quarta-feira, outubro 26, 2005

poema O FALAR ALENTEJANO

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O FALAR ALENTEJANO

M'nina que tá à j'nela
Regand'o lind'cravêro
Ó há-de ser para mim
Ó p'ró mê rico pracêro.

Ê nã sô p'ra vocêi
Nê p'ró sê rico pracêro
Que me tá mê pai criendo
P'ró más lind' sapatêro.

Ó m'enina ê sô sapatêro
Hê-d'ir p'rá sapataria
Hê-d'le fazer uns sapatos
Cá maior galantaria.

Ê nã quer'os sês sapatos
Dê-os lá a quê qu'séra
Qu'o marot' que tal diz
Nã mereec' uma mulhéra.

Entes ê qu'ria ser carnêro
Enxertado na raiz
Ê nã qu'ria ser marido
Da magana que tal diz.

Entes ê qu´ria ser porco
Que fossasse num velado
Ê nã qu'ria ser ispôsa
Dum tã frac' namorado.

cartazes políticos III

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terça-feira, outubro 25, 2005

sexta-feira, outubro 21, 2005

LETRAS DE MODAS ALENTEJANAS

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MEU ALENTEJO QUERIDO

Fiz uma cova na areia
Para enterrar minha mágoa
Entrou por ela o mar todo
Não encheu a cova de água

Meu Alentejo querido
Cheio de sol e calor
És meu torrão preferido
Meu Baixo Alentejo
És para nós encantador
És para nós encantador
Embora vivas esquecido
Cheio de sol e calor
Meu Baixo Alentejo
Meu Alentejo querido

quarta-feira, outubro 19, 2005

sexta-feira, outubro 14, 2005

autores populares alentejanos

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MANUEL LOÊNDRERO
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o nosso blog REVELA HOJE UM AUTOR POPULAR ALENTEJANO
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O Blé ou o Blezinho é o nome popular que no Alentejo é usado para designar todos os que são MANUEL ou Manel e portanto os Manéis do Alentejo... O Manel Loendrêro é um autor desconhecido, que na dédcada de 80, publicava as suas MEMÓRIAS, num Jornal, de Moura, "A PLANÍCIE.
É dele esta delicioca crónica:

"Vinha ê uma vez pá vila a cavalo no burro pa fazê o avio, condo óvi atrás de mim um altemoven de esgalha bordão por a estrada adiente.

Passô por mim ca força toda... Tamein si nã passassi más valia uma botas e condo começô a subiri a barrêra do ôto lado da estrada, dê um estralo e começô às panderêtas até que se parô. “olhó! - pensi eu - já está escangalhado”. Fui lá ó pei pa vê o que tinha acontecido. Tava o home arroda de um pineu. Pergunti-lhe donde ele era e disse quera de Lisboa.

Pá, tá tudo dito - pensi eu. Vinha-me imbora condo o vi priparado pa mudá o pineu mas volti pa trás, porque vi o baboso, que nã tinha gêto ninhum páquilo.

Dexi-me do burro, desviio e comeci a mudar a roda, mas vi logo caquilo nã era só do pineu. Espoji-me no chão e espreti pa debaxo do carro pa vê o qué caquela moenga tinha e vi o enxo e a jente, tudo entrotado.

Condo ia a livantar-me vi o home mexendo num ninho d’abêsperas.

- Que bichos são estes? - preguntou eli.

- Nã mexa nisso! Nã as trilhe! - Griti-lhe eu. Tá bem dexa!

Foi mêmo o quele foi fazeri. As abêsperas alivantaram voio e hôve uma que le deu uma nicada nos bêços cu fez dar um berro, ôtra foi-se ó burro. O burro assim cas viu zunindo de roda das orelhas, escarampatô-se e esgalhô fugindo por a chapada árriba. Ê rasgui fugindo atrás deli pó apanhari. Daí a podaço condo volti todo esbrazeado, tava o ôtro cum lenço nos bêços quêxando-se.

- Vocei é mesmo enchaparrado - disse-le. - Atã vocei na sabe que na se pode mexeri num ninho d’asbesperas? E vá lá teve sorti...

Ati o burro a uma arve e fui veri so home tinha os beços munto anchados. Hei mãe! Tava cumas beiçoletas que pareciom o bebrum dum penico! Atão o bocana nã queria pôr pomada naquilo?! Lá o convenci a pori lama nos bêços porque pá picada na há melhori. Condo estava cos beços enlameados, disse-le cu melhor era vir cumigo à vila à busca dum mecânico. Montô-se, em cima do burro e lá fomos. O engraçado é que condo chigámos e me desmonti, olhi pa trás e ele nã estava lá. Devi ter escorregado da albarda, porque eles sabem andari de cu tremido, mas de burro, anda cá se queres... Já no volti pa trás, porque tinha de fazê o avio à minha Bia e despois fechavam as lojas. Tóoouuu!


M.L.

sexta-feira, outubro 07, 2005

domingo, outubro 02, 2005

letras de modas alentejanas

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COMADRE MARIA FRANCISCA


Quem me dera, dera, dera
Estar sempre a dar a dar
Beijinhos ao desafio
Abraços sem descansar

Comadre Maria Francisca
Você diz que dá, que dá
Uma manta retalheira
Daquelas que usam lá
Daquelas que usam lá
Usam lá para Lisboa
Comadre Maria Francisca
Ai, ai, que mulher tão boa
Ai, ai, que mulher tão boa
Ai, ai, que mulher tão má
Comadre Maria Francisca
Você diz que dá, que dá
Você diz que dá, que dá
Você diz que dá, que deu
Comadre Maria Francisca
Quem manda nela sou seu
Quem manda nela sou eu
Quem manda nela, ah, ah
Comadre Maria Francisca
Você diz que dá, que dá

Daqui para a minha terra
Tudo é caminho e chão
Tudo são cravos e rosas
Dispostas por minha mão

sábado, outubro 01, 2005

previsoes para outubro

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Previsão agrícola:
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No São Simão, fava no chão.
Em Outubro, centeio rubro.
Outubro chuvoso, faz o lavrador venturoso.
Outubro seca tudo.
Por Santa Ireia pega nos bois e semeia.
Por São Lucas sabem as uvas.
Quando o Outubro for erveiro guarda para Março o palheiro.
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Animais:
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Com a vinha, em Outubro, come a cabra, engorda o boi e ganha o dono.
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Calor:
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Outubro quente traz o diabo no ventre.
Outrubro suão, negaças de Verão.
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Pesca:
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Andar, marinheiro, andar, não te apanhe São Simão no mar.
Outubro, Novembro e Dezembro, não busques o pão no mar, mas torna a teu celeiro e abre o teu mealheiro.
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Trabalho:
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Outubro recolhe tudo.
Por São Francisco semeia teu trigo; e a velha que o dizia semeado o tinha.
Quem planta no Outono leva um ano de abono.
Vindima em Outubro, que São Martinho to dirá.
Com a vinha, em Outubro, come a cabra, engorda o boi e ganha o dono.
Por São Lucas mata teus porcos e tapa tuas cubas.