque por piratas argelinos.
Foi D. Manuel quem decidiu repovoar a importante praça costeira. Deu-lhe novo foral, já com o nome de Vila Nova de Mil Fontes, em 1512, e abundantes privilégios, para atrair colonos. Na reorganização administrativa de 1855, perde a categoria de vila, que só retomará em 1988.
Dois dos mais importantes momentos da história de Milfontes podem ser recordados no actual Largo Brito Pais. A fortaleza (actualmente uma unidade hoteleira) foi mandada construir por D. João IV, para prevenir incursões pelo rio. O monumento aos aviadores recorda que foi dos campos vizinhos que descolaram Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, em 1924, para um arriscado voo que os levaria a Macau.
quarta-feira, agosto 17, 2005
O CANTE ALENTEJANO
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O CANTE ALENTEJANO
J.F. Colaço Guerreiro
Da companhia nasce a vontade, o relaxo espevita o apetite e do longe vêm os sons que galvanizam os ânimos, depois os olhares vidram-se fixados em vultos, sombras ou sóis que flamejam, a mente começa a regurgitar memórias estilizadas que passam à fio como anátemas, de mão dada, reflectindo-se disformes no quadro do pensamento. Das entranhas soltam-se ais e gritos, trovões de razões caladas , murmúrios perdidos desde a antiguidade, risadas também, libertas em tempos passados, em espaços abertos, donde o vento as levou para sempre, sem deixar sequer um eco para hoje ser sorriso.
As bocas vão ficando mais escancaradas à medida que o sentimento incha nos peitos, notam-se então os corpos possessos duma magia que transparece nas vaias, crispam-se as mãos e os olhos cerram-se, a inspiração acende-se, o deleite aumenta, abre fervura, transborda e quanto mais se canta, maior é o esplendor das vozes impregnadas na mística que o próprio cante produz.
É a alma de um povo derramada em sonoridades que escorrem numa cadencia de preceitos, como fio de água que passa eterno no mesmo serpentear da corrente. E não cansa fazê-lo nem dá tédio observá-lo, porque embora aparente monotonia, os modos como arrastam as palavras têm o sortilégio de produzir em cada instante sensações diversas, sentires distintos em momentos que são sempre outros.
As modas que são poemas enfeitados de melodia , repetem-se com o mesmo fervor com que os aflitos renovam as preces, uma, duas, vezes sem conto, sempre sem desânimo, buscando uma satisfação inconfessada ou tentando alcançar a perfeição do cântico, para igualar na afinação a interpretação que no imaginário se guarda.
Há um que começa lançando para o ar dizeres já sabidos envoltos numa toada que todos conhecem e os mais, ficam expectantes, agarrados ao chão à espera da sua vez, totalmente entregues ao apelo, fazem em silencio o percurso do evoluir ondulante da voz do ponto. A meio, como que param a respiração, depois cresce-lhes um frenesim que aguça ainda mais a necessidade da sua expressão vocal e inspiram ,sustêm o fôlego como se fossem mergulhar no vazio, como que aguardando um sinal para entrarem .De rompante, solta-se a voz do alto, mais fininha, estridente, fazendo a chamada. É então que o coro desata as gargantas e os vozeirões dos baixos respondem despejando em tom grave o continuar da moda .E fazem-no com a determinação, a convicção, a postura e o sentir de quem toca o absoluto.
Casam-se tão bem as vozes que o cante parece nascer de uma só vontade, jorrar de uma só garganta, num brado talhado de pausas e preceitos, ornado com melismas, que penetra, arrepia e chega a ser comovente .
Os intérpretes entregam-se completamente à toada do cante que depressa se apodera deles, tornando-os maleáveis, moldando-os a uma plástica donde só sobressai a forma imprimida pelo conjunto. Gera-se entre eles uma corrente de afecto que os percorre e carrega de prazer, germina no grupo um sentir quase lascivo e por isso ficam brandos, capazes de gestos eivados de ternura. Apetece-lhes colarem os corpos tal como sobrepõem as vozes e assim balançam levados e trazidos pela melopeia, cadenciando enleiam os braços, como fazem as silvas para prender em redor.
E sempre que o destino os empurra para a lonjura que é sempre imensa qualquer que seja a distância que os separa do berço, quando estão ausentes, perdidos nos descaminhos, desviados do sítio, afastados desta luz, o crenço agiganta-se e as afinidades com os traços comuns são então mais evidentes.
Buscam a identidade no falar, nos dizeres, nas lembranças, nas coisas que se contam carregadas de sentires fortes de que os outros, seus iguais, também comungam. São as lembranças da escola, as belhoretas de gaito, as brincadeiras de pequeno, e os velhos, a memória da gente ida é também trazida ao de cima ,com referencias aos seus modos, aos seus hábitos, a histórias reveladoras de um tipicismo que sabe bem recordar.
Por isso se juntam amiude, de propósito, por necessidade.
Em cima da mesa colocam-se os comeres e as lembranças que se petiscam em cumplicidade e se saboreiam com o paladar da nostalgia . E por fim canta-se sempre.
A moda exulta os espiritos, suaviza a dôr da partida, funciona como um bálsamo que sem curar alivia as queixas .
Amorna as mágoas porque este cante é para isso mesmo. Não nasce das alegrias mas brota das paixões, dum pensar profundo, de preocupações .Por isso constrange quando se interpreta, por essa razão arrepia quando nos envolve.
Tem uma espiritualidade evidente qualquer seja a sua raíz. Cantochão, gregoriano ou fá-bordão poderão estar na sua génese mas a moda tem certamente impregnadas na sua estrutura as marcas dum povo com certo sentir, os sons e as falas, os gestos e os sonhos duma gente antiga que aqui moirejava. E o cante temperou-se nas fornalhas dos restolhos, aveludou-se em primaveras coloridas, absorveu a imensidão do horizonte, captou os gemidos da solidão, ganhou formas próprias em lavouras custosas.
Desse caldo de valores e referencias se fez o cante e neste ambiente nasceram os mestres, seus interpretes ímpares seus cultores maiores.
O CANTE ALENTEJANO
J.F. Colaço Guerreiro
Da companhia nasce a vontade, o relaxo espevita o apetite e do longe vêm os sons que galvanizam os ânimos, depois os olhares vidram-se fixados em vultos, sombras ou sóis que flamejam, a mente começa a regurgitar memórias estilizadas que passam à fio como anátemas, de mão dada, reflectindo-se disformes no quadro do pensamento. Das entranhas soltam-se ais e gritos, trovões de razões caladas , murmúrios perdidos desde a antiguidade, risadas também, libertas em tempos passados, em espaços abertos, donde o vento as levou para sempre, sem deixar sequer um eco para hoje ser sorriso.
As bocas vão ficando mais escancaradas à medida que o sentimento incha nos peitos, notam-se então os corpos possessos duma magia que transparece nas vaias, crispam-se as mãos e os olhos cerram-se, a inspiração acende-se, o deleite aumenta, abre fervura, transborda e quanto mais se canta, maior é o esplendor das vozes impregnadas na mística que o próprio cante produz.
É a alma de um povo derramada em sonoridades que escorrem numa cadencia de preceitos, como fio de água que passa eterno no mesmo serpentear da corrente. E não cansa fazê-lo nem dá tédio observá-lo, porque embora aparente monotonia, os modos como arrastam as palavras têm o sortilégio de produzir em cada instante sensações diversas, sentires distintos em momentos que são sempre outros.
As modas que são poemas enfeitados de melodia , repetem-se com o mesmo fervor com que os aflitos renovam as preces, uma, duas, vezes sem conto, sempre sem desânimo, buscando uma satisfação inconfessada ou tentando alcançar a perfeição do cântico, para igualar na afinação a interpretação que no imaginário se guarda.
Há um que começa lançando para o ar dizeres já sabidos envoltos numa toada que todos conhecem e os mais, ficam expectantes, agarrados ao chão à espera da sua vez, totalmente entregues ao apelo, fazem em silencio o percurso do evoluir ondulante da voz do ponto. A meio, como que param a respiração, depois cresce-lhes um frenesim que aguça ainda mais a necessidade da sua expressão vocal e inspiram ,sustêm o fôlego como se fossem mergulhar no vazio, como que aguardando um sinal para entrarem .De rompante, solta-se a voz do alto, mais fininha, estridente, fazendo a chamada. É então que o coro desata as gargantas e os vozeirões dos baixos respondem despejando em tom grave o continuar da moda .E fazem-no com a determinação, a convicção, a postura e o sentir de quem toca o absoluto.
Casam-se tão bem as vozes que o cante parece nascer de uma só vontade, jorrar de uma só garganta, num brado talhado de pausas e preceitos, ornado com melismas, que penetra, arrepia e chega a ser comovente .
Os intérpretes entregam-se completamente à toada do cante que depressa se apodera deles, tornando-os maleáveis, moldando-os a uma plástica donde só sobressai a forma imprimida pelo conjunto. Gera-se entre eles uma corrente de afecto que os percorre e carrega de prazer, germina no grupo um sentir quase lascivo e por isso ficam brandos, capazes de gestos eivados de ternura. Apetece-lhes colarem os corpos tal como sobrepõem as vozes e assim balançam levados e trazidos pela melopeia, cadenciando enleiam os braços, como fazem as silvas para prender em redor.
E sempre que o destino os empurra para a lonjura que é sempre imensa qualquer que seja a distância que os separa do berço, quando estão ausentes, perdidos nos descaminhos, desviados do sítio, afastados desta luz, o crenço agiganta-se e as afinidades com os traços comuns são então mais evidentes.
Buscam a identidade no falar, nos dizeres, nas lembranças, nas coisas que se contam carregadas de sentires fortes de que os outros, seus iguais, também comungam. São as lembranças da escola, as belhoretas de gaito, as brincadeiras de pequeno, e os velhos, a memória da gente ida é também trazida ao de cima ,com referencias aos seus modos, aos seus hábitos, a histórias reveladoras de um tipicismo que sabe bem recordar.
Por isso se juntam amiude, de propósito, por necessidade.
Em cima da mesa colocam-se os comeres e as lembranças que se petiscam em cumplicidade e se saboreiam com o paladar da nostalgia . E por fim canta-se sempre.
A moda exulta os espiritos, suaviza a dôr da partida, funciona como um bálsamo que sem curar alivia as queixas .
Amorna as mágoas porque este cante é para isso mesmo. Não nasce das alegrias mas brota das paixões, dum pensar profundo, de preocupações .Por isso constrange quando se interpreta, por essa razão arrepia quando nos envolve.
Tem uma espiritualidade evidente qualquer seja a sua raíz. Cantochão, gregoriano ou fá-bordão poderão estar na sua génese mas a moda tem certamente impregnadas na sua estrutura as marcas dum povo com certo sentir, os sons e as falas, os gestos e os sonhos duma gente antiga que aqui moirejava. E o cante temperou-se nas fornalhas dos restolhos, aveludou-se em primaveras coloridas, absorveu a imensidão do horizonte, captou os gemidos da solidão, ganhou formas próprias em lavouras custosas.
Desse caldo de valores e referencias se fez o cante e neste ambiente nasceram os mestres, seus interpretes ímpares seus cultores maiores.
CONTADOR DE VISITAS
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Desde hoje ,17 de Agosto, foi colocado no nosso Blog, um contador de visitas, que nos vai dar uma ideia da afluência dos nossos amigos.
Vamos lá a mexer com os números!!!
Desde hoje ,17 de Agosto, foi colocado no nosso Blog, um contador de visitas, que nos vai dar uma ideia da afluência dos nossos amigos.
Vamos lá a mexer com os números!!!
sexta-feira, agosto 12, 2005
quarta-feira, agosto 10, 2005
Poetas populares alentejanos
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Em cada alentejano surpreende-se um poeta.
Neste ultimo fim de semana aproveitei a ida a Castro Verde para mais umas recolhas.
E foi assim que tomei contacto com o versejar do poeta popular Vitorino Palma Cavaco, graças a uma rápida leitura de um exemplar de um seu livro "Realidades", que me foi facultado pela Ana Catarina.
Natural de Alcoutim , a viver em Ervidel, é assim que o poeta sente o Alentejo.
VISTA DE ERVIDEL, ONDE VIVE O POETA
.
Gostosamente reproduzo alguns exertos da sua obra:
.
POEMA DEDICADO AO PROGRAMA PATRIMÓNIO:
(Algumas quadras)
-
Programa Património
vai aumentando a fama
transmitido às quintas feiras
este lindo programa.
.
Apresentando diversa cultura
muitos costumam participar
a todos a minha homenagem
em alguns vou falar.
.
...
Do Monte do Tacanho
canta baldão o Luizinho
nas suas lamentações
fala sempre do seu gadinho.
.
...
É seu apresentador
dr.José Francisco Colaço
a tende a todos com vigor
para ele um grande abraço.
.
AS RUAS DE CASTRO VERDE
(algumas quadras)
.
As artérias de Castro Verde
vila em desenvolvimento
aqui vou mencioná-las
começo pela rua do Acampamento
.
Rua Raul Carvalho
Largo e Rua São Sebastião
Rua da Coopenave
Rua da Aclamação
.
Praça do Municipio
Zeca Afonso é avenida
Praceta de São Pedro
e Travessa da Zunida.
....
VERSOS DEDICADOS AO ALENTEJO
(Algumas quadras)
.
Um terço do nosso país
é ocupado pelo Alentejo
temos o Alto e o Baixo
Do Algarve ao Ribatejo
.
Também ainda confronta
com Beira Baixa e Extremadura
tem gente hospitaleira
é uma provincia pura.
....
....
Terrenos com fertilidade
que metem muita cobiça
dá arroz, cevada, milho e azeite
algodão, lenha e cortiça
.
...
A colheita do trigo
é a sua maior produção
tem girasol e grão de bico
pois é o celeiro da nação
....
...
Na qualidade do vinho
nenhuma outra zona o bate
seus terrenos também criam
beterraba, melão e tomate
...
...
Tem bom pão e queijo a sério
as planícies parecem um sonho
no subsolo tem minério
e na serra tem medronho.
.
Em cada alentejano surpreende-se um poeta.
Neste ultimo fim de semana aproveitei a ida a Castro Verde para mais umas recolhas.
E foi assim que tomei contacto com o versejar do poeta popular Vitorino Palma Cavaco, graças a uma rápida leitura de um exemplar de um seu livro "Realidades", que me foi facultado pela Ana Catarina.
Natural de Alcoutim , a viver em Ervidel, é assim que o poeta sente o Alentejo.
VISTA DE ERVIDEL, ONDE VIVE O POETA
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Gostosamente reproduzo alguns exertos da sua obra:
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POEMA DEDICADO AO PROGRAMA PATRIMÓNIO:
(Algumas quadras)
-
Programa Património
vai aumentando a fama
transmitido às quintas feiras
este lindo programa.
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Apresentando diversa cultura
muitos costumam participar
a todos a minha homenagem
em alguns vou falar.
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Do Monte do Tacanho
canta baldão o Luizinho
nas suas lamentações
fala sempre do seu gadinho.
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É seu apresentador
dr.José Francisco Colaço
a tende a todos com vigor
para ele um grande abraço.
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AS RUAS DE CASTRO VERDE
(algumas quadras)
.
As artérias de Castro Verde
vila em desenvolvimento
aqui vou mencioná-las
começo pela rua do Acampamento
.
Rua Raul Carvalho
Largo e Rua São Sebastião
Rua da Coopenave
Rua da Aclamação
.
Praça do Municipio
Zeca Afonso é avenida
Praceta de São Pedro
e Travessa da Zunida.
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VERSOS DEDICADOS AO ALENTEJO
(Algumas quadras)
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Um terço do nosso país
é ocupado pelo Alentejo
temos o Alto e o Baixo
Do Algarve ao Ribatejo
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Também ainda confronta
com Beira Baixa e Extremadura
tem gente hospitaleira
é uma provincia pura.
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Terrenos com fertilidade
que metem muita cobiça
dá arroz, cevada, milho e azeite
algodão, lenha e cortiça
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A colheita do trigo
é a sua maior produção
tem girasol e grão de bico
pois é o celeiro da nação
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Na qualidade do vinho
nenhuma outra zona o bate
seus terrenos também criam
beterraba, melão e tomate
...
...
Tem bom pão e queijo a sério
as planícies parecem um sonho
no subsolo tem minério
e na serra tem medronho.
.
segunda-feira, agosto 08, 2005
PREVISÕES PARA AGOSTO
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Provérbios de Agosto
O :
Previsão agrícola
:
Agosto nos farta, Agosto nos mata.
Água de Agosto, açafrão, mel e mosto.
A quem não tem pão semeado, de Agosto se faz Maio.
Cava e esterca de Agosto, ao lavrador alegra o rosto.
Em Agosto deve o milho ferver no carolo.
:
Caça
:
Em Agosto, espingarda ao rosto.
Fevereiro couveiro faz a perdiz ao poleiro; Março, três ou quatro; Abril, está cheio o covil; Maio, pio-pio pelo mato; Junho, como um punho; Em Agosto, as tomarás a coso.
:
Calor
:
Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
Em Agosto dá o sol pelo rosto.
Em Agosto secam os montes, em Setembro as fontes e em Outubro seca tudo.
:
Comida
:
Couves em Agosto, tumba à porta.
Em Agosto, toda a fruta tem seu gosto.
Queres ver teu marido morto? Dá-lhe couves em Agosto.
:
Trabalho
:
Em Agosto aguilhoa o preguiçoso e sê cuidadoso.
Quem Agosto ara, riquezas prepara.
Quem malha em Agosto, malha com desgosto.
:
Vinho
:
Agosto e vindima não vêm cada dia, mas sim cada ano; uns com ganância, outros com dano.
Agosto amadura, Setembro vindima.
Em Agosto vale mais vinagre que mosto.
Em Agosto, nem vinho nem mosto.
Chuva de Agosto apressa o mosto.
Em Agosto, sardinha e mosto.
Não é bom o mosto colhido em Agosto.
Quando chove em Agosot, chove mel e mosto.
Provérbios de Agosto
O :
Previsão agrícola
:
Agosto nos farta, Agosto nos mata.
Água de Agosto, açafrão, mel e mosto.
A quem não tem pão semeado, de Agosto se faz Maio.
Cava e esterca de Agosto, ao lavrador alegra o rosto.
Em Agosto deve o milho ferver no carolo.
:
Caça
:
Em Agosto, espingarda ao rosto.
Fevereiro couveiro faz a perdiz ao poleiro; Março, três ou quatro; Abril, está cheio o covil; Maio, pio-pio pelo mato; Junho, como um punho; Em Agosto, as tomarás a coso.
:
Calor
:
Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
Em Agosto dá o sol pelo rosto.
Em Agosto secam os montes, em Setembro as fontes e em Outubro seca tudo.
:
Comida
:
Couves em Agosto, tumba à porta.
Em Agosto, toda a fruta tem seu gosto.
Queres ver teu marido morto? Dá-lhe couves em Agosto.
:
Trabalho
:
Em Agosto aguilhoa o preguiçoso e sê cuidadoso.
Quem Agosto ara, riquezas prepara.
Quem malha em Agosto, malha com desgosto.
:
Vinho
:
Agosto e vindima não vêm cada dia, mas sim cada ano; uns com ganância, outros com dano.
Agosto amadura, Setembro vindima.
Em Agosto vale mais vinagre que mosto.
Em Agosto, nem vinho nem mosto.
Chuva de Agosto apressa o mosto.
Em Agosto, sardinha e mosto.
Não é bom o mosto colhido em Agosto.
Quando chove em Agosot, chove mel e mosto.
quarta-feira, agosto 03, 2005
CANTO D'ALMA
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CANTO D´ALMA
José Francisco Colaço Guerreiro
As letras,as palavras ditas,são o que menos importa .Por isso, neste cante,as sílabas derretem-se, prolongam-se desmedidas, só sustidas pelo fim do fôlego e no ar enleiam-se umas nas outras como silvas , num emaranhado onde se perde o sentido do sentir do poeta que escreveu a rima.
Apesar disso, todos acompanham vibrantes de emoção a sonoridade projectada pelas bocas que ora se escancaram como cocharros ora se cerram como frinchas, para soltar no devido tempo as vaias precisas,impostas, em cada momento da moda. Assim é porque todos têm retidos na memória os versos ouvidos em repetições infinitas ,em insistencias incontáveis. Escalfam-se as gargantas num afã de teimosia ,numa mística de paixão ,num querer incessante de fazer ecoar como preces ou ladainhas as mesmas melodias para sublimar agruras, infortúnios ou tristezas e só muito raramente para marcar estados de júbilo. Não precisam de explicitar os vocábulos,nem tornar perceptíveis os versos porque a grandiosidade das obras que interpretam está contida na sua sonoridade .È a melodia que tudo diz, é ela que tão bem sugere , elevando consigo os interpretes aos píncaros da emoção numa embriaguez que os tolda e os enlaça , formando magotes, desenhando esculturas de corpos numa fusão quase irreal.
Para tanto se abraçam,e o grupo em simultâneo arfeja como um fole,tomando o ar,retendo-o, expelindo-o depois , no estender manso das vaias . Precisam sentir em conjunto a sua doçura,deleitam-se com elas, depois elevam-se, finalmente, ao cimo do prazer quando os olhos se cerram ou alvejam e os corpos estremecem percorridos por um arrepio que das entranhas se solta.
Este cantar precisa de grande empatia colectiva para se expremir de modo conveniente à satisfação da sua dimensão verdadeira que a final , se aproxima do extase. Para tanto contribui o alto que como requinta espevita as emoções, conduzindo o coro para níveis de concentração e entrega que arrancam esses prazeres tão evidentes no reflexo dos rostos.
A moda começa sempre marcada com um verso trinado pela garganta aveludada de um ponto que rompe o silencio e a atenção expectante dos demais.Mete a emoção a caminho ,lado a lado com a melodia e vai desenhando lentamente o bordado do estilo esperado.O conjunto fica-se, já agarrado aos sons,já preso às requebras, mas ainda carente do impulso que depois o alto lhe empresta levantando a moda. È aí que todos se jogam como se tratasse de uma ajuda,de uma pega, de um trabalho,de uma força que tem de ser exercida à uma com gana e preceito.Mas acicatando as vozes e exacerbando as emoções o alto continua sempre a fazer-se ouvir, a sobrepôr-se no tom ao eco grave dos baixos.
Então,fermenta nos peitos o viço deste canto d´alma e os sons desprendidos já arrebatam e a emoção gerada já embriaga.Uma,outra e outra, vezes e modas sem fim, parecendo ecos do tempo ido a sacudir o estar presente. Quem canta delicia-se, quem ouve emociona-se sem saber porquê.
È este cante que esta terra escuta quando o demais pára e as gentes cadenciam a melancolia ao som dos seus passos , prosseguindo o rumo que a tradição sugere.
CANTO D´ALMA
José Francisco Colaço Guerreiro
As letras,as palavras ditas,são o que menos importa .Por isso, neste cante,as sílabas derretem-se, prolongam-se desmedidas, só sustidas pelo fim do fôlego e no ar enleiam-se umas nas outras como silvas , num emaranhado onde se perde o sentido do sentir do poeta que escreveu a rima.
Apesar disso, todos acompanham vibrantes de emoção a sonoridade projectada pelas bocas que ora se escancaram como cocharros ora se cerram como frinchas, para soltar no devido tempo as vaias precisas,impostas, em cada momento da moda. Assim é porque todos têm retidos na memória os versos ouvidos em repetições infinitas ,em insistencias incontáveis. Escalfam-se as gargantas num afã de teimosia ,numa mística de paixão ,num querer incessante de fazer ecoar como preces ou ladainhas as mesmas melodias para sublimar agruras, infortúnios ou tristezas e só muito raramente para marcar estados de júbilo. Não precisam de explicitar os vocábulos,nem tornar perceptíveis os versos porque a grandiosidade das obras que interpretam está contida na sua sonoridade .È a melodia que tudo diz, é ela que tão bem sugere , elevando consigo os interpretes aos píncaros da emoção numa embriaguez que os tolda e os enlaça , formando magotes, desenhando esculturas de corpos numa fusão quase irreal.
Para tanto se abraçam,e o grupo em simultâneo arfeja como um fole,tomando o ar,retendo-o, expelindo-o depois , no estender manso das vaias . Precisam sentir em conjunto a sua doçura,deleitam-se com elas, depois elevam-se, finalmente, ao cimo do prazer quando os olhos se cerram ou alvejam e os corpos estremecem percorridos por um arrepio que das entranhas se solta.
Este cantar precisa de grande empatia colectiva para se expremir de modo conveniente à satisfação da sua dimensão verdadeira que a final , se aproxima do extase. Para tanto contribui o alto que como requinta espevita as emoções, conduzindo o coro para níveis de concentração e entrega que arrancam esses prazeres tão evidentes no reflexo dos rostos.
A moda começa sempre marcada com um verso trinado pela garganta aveludada de um ponto que rompe o silencio e a atenção expectante dos demais.Mete a emoção a caminho ,lado a lado com a melodia e vai desenhando lentamente o bordado do estilo esperado.O conjunto fica-se, já agarrado aos sons,já preso às requebras, mas ainda carente do impulso que depois o alto lhe empresta levantando a moda. È aí que todos se jogam como se tratasse de uma ajuda,de uma pega, de um trabalho,de uma força que tem de ser exercida à uma com gana e preceito.Mas acicatando as vozes e exacerbando as emoções o alto continua sempre a fazer-se ouvir, a sobrepôr-se no tom ao eco grave dos baixos.
Então,fermenta nos peitos o viço deste canto d´alma e os sons desprendidos já arrebatam e a emoção gerada já embriaga.Uma,outra e outra, vezes e modas sem fim, parecendo ecos do tempo ido a sacudir o estar presente. Quem canta delicia-se, quem ouve emociona-se sem saber porquê.
È este cante que esta terra escuta quando o demais pára e as gentes cadenciam a melancolia ao som dos seus passos , prosseguindo o rumo que a tradição sugere.
segunda-feira, agosto 01, 2005
FRANCISCO DUARTE
..
No dia 30 de JULHO, logo após a hora de almoço, recebi uma msg SMS, que dizia:
"Já cá estou! 3 Kilos e benfiquista.
Ass. Francisco Duarte"
.
Mais um alentejanito
A "CASA-DAS-PRIMAS", felicita efusivamente os pais do Francisco Duarte, o João Tiago e a Carla, os avós e bisavós.Ao Zé Francisco, nosso companheiro de Blog, saudamos a entrada no clube dos avós, vai gostar...
Se seguir as pisadas do pai e do avô, brevemente teremos o FRANCISCO DUARTE a participar no nosso Blog.
Parabéns e benvindo!!!
No dia 30 de JULHO, logo após a hora de almoço, recebi uma msg SMS, que dizia:
"Já cá estou! 3 Kilos e benfiquista.
Ass. Francisco Duarte"
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Mais um alentejanito
A "CASA-DAS-PRIMAS", felicita efusivamente os pais do Francisco Duarte, o João Tiago e a Carla, os avós e bisavós.Ao Zé Francisco, nosso companheiro de Blog, saudamos a entrada no clube dos avós, vai gostar...
Se seguir as pisadas do pai e do avô, brevemente teremos o FRANCISCO DUARTE a participar no nosso Blog.
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