.
Tarde da noite, Gerardo cortou caminho por dentro de um cemitério.
Escutou umas batidas.
Seu coração acelerou um pouco, mas ele continuou seu caminho.
Quando as batidas se tornaram mais fortes, Gerardo foi ficando mais assustado.
De repente, encontrou um homem talhando uma lápide.
Aliviado, disse:
- Ufa!... Graças a Deus! Você me pregou um susto e tanto!... O que está fazendo a esta hora por aqui?
- É que escreveram meu nome errado...
BLOGUE que canta, escreve e mostra o Alentejo. Nasceu entre alentejanos da região de Castro Verde e Almodôvar . MADRINHA DE HONRA DO BLOGUE: TIA MARIA BÁRBARA MARQUES
sexta-feira, novembro 25, 2005
quinta-feira, novembro 24, 2005
Lisboa, 1775
..
O mercado da Praça da Figueira, em Lisboa, ao lado do Rossio,
é aberto ao público em 23 de Novembro de 1775.
O mercado da Praça da Figueira, em Lisboa, ao lado do Rossio,
é aberto ao público em 23 de Novembro de 1775.
quarta-feira, novembro 16, 2005
LETRAS DE MODAS ALENTEJANAS
..
CAMPONÊS ALENTEJANO
O pobre trabalhador
Todo o mal consigo tem
Trabalha e não tem valor
No mundo não é ninguém
Camponês alentejano
Camponês agricultor
Tu trabalhas todo o ano
Dás produto ao lavrador
Dás produto ao lavrador
Tua vida é um engano
Nem por isso tens valor
Camponês alentejano
Quem canta seu mal espanta
Quem chora seu mal aumenta
Eu canto para disfarçar
Uma paixão que me apoquenta
CAMPONÊS ALENTEJANO
O pobre trabalhador
Todo o mal consigo tem
Trabalha e não tem valor
No mundo não é ninguém
Camponês alentejano
Camponês agricultor
Tu trabalhas todo o ano
Dás produto ao lavrador
Dás produto ao lavrador
Tua vida é um engano
Nem por isso tens valor
Camponês alentejano
Quem canta seu mal espanta
Quem chora seu mal aumenta
Eu canto para disfarçar
Uma paixão que me apoquenta
poetas e pintores alentejanos
..
..Resistência
Não apenas a música
mas o som
o ruído que envolve
o oculto grito
Não o nome somente
mas vestígio
o timbre recordado de seu
espaço
Não apenas figura
mas silêncio
silhueta ou contorno
na memória
Não o medo ou o azougue
sobre esta carne morta
Mas um vívido traço
ainda que incompleto
Mas singeleza como
um corpo inconformado
Nicolau Saião é o pseudónimo literário/artístico de Francisco Ludovino Cleto Garção, nascido em Monforte do Alentejo no ano de 1946 e residente em Portalegre desde os três anos. Exerceu as profissões de meteorologista, jornalista e escriturário. Actualmente é o funcionário responsável do Centro de Estudos “José Régio” de Portalegre
Participou em mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polônia, Brasil, Canadá, Estados Unidos, e Austrália, além de ter exposto individual e colectivamente em lugares como Paris, Lisboa, Porto e Sevilha. Organizou, com Mário Cesariny e Carlos Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso” (1984),
Poeta, pintor, publicista e actor/declamador, concebeu, realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens” (Rádio Portalegre), que entrou para o ranking dos programas mais ouvidos das rádios regionais, e onde entrevistou personalidades como: José Bento, António Luís Moita, Rui Mário Gonçalves, Fernando Vendrell, José Manuel Anes, Diniz Machado, José do Carmo Francisco, etc..
Tem colaborado em revistas e jornais literários e artísticos, tais como “Ler”, “Colóquio-Letras”, “Apeadeiro” “Sílex”, “Célula Cinzenta”, “A Cidade”, ”Bicicleta/Mandrágora”, “Bíblia”, “Ciclo Cultural”, ”Jornal de Poetas e Trovadores”, ”Callipole” “Podium”, ”A Xanela”(Betanzos), “Abril em Maio”, “DiVersos” (Bruxelas), “Albatroz” (Paris), “Artes & Artes”, “Mele”(Honolulu), “Ave Azul” , “Espacio/Espaço Escrito”(Badajoz),etc.
Como pintor participou em mostras de Arte Postal em diversos países (Espanha, França, Itália, Polónia, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Mali, etc.), além de ter exposto individual e colectivamente em diversas localidades.
..Resistência
Não apenas a música
mas o som
o ruído que envolve
o oculto grito
Não o nome somente
mas vestígio
o timbre recordado de seu
espaço
Não apenas figura
mas silêncio
silhueta ou contorno
na memória
Não o medo ou o azougue
sobre esta carne morta
Mas um vívido traço
ainda que incompleto
Mas singeleza como
um corpo inconformado
Nicolau Saião é o pseudónimo literário/artístico de Francisco Ludovino Cleto Garção, nascido em Monforte do Alentejo no ano de 1946 e residente em Portalegre desde os três anos. Exerceu as profissões de meteorologista, jornalista e escriturário. Actualmente é o funcionário responsável do Centro de Estudos “José Régio” de Portalegre
Participou em mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polônia, Brasil, Canadá, Estados Unidos, e Austrália, além de ter exposto individual e colectivamente em lugares como Paris, Lisboa, Porto e Sevilha. Organizou, com Mário Cesariny e Carlos Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso” (1984),
Poeta, pintor, publicista e actor/declamador, concebeu, realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens” (Rádio Portalegre), que entrou para o ranking dos programas mais ouvidos das rádios regionais, e onde entrevistou personalidades como: José Bento, António Luís Moita, Rui Mário Gonçalves, Fernando Vendrell, José Manuel Anes, Diniz Machado, José do Carmo Francisco, etc..
Tem colaborado em revistas e jornais literários e artísticos, tais como “Ler”, “Colóquio-Letras”, “Apeadeiro” “Sílex”, “Célula Cinzenta”, “A Cidade”, ”Bicicleta/Mandrágora”, “Bíblia”, “Ciclo Cultural”, ”Jornal de Poetas e Trovadores”, ”Callipole” “Podium”, ”A Xanela”(Betanzos), “Abril em Maio”, “DiVersos” (Bruxelas), “Albatroz” (Paris), “Artes & Artes”, “Mele”(Honolulu), “Ave Azul” , “Espacio/Espaço Escrito”(Badajoz),etc.
Como pintor participou em mostras de Arte Postal em diversos países (Espanha, França, Itália, Polónia, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Mali, etc.), além de ter exposto individual e colectivamente em diversas localidades.
sexta-feira, novembro 11, 2005
AS JÓIAS DA TERRA
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AS JÓIAS DA TERRA
de
JOSE FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO
As jóias da terra são os recantos onde os meninos brincam agachados, empurrando carrinhos, imaginando estradas infindas, seguindo com o olhar uma folha levada num regato como se fora uma embarcação num rio caudaloso. São as esquinas, as calçadas que se pisam amiúde e já se lhes adivinha os rebaixos e os encalhos, são os poiais que diariamente se sobem e no verão servem de assento para se apanhar o fresco depois da ceia enquanto se cavaqueia e o calor do dia se vai despegando do corpo.
São as ruas, feitas de mil passos, das gentes que nelas andaram percorrendo a vida, andares todos diferentes que gravamos na retina e depois mais tarde, continuamos a visualizar em cenários de saudade. Ruas caiadas, de barrinhas feitas com craveiro á porta que o povo baptizava com nomes seus, por motivos relevantes, mas que as placas toponímicas chamam agora com a graça deste ou daquele que nunca sequer as pisou mas por ser de fora, por ser figura nacional, passou a ser a nossa direcção.
Jóias da terra são os jardins onde as pessoas descansam e convivem , onde se sentem bem como em casa e por isso fazem entrar nos seus hábitos de lazer. São os largos, cheios de abraços, cumprimentos, falas e afectos, onde se faz uma pausa, se pousa o saco das compras, se dão e recebem novidades. Onde se espraia o sentimento de estarmos num lugar nosso e por isso nos demoramos sem cuidados.
São as vendas e as mercearias, onde se compram só as precisões e ao balcão também se despacham palavras de amizade, embrulhadas em gestos carinhosos de um sentir verdadeiro, se necessário solidário, desprendido da ganância pura dos neons onde não se vende fiado.
Jóias da terra são as rádios locais que manhã cedo nos acordam falando do que temos e daquilo que nos falta, seguem dia fora tocando as músicas de cá, afugentando tanta solidão, dando tanta companhia, e até à deita, persistem elogiando os nossos valores, enaltecendo as nossas obras, fazendo eco dos nossos sonhos.
São os clubes e as associações, as comissões de festas, que engendram maneiras de ocupar, dinamizar, recrear e valorizar as gentes, envolvendo-as, responsabilizando-as, fazendo delas artífices do seu bem estar e não meros consumidores da animação.
Jóias da terra são os poetas populares, os artesãos, os tocadores e os cantadores que ainda inventam brio nesta vida cinzenta para continuarem a levar por diante os testemunhos da tradição.
Gente sem pelouros nem obrigações mas que não regateiam tempo do seu tempo para dar e dedicar às coisas que outros pensam ser já de outro tempo.
Lembramo-nos do Antero que em Amoreiras Gare estrebucha por paixão à terra. Não tem horário nem mau jeito, nem há contrariedade que lhe trave o passo na sua caminhada para fazer valer os trunfos da cultura. Por devoção, todos os dias acende a vela da esperança de ver melhorar o pensamento que agora nos arreda daquilo que é nosso, das nossas raízes e dos nossos costumes.
Pacientemente insiste em não se deixar ofuscar pela modernidade reinante que do passado pretende fazer terra queimada e acredita também que num futuro, não importa quando, os valores culturais locais possam vir a ser uma jóia comum e os nossos meninos já com os olhos despregados da televisão, possam imaginar grandes veleiros ao ver passar uma folha arrastada num regato.
AS JÓIAS DA TERRA
de
JOSE FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO
As jóias da terra são os recantos onde os meninos brincam agachados, empurrando carrinhos, imaginando estradas infindas, seguindo com o olhar uma folha levada num regato como se fora uma embarcação num rio caudaloso. São as esquinas, as calçadas que se pisam amiúde e já se lhes adivinha os rebaixos e os encalhos, são os poiais que diariamente se sobem e no verão servem de assento para se apanhar o fresco depois da ceia enquanto se cavaqueia e o calor do dia se vai despegando do corpo.
São as ruas, feitas de mil passos, das gentes que nelas andaram percorrendo a vida, andares todos diferentes que gravamos na retina e depois mais tarde, continuamos a visualizar em cenários de saudade. Ruas caiadas, de barrinhas feitas com craveiro á porta que o povo baptizava com nomes seus, por motivos relevantes, mas que as placas toponímicas chamam agora com a graça deste ou daquele que nunca sequer as pisou mas por ser de fora, por ser figura nacional, passou a ser a nossa direcção.
Jóias da terra são os jardins onde as pessoas descansam e convivem , onde se sentem bem como em casa e por isso fazem entrar nos seus hábitos de lazer. São os largos, cheios de abraços, cumprimentos, falas e afectos, onde se faz uma pausa, se pousa o saco das compras, se dão e recebem novidades. Onde se espraia o sentimento de estarmos num lugar nosso e por isso nos demoramos sem cuidados.
São as vendas e as mercearias, onde se compram só as precisões e ao balcão também se despacham palavras de amizade, embrulhadas em gestos carinhosos de um sentir verdadeiro, se necessário solidário, desprendido da ganância pura dos neons onde não se vende fiado.
Jóias da terra são as rádios locais que manhã cedo nos acordam falando do que temos e daquilo que nos falta, seguem dia fora tocando as músicas de cá, afugentando tanta solidão, dando tanta companhia, e até à deita, persistem elogiando os nossos valores, enaltecendo as nossas obras, fazendo eco dos nossos sonhos.
São os clubes e as associações, as comissões de festas, que engendram maneiras de ocupar, dinamizar, recrear e valorizar as gentes, envolvendo-as, responsabilizando-as, fazendo delas artífices do seu bem estar e não meros consumidores da animação.
Jóias da terra são os poetas populares, os artesãos, os tocadores e os cantadores que ainda inventam brio nesta vida cinzenta para continuarem a levar por diante os testemunhos da tradição.
Gente sem pelouros nem obrigações mas que não regateiam tempo do seu tempo para dar e dedicar às coisas que outros pensam ser já de outro tempo.
Lembramo-nos do Antero que em Amoreiras Gare estrebucha por paixão à terra. Não tem horário nem mau jeito, nem há contrariedade que lhe trave o passo na sua caminhada para fazer valer os trunfos da cultura. Por devoção, todos os dias acende a vela da esperança de ver melhorar o pensamento que agora nos arreda daquilo que é nosso, das nossas raízes e dos nossos costumes.
Pacientemente insiste em não se deixar ofuscar pela modernidade reinante que do passado pretende fazer terra queimada e acredita também que num futuro, não importa quando, os valores culturais locais possam vir a ser uma jóia comum e os nossos meninos já com os olhos despregados da televisão, possam imaginar grandes veleiros ao ver passar uma folha arrastada num regato.
LENDA DO TOURO E A COBRA
..
O que significa a cabeça de touro que aparece no brazão da cidade de Beja?
.
"Muito antes dos lusitanos, o local onde hoje se encontra a nobre cidade de Beja com as suas muralhas romanas, era um pequeno povo que vivia em cabanas cobertas de colmo, que apenas se empregavam no exercício da caça."
A LENDA DIZ QUE:
Todos estes campos ubérrimos de pão que vemos hoje, era um compacto matagal, impossível em alguns pontos de ser penetrado pelo homem. Aí habitava uma serpente monstruosa que tudo matava, tudo triturava. Era horrível preocupação do povo que habitava no local, que mais tarde,no tempo dos romanos se chamariaa Pax-Júlia, .Um dia um habitante da região imaginou um ardil :Envenenar um touro, deitá-lo para onde existia a tal serpente.Aprovada por todos esta ideia, o touro foi envenenado e deitado para o local indicado.
A luta foi tremenda entre as duas feras, acabando o touro por ser mordido pela serpe e sucumbido aos efeitos do veneno. Já mortalmente ferido pelas investidas da serpente monstro e vencido, serviu de repasto à serpente vencedora.Mas... alguns dias depois, a serpente foi encontrada morta ao lado dos restos do touro salvador, e a região libertada .
A explicação oficial é a de que o touro representa a abundâcia de gado na região.
O que significa a cabeça de touro que aparece no brazão da cidade de Beja?
.
"Muito antes dos lusitanos, o local onde hoje se encontra a nobre cidade de Beja com as suas muralhas romanas, era um pequeno povo que vivia em cabanas cobertas de colmo, que apenas se empregavam no exercício da caça."
A LENDA DIZ QUE:
Todos estes campos ubérrimos de pão que vemos hoje, era um compacto matagal, impossível em alguns pontos de ser penetrado pelo homem. Aí habitava uma serpente monstruosa que tudo matava, tudo triturava. Era horrível preocupação do povo que habitava no local, que mais tarde,no tempo dos romanos se chamariaa Pax-Júlia, .Um dia um habitante da região imaginou um ardil :Envenenar um touro, deitá-lo para onde existia a tal serpente.Aprovada por todos esta ideia, o touro foi envenenado e deitado para o local indicado.
A luta foi tremenda entre as duas feras, acabando o touro por ser mordido pela serpe e sucumbido aos efeitos do veneno. Já mortalmente ferido pelas investidas da serpente monstro e vencido, serviu de repasto à serpente vencedora.Mas... alguns dias depois, a serpente foi encontrada morta ao lado dos restos do touro salvador, e a região libertada .
A explicação oficial é a de que o touro representa a abundâcia de gado na região.
quinta-feira, novembro 10, 2005
novos provérbios
..
«Quem ri por último, é ...retardado!
«Os últimos são sempre..desclassificados!
«Quem o feio ama,...é porque vê mal como tudo!
«Deitar cedo e cedo erguer, dá...um sono do caraças.
«Quem não arrisca, não ..se lixa.
«Filho de peixe...é tão feio como o pai!
«O pior cego é aquele que...se recusa a ter cão.
«Há males que vêm... para piorar.
«Gato escaldado...morre,.. naturalmente!
«Quem ri por último, é ...retardado!
«Os últimos são sempre..desclassificados!
«Quem o feio ama,...é porque vê mal como tudo!
«Deitar cedo e cedo erguer, dá...um sono do caraças.
«Quem não arrisca, não ..se lixa.
«Filho de peixe...é tão feio como o pai!
«O pior cego é aquele que...se recusa a ter cão.
«Há males que vêm... para piorar.
«Gato escaldado...morre,.. naturalmente!
quarta-feira, novembro 09, 2005
quarta-feira, novembro 02, 2005
A FEIRA DE CASTRO - uma gratidão que não temos
..
FEIRA DE CASTRO – UMA GRATIDÃO QUE NÃO TEMOS
de
JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO
Mandavam nestas terras os espanhóis quando por decreto régio a feira se armou em Castro, transferida da desaparecida vila de Padrões, para que com os proventos dos terradegos , se fizessem as obras de necessidade na arruinada igreja dos Remédios.
Nesse tempo Castro era uma terreola, praticamente um cordão de casas baixinhas, de taipa erguidas, unindo num traçado enviesado a dita igreja em ruínas e uma outra , a matriz, que como ela se erguia dando graças aos céus pelo milagre de Ourique acontecido por estas bandas.
Poucos anos antes, em peregrinação mais bélica que religiosa, por ambas tinha passado o senhor rei D. Sebastião que chocado com a pequenez e o estado indigno dos templos face à grandeza do feito cantado, ordenara que obras urgentes se fizessem para os engrandecer e ampliar.
Para passar pelos ditos templos teve o mesmo senhor rei de pernoitar de véspera em Entradas dado que em Castro não havia casa capaz em dimensão nem em cómodo para o receber, já que como dissemos, a vila era então um pequeno e pobre povoado só reconhecido pela importância da batalha que se lhe associava e pela decorrente monumentalidade clerical.
Vencida a peleja judicial com a usurpada vila de Padrões, a feira , ano após ano, foi trazendo mais e mais forasteiros, por ela atraídos, para ela arrebatados desde os confins do imenso sul que durante semanas se enleavam com o mercadejar, com a folia, com a pedinchice, com o cardenho, percorridas léguas e léguas, para cá e para lá, a butes, de besta ou de churrião .
Uma vez no ano, Castro trepava ao cimo das conversas , no antes, no flagrante e no depois da feira, pelas novidades, pelas carestias, pelo deslumbre, pelo que se acareava vendendo, pelo que se trazia empregando as economias amochiladas meses a fio.
De longe vinham caravanas, uma semana antes, acampando aqui e acolá, juntando-se a outros feirantes que vinham de bandas diversas e se já eram conhecidos de Outubros anteriores, folgam em conjunto, repartiam merendas, falavam do tempo, palpitavam negócios, contavam aventuras e depois partiam engrossando o fluxo que de todas as direcções confluía no arraial.
Depressa correu a fama, cedo se juntaram multidões, em pouco tempo de boca em boca passava a missiva, depois mil vezes repetida até ser ponto assente de que não havia feira como a de Castro.
E a vila, pequenina, acanhada e pobre foi-se estendendo, abrindo novas ruas como braços para alojar a feira, a rua dos legumes, a rua das cangas, os quartos dos ourives ou a rua nova da feira que se entrelaçavam e depressa constituíram a malha urbana primeira da vila actual.
Pouco depois, os lavradores dos concelhos vizinhos, muito antes de preferirem Monte Gordo ou Quarteira, começaram a fazer gala em ter uma casa aqui para se aquartelarem enquanto durava o alvoroço. Com as casas de pousada, novas ruas foram surgindo, como a da bela vista, de Ourique, do acampamento ou da aclamação, numa expansão deslumbrante para os nativos e para os visitantes que de ano para ano vinham em maior número.
Castro nasceu com a fé de fora e cresceu com a feira dentro de si. Se a fé se foi perdendo por ser transcendente, a feira alojou-se no habito dos castrenses , na sua identidade, na seu modo de lidar com a vida e com as gentes.
Durante séculos, muitas gerações vibraram, abriram as portas e os corações para receber a feira e os feirantes. Desarmavam-se as camas, juncavam-se os quartos, estendiam-se colchões, para dar guarida ou pernoita a quem de fora vinha e ali ficava de paga ou por amor em graça.
Um mês antes, de casa a casa, faziam-se as caiações, as limpezas profundas, alindava-se quanto podia, e começava-se a falar da feira. Do chove não chove, este ano ainda vai ser maior, o tempo tem vindo mau, o ano passado era um gentio de gente, vamos lá a ver, oxalá que sim, ai vai vai, já por aí andam os marchantes a contratar argolas nas manjedouras para acomodar o gado, fulano e beltrano já tiveram de despender de dois porque não têm água na cisterna à vondo para tanto caldeirão .Todas as conversas batiam no mesmo ponto.
O ar impregnava-se de uma magia estranha e começava a cheirar diferente. Vinham à memória odores antigos guardados na profundidade do ser que antecipavam o ambiente de negócio e festa. Tudo lembrava, o cheiro dos pêros de Monchique, das castanhas assadas, do azedo-doce dos figos secos, da aguardente de medronho, das azeitonas britadas, das mantas de estemenha enzeitadas, do pó e bosta da corredoura, da pólvora seca que rebentava quando a força do braço era bastante para aplicar na marreta, dos sacos das alcagoitas, das frituras, dos cabedais, dos barros de cantareira e mais ainda o que exalava dos pífaros e dos apitos de olaria de pintura fresca e colorida que obrigatoriamente se aproximavam do nariz para se poderem tocar.
Como estas lembranças apareciam, vinham também naturalmente os ciganos,e os mendigos exibindo os maiores erros da natureza e que por via dos seus aleijões tanto comoviam os adultos como acagaçavam as crianças.
Depois deles, chegavam as carroças dos vendedores de barro, cheiinhas de palha até aos taipais. Buscavam o seu sitio,desprendiam a mula, e com muito jeito baixavam os varais até ao chão. Um subia para cima da carrada , enterrava o braço no palhuço e tacteando desenterrava ora uma enfusa, um mealheiro, um alguidar, um fogareiro, que entregava às mãos estendidas da mulher que o ajudava na descarga. Eram também dos últimos a abalar juntamente com os das empreitas.
Durante uma semana, vendia-se de tudo, mais o necessário do que o supérfluo, plicos, samarras, safões, botas, chapéus, gorros e toda a farpela, mantas, cajados, bordões, escadas e varejas, arcas, mesas e tabuleiros, loiças, trempes, triângulos, tenazes e canudos, capachos, empreitas., gorpelhas, cangas e canzis, cabrestadas e molins, arreatas e barrigueiras, bicos de charrua e aivecas, machados, alferces, picaretas e barrenas.
Nas barracas dos comes, dias a fio, não despegava o cante. Cantava-se a moda, mas o mais era o despique. Reteniam as violas campaniças que mestres afamados , faziam tanger em noites sem fim sustentando as vozes que se desafiavam em cantigas que rodavam razões e poesia.
Destes tempos ficou a fama e também deveria ter ficado, mas já não perdura, uma grande gratidão de Castro pela feira, um sentimento de que sem ela não teríamos deixado de ser um pequeno povoado, praticamente um cordão de casas baixinhas, de taipa erguidas, unindo num traçado enviesado duas igrejas levantadas à conta de uma fé perdida.
FEIRA DE CASTRO – UMA GRATIDÃO QUE NÃO TEMOS
de
JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO
Mandavam nestas terras os espanhóis quando por decreto régio a feira se armou em Castro, transferida da desaparecida vila de Padrões, para que com os proventos dos terradegos , se fizessem as obras de necessidade na arruinada igreja dos Remédios.
Nesse tempo Castro era uma terreola, praticamente um cordão de casas baixinhas, de taipa erguidas, unindo num traçado enviesado a dita igreja em ruínas e uma outra , a matriz, que como ela se erguia dando graças aos céus pelo milagre de Ourique acontecido por estas bandas.
Poucos anos antes, em peregrinação mais bélica que religiosa, por ambas tinha passado o senhor rei D. Sebastião que chocado com a pequenez e o estado indigno dos templos face à grandeza do feito cantado, ordenara que obras urgentes se fizessem para os engrandecer e ampliar.
Para passar pelos ditos templos teve o mesmo senhor rei de pernoitar de véspera em Entradas dado que em Castro não havia casa capaz em dimensão nem em cómodo para o receber, já que como dissemos, a vila era então um pequeno e pobre povoado só reconhecido pela importância da batalha que se lhe associava e pela decorrente monumentalidade clerical.
Vencida a peleja judicial com a usurpada vila de Padrões, a feira , ano após ano, foi trazendo mais e mais forasteiros, por ela atraídos, para ela arrebatados desde os confins do imenso sul que durante semanas se enleavam com o mercadejar, com a folia, com a pedinchice, com o cardenho, percorridas léguas e léguas, para cá e para lá, a butes, de besta ou de churrião .
Uma vez no ano, Castro trepava ao cimo das conversas , no antes, no flagrante e no depois da feira, pelas novidades, pelas carestias, pelo deslumbre, pelo que se acareava vendendo, pelo que se trazia empregando as economias amochiladas meses a fio.
De longe vinham caravanas, uma semana antes, acampando aqui e acolá, juntando-se a outros feirantes que vinham de bandas diversas e se já eram conhecidos de Outubros anteriores, folgam em conjunto, repartiam merendas, falavam do tempo, palpitavam negócios, contavam aventuras e depois partiam engrossando o fluxo que de todas as direcções confluía no arraial.
Depressa correu a fama, cedo se juntaram multidões, em pouco tempo de boca em boca passava a missiva, depois mil vezes repetida até ser ponto assente de que não havia feira como a de Castro.
E a vila, pequenina, acanhada e pobre foi-se estendendo, abrindo novas ruas como braços para alojar a feira, a rua dos legumes, a rua das cangas, os quartos dos ourives ou a rua nova da feira que se entrelaçavam e depressa constituíram a malha urbana primeira da vila actual.
Pouco depois, os lavradores dos concelhos vizinhos, muito antes de preferirem Monte Gordo ou Quarteira, começaram a fazer gala em ter uma casa aqui para se aquartelarem enquanto durava o alvoroço. Com as casas de pousada, novas ruas foram surgindo, como a da bela vista, de Ourique, do acampamento ou da aclamação, numa expansão deslumbrante para os nativos e para os visitantes que de ano para ano vinham em maior número.
Castro nasceu com a fé de fora e cresceu com a feira dentro de si. Se a fé se foi perdendo por ser transcendente, a feira alojou-se no habito dos castrenses , na sua identidade, na seu modo de lidar com a vida e com as gentes.
Durante séculos, muitas gerações vibraram, abriram as portas e os corações para receber a feira e os feirantes. Desarmavam-se as camas, juncavam-se os quartos, estendiam-se colchões, para dar guarida ou pernoita a quem de fora vinha e ali ficava de paga ou por amor em graça.
Um mês antes, de casa a casa, faziam-se as caiações, as limpezas profundas, alindava-se quanto podia, e começava-se a falar da feira. Do chove não chove, este ano ainda vai ser maior, o tempo tem vindo mau, o ano passado era um gentio de gente, vamos lá a ver, oxalá que sim, ai vai vai, já por aí andam os marchantes a contratar argolas nas manjedouras para acomodar o gado, fulano e beltrano já tiveram de despender de dois porque não têm água na cisterna à vondo para tanto caldeirão .Todas as conversas batiam no mesmo ponto.
O ar impregnava-se de uma magia estranha e começava a cheirar diferente. Vinham à memória odores antigos guardados na profundidade do ser que antecipavam o ambiente de negócio e festa. Tudo lembrava, o cheiro dos pêros de Monchique, das castanhas assadas, do azedo-doce dos figos secos, da aguardente de medronho, das azeitonas britadas, das mantas de estemenha enzeitadas, do pó e bosta da corredoura, da pólvora seca que rebentava quando a força do braço era bastante para aplicar na marreta, dos sacos das alcagoitas, das frituras, dos cabedais, dos barros de cantareira e mais ainda o que exalava dos pífaros e dos apitos de olaria de pintura fresca e colorida que obrigatoriamente se aproximavam do nariz para se poderem tocar.
Como estas lembranças apareciam, vinham também naturalmente os ciganos,e os mendigos exibindo os maiores erros da natureza e que por via dos seus aleijões tanto comoviam os adultos como acagaçavam as crianças.
Depois deles, chegavam as carroças dos vendedores de barro, cheiinhas de palha até aos taipais. Buscavam o seu sitio,desprendiam a mula, e com muito jeito baixavam os varais até ao chão. Um subia para cima da carrada , enterrava o braço no palhuço e tacteando desenterrava ora uma enfusa, um mealheiro, um alguidar, um fogareiro, que entregava às mãos estendidas da mulher que o ajudava na descarga. Eram também dos últimos a abalar juntamente com os das empreitas.
Durante uma semana, vendia-se de tudo, mais o necessário do que o supérfluo, plicos, samarras, safões, botas, chapéus, gorros e toda a farpela, mantas, cajados, bordões, escadas e varejas, arcas, mesas e tabuleiros, loiças, trempes, triângulos, tenazes e canudos, capachos, empreitas., gorpelhas, cangas e canzis, cabrestadas e molins, arreatas e barrigueiras, bicos de charrua e aivecas, machados, alferces, picaretas e barrenas.
Nas barracas dos comes, dias a fio, não despegava o cante. Cantava-se a moda, mas o mais era o despique. Reteniam as violas campaniças que mestres afamados , faziam tanger em noites sem fim sustentando as vozes que se desafiavam em cantigas que rodavam razões e poesia.
Destes tempos ficou a fama e também deveria ter ficado, mas já não perdura, uma grande gratidão de Castro pela feira, um sentimento de que sem ela não teríamos deixado de ser um pequeno povoado, praticamente um cordão de casas baixinhas, de taipa erguidas, unindo num traçado enviesado duas igrejas levantadas à conta de uma fé perdida.
terça-feira, novembro 01, 2005
dia de todos os santos
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DIA DE TODOS OS SANTOS
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São Pedro pôs no Diário
Que lhe tinham roubado um galo
Deu com as chaves em S. Paulo
Por causa de São Macário
Os santos do Breviário
Quando fizeram a bulha armada
Fizeram uma embaixada
Trataram de se esconder
Foi quando ouviram dizer
Que S. João deu uma facada.
:
Estava lá Santo Agostinho
Estava todo escamado
Que já lhe tinham roubado
Uma garrafa de vinho
Vem dali o S. Martinho
Cala-te que eu sei bem quem é
Podes perder-lhe a fé
Que não a tornas mais a ver
Já a foram beber
A casa de S. Tomé.
:
.
DIA DE TODOS OS SANTOS
.
São Pedro pôs no Diário
Que lhe tinham roubado um galo
Deu com as chaves em S. Paulo
Por causa de São Macário
Os santos do Breviário
Quando fizeram a bulha armada
Fizeram uma embaixada
Trataram de se esconder
Foi quando ouviram dizer
Que S. João deu uma facada.
:
Estava lá Santo Agostinho
Estava todo escamado
Que já lhe tinham roubado
Uma garrafa de vinho
Vem dali o S. Martinho
Cala-te que eu sei bem quem é
Podes perder-lhe a fé
Que não a tornas mais a ver
Já a foram beber
A casa de S. Tomé.
:
Previsões para NOVEMBRO
..
.
Previsão agrícola
Cava fundo em Novembro, para plantares em Janeiro.
Pelo S. Martinho semeia o teu cebolinho.
Por S. Martinho, nem favas nem vinho.
Se queres pasmar o teu vizinho, lavra sacha e esterca pelo S. Martinho.
Por S. Martinho semeia fava e linho.
:
Chuva:
:
De Todos os Santos ao Advento, nem muita chuva nem muito vento.
Dos Santos ao Natal é bom chover e melhor nevar.
Por Santo André todo o dia noite é.
Em Novembro, chuva, frio e sol; e deixa o resto.
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-eis pelo S. Martinho.
:
Vinho:
:
Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
No dia de Santo André diz o porco «quié-quié»
No dia de Santo André quem não tem porco mata a mulher.
Pelo S. Martinho, nem nado nem no cabacinho.
Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já te não faz dano.
Por S. Martinho todo o mosto é bom vinho.
.
Previsão agrícola
Cava fundo em Novembro, para plantares em Janeiro.
Pelo S. Martinho semeia o teu cebolinho.
Por S. Martinho, nem favas nem vinho.
Se queres pasmar o teu vizinho, lavra sacha e esterca pelo S. Martinho.
Por S. Martinho semeia fava e linho.
:
Chuva:
:
De Todos os Santos ao Advento, nem muita chuva nem muito vento.
Dos Santos ao Natal é bom chover e melhor nevar.
Por Santo André todo o dia noite é.
Em Novembro, chuva, frio e sol; e deixa o resto.
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-eis pelo S. Martinho.
:
Vinho:
:
Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
No dia de Santo André diz o porco «quié-quié»
No dia de Santo André quem não tem porco mata a mulher.
Pelo S. Martinho, nem nado nem no cabacinho.
Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já te não faz dano.
Por S. Martinho todo o mosto é bom vinho.
preliminares
..
ALERTA À POPULAÇÃO:
DEVIDO AO PROVÁVEL SURTO DE GRIPE DAS AVES, AVISA-SE A POPULAÇÃO DE QUE SE DEVEM DEITAR O MAIS TARDE POSSIVEL.
NUNCA, MAS MESMO NUNCA SE DEITEM COM AS GALINHAS !!!!!!
ALERTA À POPULAÇÃO:
DEVIDO AO PROVÁVEL SURTO DE GRIPE DAS AVES, AVISA-SE A POPULAÇÃO DE QUE SE DEVEM DEITAR O MAIS TARDE POSSIVEL.
NUNCA, MAS MESMO NUNCA SE DEITEM COM AS GALINHAS !!!!!!
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