quinta-feira, dezembro 30, 2004

OS MINISTROS DA RIBEIRA DO SADO

..
"É lá no Feijó à das primas
...e o Zé Arsénio toca acordeon..."
.
ARRANJO DO ZÉ ARSÉNIO
do poema da Canção
AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO.
.
OS MINISTROS DA RIBEIRA DO SADO.

Estrá-lá....bomba
e o governo vai ao ar
cai no chão fica todo queimado
não há quem governe mais mal
que os ministros da Ribeira do Sado.
.
Os ministros da Ribeira do Sado é que é...
tratam das Finanças
com as unhas dos pés
.
Foi num dia bem chalado
o Sampaio chamou o Santana
e disse-lhe está tudo acabado
vai-te embora...meu sacana
.
Vai-te embora meu sacana
que já não és capaz
vai-te embora ó Santana
vai-te embora Santanás.
.
Vai para a rua vai pr.á rua
que esta casa não é tua

sexta-feira, dezembro 24, 2004

LETRAS DE MODAS ALENTEJANAS

..

ALENTEJO ÉS NOSSA TERRA
.
Quando o melro assobia
Escondido no silvado
Quer de noite, quer de dia
É tão lindo o seu trinado.
.
Alentejo, que és nossa terra
Ai quem nos dera lá estarmos agora!
Para a mocidade,
Com saudade,
De ouvir cantar, como ouvia outrora!.
.
Terra bela, tão desejada,
Casas singelas de branco caiadas,
Eu nunca esqueço,
Que fostes meu berço,
Lindo cantinho desta Pátria amada!.
.
Quando eu não tinha
Desejava ter
Uma hora no dia
Meu bem p’ra te ver
.

.MOREANES É MEU POVO

Os corações também choram
Eu ainda não sabia
Ontem à noite acordei eu
Ao pranto que o meu fazia.
.
Moreanes és meu povo
A minha aldeia é Santana
És das terras mais porreiras
Pra cantar à alentejana
Todos cantam lindamente
Desde o mais velho ao mais novo
A minha aldeia é Santana
Moreanes és meu povo.
.
Anda cá se tu queres água
Os meus olhos t’a darão
É pouca mas é clara
Nascida do coração
Moreanes és meu povo
A minha aldeia é Santana

quarta-feira, dezembro 08, 2004

O CANTO DO CANTE

..
O CANTO DO CANTE

JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO .
Importa ter consciência

Quem nasceu neste território, lidou desde sempre com modas, com cante e com grupos corais. Crescemos a ouvi-los, amadurecemos na sua companhia e por serem de nós tão próximos, não nos apercebemos da sua decadência paulatina, do seu envelhecimento progressivo e porque se banalizou tanto o seu existir nunca nos preocupámos com o seu futuro.
Poucos perderam horas de sono a pensar nesta realidade e menos se deixaram afectar com um amanhã, que está quase aí, quando e onde o cante seja já um resto de memórias agarradas numa qualquer gravação antiga que escutamos ou na raridade de uma interpretação esporádica a que assistimos, vinda de fora e de longe.
Entrados que somos num processo incontrolável de esvaziamento de alentos e de paixão, importa ter ao menos a consciência de que o cante é o nosso património mais valioso, um elemento aglutinador das espiritualidades alentejanas, uma verdadeira argamassa que nos liga a todos e cada um de nós, a um imaginário sócio cultural colectivo e, por essa via, se constituiu como um verdadeiro farol da nossa identidade.
Mas o cante como expressão viva da nossa cultura, está em plena degradação, minguando de dia para dia o número dos seus intérpretes, esvaziando-se de força e de energia, já que os seus actuais baluartes que são em exclusivo – os Grupos Corais , há pelo menos três décadas que vêm envelhecendo sem que tenham logrado conseguir gerar dentro de si mesmos uma dinâmica de renovação.

Temos de ser realistas

Face a este cenário, temos de ser realistas e não podemos tapar a cabeça com a manta!
Muito embora gostemos de nos animarmos a nós próprios, negando sistematicamente o que é mais do que evidente, envergonhados ou sem coragem para acreditar num fim à vista, é forçoso que olhemos séria e conscientemente para o futuro, lutando para arredarmos da nossa frente o fatalismo de vermos os Grupos caírem, um a um, como as folhas das árvores caem desamparadas no Outono.
A nossa capacidade de acomodação às circunstâncias é grande e por isso ainda vamos aguentando, apesar de tudo, o actual panorama sem grande sofrimento.
Mas se fizermos um esforço de concentração e nos distanciarmos, recuando no tempo, todos concluiremos que eram incomparavelmente diferentes há trinta anos atrás, no visual, na força, na garra e na própria interpretação, qualquer um dos Corais que ainda temos.
O cante de hoje, na óptica da dinâmica dos seus interpretes, é pois, uma sombra daquilo que já foi.

A quantidade é uma ilusão

Por isso, é ilusório fazermos as contas ao número de Grupos inventariados e concluirmos que ainda rondam a centena.
Na sua grande maioria, esses mesmos Grupos estão abalados, têm poucos elementos, falta-lhes estrutura, não têm organização, não têm iniciativa, têm pouca voz, em suma, arrastam-se agarrados ao bordão da vontade de não desistirem.
Por outro lado, os grupos corais infantis que alguns anos atrás surgiram como uma esperança de ressurgimento do cante, pouco a pouco foram sucumbindo e deles quase nada resta.
Paralelamente, os grupos corais femininos que nos últimos anos vieram dar um novo ímpeto ao nosso movimento coral, reduzem-se quase todos à valia das iniciativas em si mesmas e subsistem escorados na força de vontade de meia dúzia de mulheres que teimam em não baixar os braços nem calar a sua voz.

É alarmante

Perante este quadro, temos de rotular como alarmante o estado actual do Cante Alentejano e consequentemente, como eminente, a perda irreparável da fatia mais preciosa da nossa memória colectiva.
E não se trata de falso alarme o que aqui dizemos, nem muito menos, poderá ser uma visão pessimista da nossa realidade.
É antes, a real constatação de um estado de debilidade provocada por um somatório de factores negativos e adversos que empurraram para um beco quase sem saída o nosso movimento coral, pensando no modo como sempre o perspectivámos e idealizámos.
Nunca sonhámos com um Alentejo cantado por três ou quatro afamados Grupos Corais.
Sempre nos batemos pela vulgarização do gosto pelo cante de modo a que a organização, o surgimento e a manutenção de grupos corais em vilas e aldeias fizesse parte e fosse a expressão natural e saudável do nosso estar colectivo.
Mas o silêncio vai-se impondo e em sua antecipação começa a medrar o mal estar, motivado pelo desconforto que resulta da incapacidade de se cantar como sempre por cá se fez.
Uma semana vêm poucos ao ensaio e não se canta.
Na outra semana por uma razão qualquer não se ensaia.
Na outra semana discute-se e não há ensaio.
Menos, cada dia aparecem menos homens e mulheres a formar.
Grande parte dos Grupos não acaba só por falta de coragem de se lhes ditar a morte efectiva, mas a tristeza senta-se todos os dias ao lado dos cantadores e desfila com eles nas arruadas, até que chegue a altura do homem da chave deixar de ir abrir a porta e as vozes dispersarem e logo a seguir emudecerem.

O cante está abandonado à sua má sorte

Se chegámos a este estado, se perdemos a alegria de cantar, se nos faltam as forças para cadenciar no presente, a culpa reside no estado de abandono a que foi votado o cante.
Dada a sua génese rural, o seu futuro tenderia a ser difícil, numa sociedade cada vez mais urbana e onde, por razões de ordem sócio- cultural se rejeitam os estigmas ligados a situações de pobreza, de sofrimento e até de algum aviltamento vividos pelas gerações antes da nossa.
Mas após a ruptura política verificada em setenta e quatro, todos podíamos e devíamos ter crescido, do ponto de vista intelectual, pelo menos o bastante para dissociarmos o cante do trabalho duro e a moda da pobreza.
Podíamos e devíamos ter assumido o cante como nosso, repositório de memórias, coração de um peito grande que é a nossa cultura.
Mas assim não foi.
Os políticos da esquerda aproveitaram-se e os de direita demarcaram-se dos Grupos. Mas, nem uns nem outros, inscreveram o cante na prioridade das suas preocupações.
Distribuíram as côdeas que até já vão negando, às bocas pouco exigentes dos corais.O miolo do bolo foi e continua a ser distribuído por outros folclores, com outros artistas, com mais gabarito e de maior rentabilidade nas estatísticas eleitorais.
Isto do cante, é coisa de gente pobre que não é esquisita nem reivindicativa. Se saírem de vez em quando, a passear e bebendo uns copos, não precisam de mais . E o cante, propriamente dito …que graça tem aquilo?
Por isso, os serviços sócio-culturais das Câmaras e os seus vereadores e os seus assessores, nunca perderam muito tempo idealizando soluções para retirar dos braços da morte, há muito tempo anunciada, os corais dos seus concelhos.
Relvaram-se campos de futebol, fizeram-se parques desportivos, alinhavaram-se dezenas de planos de actividade, organizam-se milhentas semanas culturais com orçamentos pesados, mas para o cante faltou sempre a vontade de intervir de molde a proporcionar aos Grupos os meios e os afectos de que eles careciam para viver.

Talvez já seja tarde

Perante este cenário, só a MODA- Associação do Cante Alentejano, poderá desenvolver iniciativas e continuar a apostar e a acreditar no futuro dos Grupos Corais.
Talvez já seja tarde, mas é sempre ocasião de recusar a aceitação deste estado moribundo em que o cante mergulhou.
Deve a MODA multiplicar-se em contactos com os corais, abraçando e acalentando as energias ainda disponíveis, incentivando as vontades ainda de pé, motivando os intérpretes mais arredios, imprimindo organização e qualidade a quantos existem.
Deve também a MODA projectar-se de mil modos, em busca de protagonismo, para que a sua voz possa ser ouvida e respeitada.
Tem de ganhar o estatuto de parceiro cultural, alicerçando o seu poder reivindicativo na valia do cante e, em especial, no espectro dramático daquilo que seria o Alentejo sem os seus cantares, trazendo para o seu seio todos quantos sentem e vivem esta terra na plenitude dos seus valores e como tal recusam admitir tal eventualidade.
Cabe à MODA a ultima esperança de podermos estancar uma sangria velha que conduziu os nossos Grupos a um estado de debilidade já insuportável por mais tempo.
Paralelamente, impõe-se que todos os que ainda sentem a chama da cultura mãe a cerrarem fileiras em torno da defesa intransigente do nosso património mais valioso, mas também em perigo de ruína maior .

domingo, dezembro 05, 2004

sábio chinês

..
Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele vira-se para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores!!!

sexta-feira, dezembro 03, 2004

QUE FAZER à Lei da Rendas, à das SCUTS, à da Segurança Social, à Central de Comunicações Estatal

...
AGORA QUE O GOVERNO SANTANA LOPES CAÍU...

A NAU CATRINETA,última versão

..

Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar
São Paulo Portas à Proa
Santanás a comandar
.
Ouvi agora senhores
uma história de pasmar
D. Bagão conta o pilim
D. Morais trata das velas
D. Guedes limpa com VIM
tachos pratos e panelas
D. Pereira na enfermaria
conta pensos e emplastros
E o D. António Mexia
põe vaselina nos mastros
.
Razando o Cabo Espichel
eram três da madrugada
armou-se um bruto granel
num canto junto à amurada
.
Mas o que é que motivara
toda aquela confusão?
O que fôra que gerara
gritaria até mais não?
.
O calafate-arquiteto
que ordenara proibir
passar por baixo de um teto
que ameaçava ruir
.
Era o teto da passagem
de um corredor estreitinho
usado p'la marinhagem
para encurtr o caminho
que desde o convés levava
bem ao fundo do porão
vejam o transtorno que dava
fechá-lo do pé para a mão!
.
..."Ide chamar D. Mexia...
-vociferava a horda irada -
...queremos esta porcaria
quanto antes arranjada!"
.
.."Quanto antes? Ora essa!
que pescam disto vocês?
fazendo bem e depressa
no mínimo demora um mês!"
.
..."Que ninguém tente passar
se houver quem desobedeça
está sujeito a levar
com o teto na cabeça!"
.
"...A culpa de tal estado
foi do nosso Capitão
que ali no salão ao lado
fez um buraco no chão
quando uma certa vez
teve uma ideia bué estranha:
ligar o salão Marquês
com a saleta Saldanha...
.
...Ao desatar à mocada
no duro chão de carvalho
a vibração provocada
fez este belo trabalho!...
.
...Não escutou o engenheiro
tal a sua obsessão
e foi mais um sapateiro
a querer tocar rabecão!...
.
...Aqui o vosso parceiro
só vê uma solução:
usar a sala Areeiro
que tem escada p'ró porão!"
.
Após nova gritaria
e apupos a Santanás
eis que surge D. Mexia
e o capitão logo atrás
.
"...Ora vamos lá a saber
o que se passa afinal!
falai que quero entender
a causa do cagaçal!...
.
...Triste sina a que me segue
"encosto" um bocado e záz!
Já um homem não consegue
dormir uma sesta em paz?...
.
Mais uma vez vos pergunto:
Qual é então a razão
qual o motivo, o assunto
>>de mais esta confusão?"
.
"...D. Santanás, Senhor Nosso
-exclama um na molhada -
a razão deste alvoroço
é que a malta está lixada!
.
O que vos deu, capitão?
p'ra sacardes da marreta
e fazer um buracão
no chão da Nau Catrineta?
.
O que fosteis arranjar!
Vós só fazeis é cagada!
agora temos que dar
volta e meia na amurada!"
.
...Se fossem inteligentes
conseguiam alcançar
mas como são uns dementes
lá vou ter que explicar!
.
Representas os canalhas
agitador comunista?
Pensarás que és o Carvalhas
ou o Louçã Bloquista?
.
Sabede que antes de El-Rei
fazer de mim Capitão
nos sítios onde passei
em tudo o que puz a mão
No Sporting, na Figueira,
na Câmara da Capital
arranjei sempre maneira
de deixar o meu sinal
.
Se prestassem atenção
seus marujinhos da treta
achariam a razão
porque agarrei na marreta
é a sina que eu abraço
p'ra lá de outras desgraças
meter tudo onde passo
num buraco do caraças!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

QUE SIRVA DE VACINA

..

Santana ultrapassou o "máximo de Peter". Revelou finalmente a sua falta de arcaboiço político, intelectual e humano.

A sua "superficialidade", as suas limitações técnicas e incapacidade de coordenação, conseguiu resistir vinte e tal anos sem se revelasse em toda a sua crueza. Não foi por acaso que foi dos poucos (muito poucos) candidatos ao mestrado que chumbaram . Quem se candidata a "mestre" , em qualquer Faculdade, é por príncipio bom aluno, que prepara a sua "tese" com muito estudo, muito trabalho, e muito conhecimento. Santana apresentou-se na área de Direito Constitucional perante um juri presidido pelo insigne Prof. Jorge Miranda , e no dia da discussão , face à sua fragilidade de conhecimentos foi reprovado. No dia seguinte veio para os jornais afirmar que tinha sido um "chumbo político".
A sua falta de capacidade foi notória, já na Câmara de Lisboa, mas atingiu o zénite, nesta sua desastrada passagem por Primeiro Ministro.
Nunca num só Governo havia coexistido tanta mediocridade, sendo que , a solução encontrada por Jorge Sampaio há 4 meses, acabou por ser ajustada, pois assim, ficámos todos a saber o que não queremos. Foi uma espécie de vacina, que espero seja suficiente para que os próximos tempos, não voltemos a ter uma epidemia tão dolorosa, e que tantas sequelas vai deixar.
Disse isso desde o primeiro minuto, após ouvir a decisão do Presidente da Republica, em Julho últomo. Afirmei então, que o PSD deveria continuar por mais algum tempo a fazer as asneiras que vinha fazendo, com o Santana Lopes seria ainda pior, pois tal serviria como vacina em futuras eleições.
A falência do Portugal SA do Durão, que desenhou um país à imagem duma empresa, no qual nós cidadãos, um dia, correríamos o risco de ser despedidos...!!!,teve esta adenda exemplar. Tomara que tenhamos todos aprendido

sexta-feira, novembro 26, 2004

PROVÉRBIOS

..

-Quem tem rabo de palha, não chega perto do fogo
-Quem vai dar, leva um saco para trazer
-Quem tem boca não manda soprar
-Quem tem padrinho não morre pagão
-Quem semeia abrolhos, espinhos colhe
-Quem perfuma o porco, perde o cheiro e o juízo
-Quem mexe o angu, sabe a dureza que ele tem
-Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão
-Onde não há, perde el-rei
-Bezerro enjeitado, não escolhe teta
-Quando o nal é de morte, o remédio é de morrer

CADA MACACO NO SEU GALHO

..
..

Estava um homem a guardar ovelhas, quando repentinamente, por um carreiro inóspito, lhe aparece o Eng.º montado num tractor 4x4 último modelo, todos os extras, CD com MP3 incluído, vestido com fato Hugo Boss e sapatos DKNY óculos Kalvin Klein. Aproxima-se do velho pastor e diz-lhe:
"Senhor, se eu determinar o número de ovelhas existente no seu rebanho, ganho uma?"
Assombrado, o velhote concordou. O Engº dirige-se ao 4x4, saca de um Toshiba Tecra 8000 com 1024 MB de RAM, liga-se à
Internet por GSM, faz download de uma base de dados de 300 MB, entra numa página da NASA localizando por satélite a região exacta onde se encontra o rebanho. Executa uma média histórica da massa de uma ovelha Merino mediante uma tabela dinâmica de Excel, com a execução de algumas macros personalizadas em Visual Basic, obtém um diagrama de fluxo, e ao cabo de 3 horas responde ao velho:
"Você tem 1347 ovelhas no seu rebanho, e provavelmente 4 estão grávidas."
O velho assentiu, e disse-lhe que podia levar a ovelha. Quando o outro já estva para partir, o pastor chamou-o e perguntou:
"Ouça, se eu adivinhar onde você estudou, e que curso, devolve-me a ovelha?"
O Eng.º executivo sorriu e respondeu:
"Claro, claro", enquanto continuava a preparar o tractor para partir.
"O senhor estudou Gestão de Empresas na Universidade Católica".
Foi a resposta imediata do pastor. O outro desceu do carro e, espantado, perguntou-lhe como sabia isso.
"É fácil", respondeu o pastor. "Por 4 razões. Primeiro, pela sua ganância. Segundo, porque apareceu sem que eu o tivesse chamado. Terceiro, cobrou por me informar de algo que eu já sabia. E, por último, por que você, na verdade, não percebe nada do negócio. Agora, se não se importa, DEVOLVA-ME O CÃO!

sexta-feira, novembro 12, 2004

O BALDÃO

..
O CANTE DO BALDÃO

Em volta de uma mesa sentam-se os cantadores, normalmente juntinhos e sobre a mesma dispõem-se os copos e coloca-se o mais. Buscam posições, procuram parceiros, trocam olhares fugidios, disfarçadamente miram a aparência dos concorrentes, tossem, pigarreiam, limpam a garganta, passam sugestivamente a mão pelo pescoço e invariavelmente lamentam-se pela sua fala que hoje para nada presta.
Tenho estado tão constipado ... se calhar até nem canto, é o costume dizerem.
Mas cantam sempre, é uma desculpa adiantada para qualquer falho ou para iludir os outros se eles se fiarem nas queixas.
Entretanto, todos se aconchegam, ajeitando-se nos lugares para darem largueza ao tocador. E a campaniça começa a retenir a moda da marianita do princípio ao fim. Sempre assim foi e assim será. Tal como o rumo das cantigas, segue obrigatoriamente o percurso inverso ao sentido dos ponteiros do relógio. É um preceito. Uma regra que ficou estabelecida desde o início deste cante para que cada vez que se juntam não tenham de estar a preocupar-se com os pormenores da volta.
Mas depois dos primeiros acordes, os olhares fixam-se na boca e os sentidos nos dizeres do cantador que é o mão. Cresce a tensão, aumenta o desejo, redobra o frenesim e o silêncio do principiante é insuportável. O tocador que já percorreu a moda ponto por ponto então sustem-se, já não abala, pisa as cordas com os dedos esquerdos e desata a repetir a chamada com a unha acrescentada do polegar direito fazendo soltar à viola ganidos de impaciência. Chegados aqui, o cantador já sem saída, ganha fôlego, fecha os olhos, enterra a boina e lá vai.
Lançada a primeira cantiga, as demais já se sucedem sem tanto receio, naquele dito rodar às avessas do tempo.
Enquanto a vez não chega, matina-se na cantiga seguinte, debica-se no petisco e vazam-se os copos. Pouco se fala para não entreter, para não fazer fugir o tino e a rima.
E aos dizeres dos cantadores os outros respondem no flagrante só com incontidos acenos de cabeça ou piscadelas de olho furtivas.
Quando chegar a sua vez logo ripostam se for caso disso e se a habilidade lhes bastar. São regras, são preceitos.
O cante depois começa a buscar-se a si próprio, engendra um fundamento, tem de encontrar um rumo. E a poesia fervilha, repentista, cortante, às vezes marota. De tudo se trata, ali tudo se diz, rimando, com uma musicalidade e uma entoação que nos transportam longe.
Os cantes são desafios à imaginação, à inspiração e à resistência. Duram horas a fio, sempre sem quebras nem pausas, penetram pelas madrugadas como se o tempo a cantar não contasse.
O tocador nada lhes diz, ouve-os, olha-os, de quando em vez deixa escapar um sorriso. Os outros levantam-se nos intervalos da sua vez quando precisam de despejar o bebido, mas o mestre aperta-se, sustem-se, para não quebrar a magia que a viola e o rodopiar das razões geram em volta da mesa.
Discutem mil assuntos, acertam contas antigas, mas filosofam invariavelmente acerca da valia da honra, do dinheiro, do ferro, do ouro, do campo e da serra.
Que saber o seu, que arte a deles.
Do fundo de tal tempo, guardam a memória de cantares antigos, de génios andantes que de feira em feira ganhavam sustento e acrescentavam a fama.
Derivado do despique este cante arreigou-se nas fraldas da serra*, ali se forjou e ali perdura, alimentado pela seiva de gentes ricas em valores tradicionais e senhores plenos da sua identidade.
Readquiriu, recentemente, grande fôlego esta expressão vocal e poética tendo os seus intérpretes voltado a sentir brio na sua arte. O baldão furtou-se a uma morte anunciada e ganhou alma, alento, adeptos, ouvintes, apreciadores. Tem, presentemente, tudo o que é necessário para vencer o esquecimento e continuar a cantar-se no sentido inverso ao dos ponteiros que marcam o ritmo dos dias.

José Francisco Colaço Guerreiro


CANTE ALENTEJANO

..
O CANTE ALENTEJANO
As origens do Cante continuaram a dividir as opiniões, onde era talvez esta a questão mais polémica relacionada com o Cante. Queriam uns que as suas raízes estivessem na fusão das polifonias arcaica e clássica dos séculos XII e XV com influências do chamado « Fabordão » ( sistema popular de improvisação ). Para outros a influência dominante seria o árabe, onde o Alentejo foi a região que mais preservou as influências dessa cultura. De influências árabes ou gregorianas, certo era ser o Cante, nas palavras do Padre António Mourão, a perfeita imagem do Povo Alentejano, no seu quotidiano, durante séculos, e que se manteve viva, em toda a sua beleza sentimental e nostalgica, que embalou a sua gente, a fez trabalhar, cantar, chorar, sofrer, rezar e morrer, numa epopeia bem digna da pena de um povo, ainda que rústico ou épico.
OUTROS CANTES
Para além do Cante, outras formas folclóricas floresceram no grande Alentejo.
Entre elas as mais significativas foram sem dúvidas as saias, as cantigas ao despique e o cante ao baldão.
SAIAS
Implantadas em toda a zona interior do Alto Alentejo, as saias eram ao mesmo tempo um canto e uma dança. De carácter mexido, atrevido, e por vezes mesmo brejeiro, o jeito alegre e descontraído das saias propiciavam um contraste flagrante com a simplicidade austera e melancólica do Cante. Ao contrário deste, exclusivamente polifónico, as saias incluíam uma variedade considerável de instrumentos musicais.
As saias exerceram profunda influência sobre a generalidade de grupos de música popular, mesmo os das zonas do Cante. A confluência das influências destes dois tipos de folclore, , resultou no aparecimento de grupos hibridos, anatemizados por alguns, mas alcançaram bastante sucesso a nível nacional. Um dos exemplos pode ser mesmo a moda de « O Passarinho » lançado pelo Grupo de Cantadores de Portel, e que foi um sucesso de vendas em todo o País, e que nada tem de tradicional.
CANTE AO BALDÃO
O santuário do Cante ao Baldão era sem dúvida nas zonas de serras entre os concelhos de Ourique e Castro Verde. Servido e acompanhado da viola campaniça,
o Cante ao Baldão era também ele uma manifestação musical popular única.
Assistir ao balão , na Feira de Castro, é um dos momentos mais altos da romaria do terceiro fim de semana de Outubro.
É sobre o Baldão que se segue um artigo do José Francico Colaço Guerreiro.

quarta-feira, novembro 10, 2004

ADEUS Ó FEIRA DE CASTRO

..
ADEUS, OH FEIRA DE CASTRO!

Colaço Guerreiro

Vem do tempo em que a poesia e os ditos envolviam e amenizavam a vida madrasta desta gente quase toda que por aqui nascia, labutava e perdurava até se lhe acabar o existir.
Quando nada havia, para além dos gemidos contidos nas vidas apertadas, as vozes e os cantes erguiam-se e esbracejavam inconformados com o vazio, estendendo-se pelos horizontes de limites indefinidos, em busca de uma largueza inexistente, na essência de cada qual, só conseguida e cimentada num movimento colectivo, fosse ele murmúrio ou moda, fosse enterro ou adjunto.

E por isso, as feiras tinham uma magia que galvanizava os imaginários, onde a solidão entontecia nas voltas dos carrosséis, os olhos abriam-se para os passantes todos e embriagavam-se de novidades, das vistas das coisas não tidas, mas assim possuídas por instantes breves.
A barafunda contrastava com a monotonia dos dias e excitava os desejos mais profundos de animações, de contactos e de afectos negados no quotidiano.

Quando tanto se poupava, sabia bem a extravagancia de uma nesga de polvo assado, da compra de uma flaitinha, de uma plica mais grave, de um cabresto enfeitado, de umas guisadas estridentes.

E fazia bem à economia familiar, vender-se um gadinho, desempatar algumas das mantas tecidas durante o ano inteiro, peugos, cestos, cadeiras ou cajados feitos sem fazer conta ao tempo.Os da terra apuravam uns tostões vendendo barrigadas de água, alugando argolas de manjedoura ou cedendo espaços nas suas casas feitas quartel ou pousada.

Por isso, chegado o Setembro, quando o sol começava a entrar no declínio outonal cortando mais baixo a travessia do dia, a efervescência acendia-se aqui e nas redondezas.
Ainda faltava mais de um mês e a propósito de nada já se dizia que cheirava a feira de Castro. Tudo servia para lembrar o adjunto.
“Vê lá se dás notícia de passar por aí o caleiro que eu preciso de comprar umas arrobas de cal para derregar, porque tenho o pote lá por aí abaixo e daqui a pouco quero começar a caiação, porque não tarda os quartos de um cão, está aí a feira” - recomendavam as vizinhas umas às outras, muito antes de se começarem as ver pelas ruas as escadas empinadas contra as empenas e os vassouricos manobrando na alvura das paredes, enquanto rente ao chão, as que menos podiam faziam os baixinhos.
Depois, à medida que o tempo ia passando, a chuva ou o estio, entravam nos cumprimentos em forma de adivinhação, em concordância de prognóstico ou não, mas acabando sempre com um vamos lá ver, pode ser que não tenha dúvida.
Se caíam uns pingos e as formigas de asa, moles e tontas, apareciam trepando às paredes para depois caírem, aumentava o murmúrio, mergulhava-se numa tristeza colectiva, porque a feira ia ser molhada.
Se a lua levava círculo, se o vento vinha do lado do caldeirão, se as maravalhas penduradas nas paredes se encolhiam, se os ladrilhos mudavam de cor, se as badaladas do sino da igreja se ouviam de modo diferente, se os ossos doíam, se a ferrugem da chaminé se desprendia, se à tardinha o astro se punha de certo jeito, era mais que certo, tínhamos o tempo mudado.
O bom era que chovesse, umas cargas boas aí umas semanas antes da feira. Dava outra vida, porque aumentava a esperança de termos um arraial melhor, acrescentado com o viço dos campos que começavam a esverduengar e das searas também abicando, prometendo boas pastagens para a borregada e boas fundalhas para os celeiros. Vinha ainda a tempo de segurar as bolotas e de engradecer as azeitonas.
Desgraça era se o estio se prolongava até Outubro, sem um bico de erva nos campos e com as semeadas empoeiradas ainda sem um bago de trigo agalhotado.
Antevia desgraça e os gastos na feira eram mais contidos. No lugar três, só se comprava uma panela de barro, em vez de umas botas novas tinha de se ver se as velhas ainda seguravam umas trombas, em vez de um chapéu novo usava-se o desboto, em vez de uma prenda para o enxoval da filha casadoira, levava-se só uma nesga de torrão de Alicante. Contendo até ao limite do nada o gosto inigualável de vir à feira e enfeirar muito mais que um rábano, um cartucho de azeitonas massanilhas e um litro de fava assaria para enterrar dali a semanas.
Mas desnoca maior era quando nas vésperas da feira os céus se rompiam e do ar caíam esgarrões de água sem conta, enchendo barrancos, esvarjando ribeiras, fazendo das estradas atasqueiros e do largo da feira um mar de lama.
Os feirantes sumiam, os ciganos desarvoravam e um ano inteirinho de expectativas e sonhos gorava-se, numa decepção imensa, sem diversão nem proveito, sem registo de prazer, excepção feita para os cantadores do despique e do baldão porque esses, chovendo ou ventando, permaneciam nas barracas durante três dias a fio, agarrados às cantigas, tasquinhando castanhas e emborcando copinhos de medronho.



quarta-feira, outubro 27, 2004

POEMAS DE MARIANA

..
POEMA ESCRITO PELA
MARIANA , QUANDO
TINHA 9 ANOS DE IDADE

.
A MELANCOLIA DE OUTONO

As folhas caiem
como gotas de cristal
as folhas navegam
num mar de poeira
.
É o Outono que já chegou
os riachos correm lentamente
as cascatas correm dos montes altivos
beijam a água dos lagos
e mergulham para sempre

As lagoas reflectem um céu nublado
o Sol atrás das nuvens
parece querer dizer-nos
pra nos consolar:
-Esperem pelo próximo Verão

Lá voltarei a brilhar

CONSELHO DE INISTROS OU CONSELHO DE REDACÇÃO???

..
CONSELHO DE REDACÇÃO OU DE MINISTROS???!!!
..
Agenda da reunião do Conselho de Ministros:
Grelha de Programação da RTP 1 para Quarta-Feira.

Morais Sarmento - Vemos então, caros colegas, preparar hoje a grelha de Quarta-Feira da RTP 1. Cada um faz as suas propostas.
Rui Gomes da Silva - Eu quero o Domingo Desportivo.
Santana dá calduço a Gomes da Silva
Santana Lopes - O Domingo Desportivo não pode ser à Quarta, ó Amélia.
Rui Gomes da Silva - Porquê?
Maria do Carmo Seabra - E se convidássemos gente gira, sei lá. Gente que se destacou em qualquer coisa, sei lá.
Morais Sarmento - Mas tem alguma ideia?
Maria do Carmo Seabra - Sei lá.
Paulo Portas - Devia ser uma coisa mais sóbria. Uma parada militar. Se há problemas com dinheiro, já tenho patrocinador: as pastilhas Gorila.
Santana Lopes - Seeeeeeca!!!
Bagão Félix - E porque não a repetição da Eucaristia Dominical.
Santana Lopes - Seeeeeeeca!!!
Bagão Félix - Pronto, ok, pode ser o Preço Certo em Euros.
Álvaro Barreto - As saudades que eu tenho da TV Rural.
Santana Lopes - Seeeeeeeca!!!
José Luís Arnaut - Os donos da Bola, pode ser os donos da Bola?
Santana Lopes - Não é mal pensado.
Morais Sarmento - Isso vai ser a segunda parte do telejornal, já está decidido.
Maria João Bustorff - Eu acho que podíamos ter um programa de entrevistas a pessoas da área da cultura. Aquele da Ana Sousa Dias, que dá no canal 2.
Santana Lopes (em segredo para Morais Sarmento) - Quem é esta freirinha?
Morais Sarmento (em segredo para Santana Lopes) - É a da cultura.
Santana Lopes (em segredo para Morais Sarmento) - uuuuui. E essa Sousa Dias? É nossa?
Morais Sarmento - Não sei. Ó Gomes, essa Sousa Dias é nossa?
Rui Gomes da Silva - Estou a ver isso aqui nos meus papeis. Pelo menos não está na lista de assessores. Mas ainda me faltam verificar 240.
António Mexia - O McGiver é que era. Uma coisa cheia de explosões, estão a ver?
Luís Nobre Guedes - Posso ser eu o bom?
Álvaro Barreto - Tirem-me este gajo da frente.
Luís Nobre Guedes - Olha, olha, quem está mal muda-se. E se fosse um programinha de bricolage e arquitectura?
Rui Gomes da Silva - Por mim, continuo a achar que o melhor era o Domingo Desportivo.
Morais Sarmento - Ó Rui, vai lá abaixo comprar-nos uns cafés. E não fales com estranhos, por favor. Leva a Maria do Carmo.
Santana Lopes - Pessoal, o Sampaio está muito interessado nisto. Sabem que desde que se retirou da vida política que vê muita televisão. Por isso, vamos atinar
Morais Sarmento - Passamos alguma coisa à hora da tua sesta?
Risos
Santana Lopes - Engraçadinho! Tive uma ideia genial: vamos passar um programa que se chame "Contraditório". Uma coisa com um gajo da oposição sempre disposto a engolir sapos. Podia ser o Sousa Tavares. E depois uns gajos que representassem a direita livre e independente. Podia ser o Luís Marinho, o que está na RDP, o Luís Delgado e o Carlos Magno. O que acham? É mortaaaaal, como dizia o outro.
Morais Sarmento - Já fiz isso na Antena 1.
Santana Lopes - Bolas! É que não consigo ter uma ideia. Estou com sono. Vou mesmo dormir uma sestinha.

sexta-feira, outubro 08, 2004

CAMINHOS DO MONTE DA RIBEIRA

..
No mês de Maio, quem toma o caminho que leva do Monte da Ribeira à do Testa, encontra estas espantosas paisagens, lindas de morrer...

Espantado com tanta beleza, comecei a fazer imagens, quer fotográficas, quer captadas pela minha câmera de filmar, sofregamente, e soltando adjectivos cada vez mais eleborados:
Que espanto!!!
Fantástico!!!
Olhem para esta côr!!
O António, logo me invectivou:
-"Sabes o que é essa flor amarela? Não sabes, claro, estes senhores de Lisboa..ahahah!!
-"Isto tão bonito são pimpilhos, homem, que destroiem as sementeiras."
Enbora aceite a reprimenda dum homem que necessàriamente tem que valorizar o elemento prático, não posso deixar de "gritar" o meu espanto, o meu agrado, por tão enorme beleza:

Registo aqui, e convido todos a irem na Primavera a este local espantoso:
Xaminho entre o Monte da Ribeira e o do Testa.

quinta-feira, setembro 30, 2004

MONTE DA RIBEIRA , o brazão de uma família unida

..

.
O Monte da Ribeira tem a importância para a família Colaço, de um brazão, de um ícone, de uma matriz. pois foi construído com o esforço dum pai de 9 filhos, como se edificasse com amôr, cimento, sabêr, suor e tijolos, a estrutura forte da sua numerosa família.
Pisar o seu chão, sentir os seus cheiros. respirar o seu ar, tem para os descendentes do José Batista Colaço e da Felicidade Lúcia, o significado de tocar, de sentir, as suas origens , as suas raízes.
E é assim com uma emoção renovada, que sempre que revisitam o "Monte", os filhos, netos e bisnetos , revigoram a sua pertença, fortalecem os seus laços, se sentem mais integrados, mais uns dos outros.
Recordam a sua meninice, repetem relatos das suas traquinices, lembram as suas brincadeiras, as doces reprimendas da mãe Felicidade, as estórias e os ensinamentos do pai José, tudo, aquele local, aquela casa, lhes trás à memória.
Coube ao António, o mais novo dos rapazes, a orgulhosa missão de guardião do símbolo físico da Familia, do seu brazão, e para isso muito trabalhou, muito batalhou, conseguindo-o com o suor do seu rosto, com o sacrificio de um homem talhado para vencer.
Relembro o poema que já antes se publicou, e que nos fala dos serões desta "casa", deste "Monte".:
.
MONTE DA RIBEIRA - SEUS SERÕES

A estória que vou Contar,
Vem cheia de recordações,
leva-nos todos a lembrar
do Alentejo os seus serões

.
À beira daquelas brasas,
todos juntos à lareira,
comendo chouriço e favas,
lá no Monte da Ribeira
.
.
Os irmãos todos reunidos,
Contavam estórias d.encantar
faziam-se queijos, também enchidos,
adivinhas, renda e às s cartas jogar.

.
"Princesa d.Austria", sua linda estória.
"A totinegra do moinho"
Muitos contos de memória,
contava ti Chico Paulino.
.
"Carlos Magno" contava o Zé,
o tio Branco, contos sem rima,
"Os dois Castelos","Cabra cabrez"
dizia então o Ti Jesuína
.
Vinham amigos de longe e de perto,
do Pardieiro, do Forno da Cal,
também do Testa, dos Porteirinhos,
Ti Chico da Mina, qu.era o moiral
.
.
Aqui fica para a história,
do Alentejo , o seus serões,
Que não nos sáia da memória,
pr.alegrar nossos corações

.

sexta-feira, setembro 24, 2004

PRELIMINARES

..
Depois das conferências do dia, muitos colegas médicos encontram-se no Bar
do hotel.
O álcool ajuda à extraversão e alguns contam as suas últimas conquistas
científicas.
O australiano começa:
- Tivemos um fulano que foi atropelado e a única coisa intacta que tínhamos
era o seu dedo mindinho.
Pois, a nossa equipe conseguiu, pelo DNA, refazer a mão, um novo braço, um
novo corpo! O paciente ficou tão capacitado ao ter alta, que tirou o emprego
de cinco pessoas!
- Isso não é nada! - Diz o americano.
- Nós tivemos o caso de um operário que caiu no reactor atómico de um
central nuclear! A única coisa que sobrou dele foi um cabelo.
Pois pelo DNA dele conseguimos reconstituir completamente todo o seu corpo.
Depois de ter alta, esse sujeito mostrou-se tão eficiente que cinquenta
pessoas perderam o emprego!
O português pede a palavra:
- O caso que vou contar é muito mais interessante: um dia em que eu estava a
andar pelo hospital senti o cheiro de um "traque"
Imediatamente, eu o capturei num saco que levei até o laboratório. Chamei
minha equipe e começamos a trabalhar. Primeiro, a partir do "traque", fizemos
um ânus, em seguida reconstituímos o intestino, e depois, pouco a pouco,
todo o corpo, por fim o cérebro. O projecto desta criatura foi chamada
SANTANA LOPES e está a ter um desempenho tão fantástico que milhares de
pessoas vão perder o emprego!!!


terça-feira, setembro 21, 2004

O NOSSO BLOG, TAMBÉM NOS ESTADOS UNIDOS, ISNT.IT JIMY?

..
Quando no Verão de 1992 estiveram de férias entre nós, o João a Benedita o Jim e a Maria joão, tivémos oportunidade de os melhor conhecer e após alguns dias de convívio e alguns passeios juntos, por Sintra , Évora entre outros sítios ,

, ficou no ar uma mais sólida amizade e o som das gargalhadas do Jimy. Ainda hoje ao rever as imagens que então recolhi, me demancho a rir,ao revê-lo em plena marginal do Estoril, após termos saído do Casino, a comer e
a dar tremendas gargalhadas ,reveladoras da satisfação que sentia e do sentido de
humôr que a todos contagiava.
Alem de que, tendo o Jimy e a Maria João ficado na nossa casa do Feijó, a ela ficaram "ligados" para sempre, pois a filha mas velha de ambos, nove meses depois nasceu... É a eles que hoje me dirijo, convidando-os a participar no nosso Blog, quer lendo-o de quando em vez, quer enviando escritos seus, sobre a sua experiência nos Estados Unidos , quer sobre as suas memórias do Alentejo.
.
Now Jimy, I.m talking to you. First of all ask Maria João to translate the above periods, but , besides , I.ll be plesead, if you will decide to join us, writing something to our Blog, about your own land, or, your experince in Portugal, or even, reading (through your wife help) our Blog.
Can we have your cooperation? Sure you will

sábado, setembro 04, 2004

JANTAR EM FAMÍLIA

..
Hoje, 4 de Setembro, em Faro em casa da Ana Maria, do Mário e da Mariana, eu, o Júlio e a Lena, juntaram-se num sempre gostoso jantar de família, onde se recordaram estórias antigas e recentes, e se rejubilou por termos esta oportunidade de estarmos todos juntos.
Aproveitando a ocasião a MARIANA aceitou iniciar a sua coloboração ao nosso BLOG, assim:

DO SEU LIVRO DE POEMAS
EDITADO SOB O NOME DE
"A NOSSA GENTE" PUBLICAMOS
HOJE UM POEMA DA
MARIANA SOFIA COLAÇO COSTA,
QUANDO TINHA APENAS 9 ANOS
DEDICADA À MÃE ANA MARIA
.

.
DESTE À LUZ UMA MENINA.
Do teu ventre nasci eu
sorridente e bem gordinha
ficaste tão orgulhosa
já tinhas uma filhinha
.
Estavas um pouco insegura
minha mãezinha querida
esta data será importante
para toda a minha vida
.
Agora os tempos passaram
e sou uma boa aluna
a mãe é sempre mãe
e mãe só há uma

quarta-feira, agosto 18, 2004

AS GALINHITAS DO MENINO JESUS

..
AS GALINHITAS DO MENINO JESUS


JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO

A seguir aos frios e às chuvadas que se prolongaram por meses , o céu começa a clarear e o sol já se atreveu a romper as poagens que são falripas das nuvens grandes e escuras que toldavam o astro.
Timidamente, o tempo vai amornando, faz-se um compasso de indecisão durante uns dias, ora escampa, ora se embrulha, como que não deixando a bonança soltar-se, mas porque é chegada a altura de romper o viço, por toda a banda a vida já desperta.
Muito antes dos cucos, chegaram os papalvos e mais cedo ainda, vieram as andorinhas que se exibem em voos rasantes e em cantorias tão insistentes e próximas que a gente até cuida perceber, o que querem dizer, no seu chilreado.
Os moços, tão maus para os pássaros como os gatos, ou mais ainda, porque usam outras artes, resistem a fazer-lhes mal. Só à socapa, lá vai de vez em quando uma fisgada furtiva a um ninho, mas fora disso, resignam-se ao seu convívio numa atitude quase que reverencial e medrosa. È uma ave abençoada por Deus no nosso imaginário colectivo e cedo aprendemos que o Menino Jesus não perdoa quando se Lhe mata uma galinhita. Ensinam-nos a respeitá-las quando ainda estamos no berço. Começamos a devisá-las esvoaçantes mal abrimos o olho e o seu cantar tanto serve para embalar um sono como de entretenga para calar um pranto. De colo em colo, ouvimos contar as histórias dos seus ninhos, falam-nos da lonjura das suas viagens e elogiam o amor e o sacrifício que as trás de volta todas as temporadas.
Da janela da cozinha vemos de amiúde uma, pousada no arame da roupa, um pouco abaixo do ninho que tem no beiral. Olha para nós sem medo e canta , canta muito, muito repenicado. Escuta! Escuta o que ela diz:- “Fui à fonte, vim da fonte, varri casa, lavei loiça e agora pus-me aqui”…
Parecia mesmo que falava, soletrava as palavras com a minha imaginação sugestionada pela lenga lenga. Escuta mais! Agora diz: -“ Homem do monte, domingo na vila, copo vai, copo vem, borrachinhooooo”.Oh!….pasmava…. e como eu, gerações de meninos tinham ficado boquiabertos olhando aqueles passarinhos lindos, mirando-lhes o brilho das suas capas num preto azulado, em contraste com a alvura da parte de baixo, onde assenta tão bem uma gravatinha de vermelho tijolo.
Na quietude dos dias, havia vagar e silêncio para escutar. Sobrava a poesia e a imaginação para alimentar a fantasia das crianças que ouvindo-as e observando-as, interiorizavam um respeito profundo pelas avezitas.
Mais tarde, os pais empoleiravam-nos para preitarmos o interior do ninho. Por fora, parece um cocharrinho feito de milhentos voos e de outras tantas pitadas de barro, trazidas de uma qualquer poça distante que resistiu ao sol no meio de uma estrada, ou de um qualquer lavajo que junto a um poço se formou com a água entornada no encher das pipas.
Mas por dentro é fofinho. Lá tem os pastinhos mais finos do campo.As guedelhinhas de lã de ovelha menos enxovalhadas encontradas no ferragial e as penas mais suaves caídas em todo o rossio do monte.
Passados dias, um, dois , três, quatro ovinhos. Bicudos, todos salpicados de um vermelho escuro.
Depois vem o choco. Enquanto ela os abafa, ele desunha-se a cantar o seu contentamento. “…Homem do monte, domingo na vila, copo vai, copo vem, borrachinhoooo”.
Faz-lhe companhia e dá-lhe mimos.
Aproveitam ambos, o melhor que podem, aquela pausa e descansam, porque não tarda a iniciarem uma azáfama incessante para alimentarem um ninho cheio de bicos amarelos, sempre escancarados, goelas vermelhas, sempre estendidas, para engolirem com sofreguidão toda a sorte de mosquito e de bichinho voador.
Depressa se assomam e logo se mostram já todos empenados.
Cá em baixo, os gatos lambem-se enquanto desejam que lhes aconteça algum descuido. Mas só raramente é que a gente vê um andorinho caído do ninho. Talvez seja por sorte sua ou azar da gataria que nesta altura já anda com o rabo cheio de pardais cuzudos menos destros nas primeiras experimentações do esvoaçar.
De dia já saem, espreguiçam-se ao sol, catam-se e debicam as plumas para soltarem o resto da penugem que ainda embaraça. À noitinha voltam ao amalho, mas têm arranjar outro poiso porque no ninho a mãe já começou uma segunda postura.
No fim do Verão, começam a juntar-se todas, às centenas, aos milhares, perfiladas nos fios eléctricos, onde ora se catam ora ficam muito pensativas balanceadas ao sabor do vento. E numa bela manhã, por elas escolhida, sem avisarem, partem em bandos com destino ao fim do mundo, onde também deve haver mães com meninos ao colo, à espera dos seus cantorios, para os embalarem num sono ou para os calarem num pranto

sexta-feira, agosto 06, 2004

COM O NOSSO BLOG, FICAMOS TODOS BEM MAIS PERTO

..


O nosso Blog, para além da função instrumental de fomentar a participação de toda uma comunidade, na sua maioria, familiar e de origem no Alentejo, tem a potencialidade de ser um poderoso veículo de ligação, também com aqueles de nós, que estando a viver e trabalhar fóra do País, nomeadamente nos Estados Unidos, na França, Canadá e Suiça, poderão vir a participar, quer simplesmente acedendo, via net, ao nosso Blog, quer contando as suas memórias como elemento de ligação à sua "terra", ao seu Alentejo.
Saudamos o Jorge, a Maria Inácia e os filhos Luis e Isabel , que tão bem nos receberam aquando da nossa visita a Geneve, e convidamo-los a participitar neste nosso Blog, assim como os primos João e Benedita, a Maria João e o Jim (e as suas sonoras gargalhadas) , o Joaquim e família nos Estados Unidos, e a Maria Rita, o João e a Rita em terras de França.
A todos lembramos que com o nosso Blog, ficamos todos bem mais perto...

quinta-feira, agosto 05, 2004

TRILOGIA, de MANUEL BATISTA COLAÇO

..
PUBLICA-SE HOJE O ÚLTIMO
POEMA DA TRILOGIA DE
MANUEL BATISTA COLAÇO.
.
.
Horácio, Manuel, Constantino
Otávio, Romeo, Mário
Francisco, Alexandre, Falamino
Armando, Alberto, Dário.
.
Andrá. António, Artur
Augusto, Aurélio, Bernardo
Bruno, Carlos , Caio
Daniel, Duarte, Eduardo
.
David, Diogo, Edgar
Ernesto, Érico, Cassiano
Fábio, Fausto, Filipe
Félis, Fernando, Cristiano
.
Flávio, Luciano, Frederico
Geraldo, Guilherme, Floriano
Heitor, Hélio, Henrique
Hilton, Hugo, Graciano
.
Inácio, Ivã, Ivo
João, Joaquim, Leonardo
Jorge, José, Leandro
Júlio, Lucas, Ricardo
.
Lúcio, Luis, Marcelo
Mauricio, Marques, Gabriel
Márcio, Milton. Moisés
Nelson, Olavo, Rafael
.
Paulo, Pedro, Raul
Rodrigo, Sérgio, Tadeu
Silvio, Tomaz, Vicente
Walter, Yuri, Amadeu

quarta-feira, agosto 04, 2004

NOBEL DA ECONOMIA PARA O ALENTEJO

..
Nobel da Economia Alentejano

Um velho agricultor alentejano, com sérios problemas financeiros, comprou uma mula A outro agricultor DO NORTE por 100,00 Euros.

Concordaram que a entrega da mula seria no dia seguinte.
Entretanto, no dia seguinte, o agricultor chegou e disse:
"Desculpe-me, mas tenho más notícias. A mula morreu."
"Bom, então devolva-me o dinheiro."
"Não posso. Já o gastei. "
"Tudo bem. Mas, traga-ma na mesma. "
"E o que e que vai fazer com uma mula morta? "
"Vou rifá-la !"
"Você não pode rifar uma mula morta! "
"Claro que posso! Só que não vou e dizer a ninguém que ela está morta...

Um mês depois, os dois homens encontram-se e o agricultor que vendeu a mula perguntou:
"Então, que e que aconteceu a mula morta?
"Rifei-a como lhe tinha dito. Vendi 500 números a 2,00 Euros cada e tive um lucro de 998,00 Euros. "
"E ninguém reclamou? "
"Só o fulano que a ganhou na rifa ..... Devolvi-lhe os 2,00 Euros... "

PROGRAMA "PATRIMÓNIO"

..
POEMA DE FRANCISCO ROSA
OLIVEIRA DEDICADO AO
PROGRAMA "PATRIMÓNIO"
DA RÁDIO CASTRENSE E
AO ZÉ FRANCISCO "QUE
FOI SEU FUNDADOR
"

...Este programa semanal
...que a Rádio Castrense transmite
...cá dentro de Portugal
...não outro que o imite
.
José Francisco Colaço
que foi seu fundador
conduziu-o com amôr
sem ter qualquer embaraço
lançando para o espaço
a tradição regional
de uma maneira geral
entre parentes e amigos
para lembrar tempos antigos
este programa semanal
.
Dizem que recordar é viver
os velhos costumes e usos
divertindo-nos sem abusos
com alegria e prazer
sua equipa a faz crescer
para isso não tem limites
há quem cante e há quem grite
ao som de viola ou armónio
no programa Património
que a Rádio Castrense transmite
.
Às quintas feiras ao serão
das vinte e uma às vinte e três
ligue o rádio mais uma vez
para ouvir a transmissão
com orgulho e emoção
o passado e o actual
ouvindo tudo ao natural
obras da nossa raiz
e o único cá no País
cá dentro de Portugal
.
Vêm cá grupos corais
e muitos acordeonistas
vêm diversos artistas
mostrar os seus valores reais
vêm netos, avós e pais
cantar ao baldão e despique
tudo isso se repite
no domingo em gravação
dentro da nossa nação
não há outro que o imite

ELES DISSERAM

..
"ESTE GOVERNO NÃO CAIRÁ PORQUE NÃO É UM EDIFÍCIO,
SAIRÁ COM BENZINA PORQUE É UMA NÓDOA"
(EÇA DE QUEIROZ)
.

terça-feira, agosto 03, 2004

PRELIMINARES

..
Um dia, Deus, muito insatisfeito com a humanidade e os seus pecados,decidiu pôr fim em tudo.
Deus reuniu então todos os líderes mundiais para comunicar-lhes pessoalmente a sua decisão de acabar com a humanidade em 24 horas.
Deus disse: " Reuni-vos aqui para comunicar que extinguirei a humanidade em 24 horas". E o povo dizia: " Mas, Senhor..." Nada de MAS, este é o limite, a humanidade vai abandonar a Terra para todo o sempre!
Portanto,voltem aos respectivos Países e digam ao Povo que estejam preparados.
Têm 24 horas!
O primeiro a reunir o povo foi Bush. Em Washington DC, através de uma mensagem à nação, Bush disse: "Americanos, eu tenho uma boa notícia e uma má notícia para dar." -A boa notícia é que Deus existe e que Ele falou comigo. Mas claro, já sabemos disso. A má notícia é que esta grande Nação, o nosso grande Sonho, só tem 24 horas de
existência.
Este é o desejo de Deus".
Fidel Castro reuniu todos os cubanos e disse:
" Camaradas, povo Cubano, tenho duas más notícias. A primeira é que Deus ,final ,existe... sim, eu vi-O, estava mesmo à minha frente!!! Estava enganado
este tempo todo... A segunda má notícia é que em 24 horas esta magnífica Revolução pela qual tanto temos lutado, vai deixar de existir."

Finalmente, em Portugal, SANTANA LOPES dá uma conferência de imprensa:
- "Portugueses, hoje é um dia muito especial para todos nós. Tenho duas boas notícias.
A primeira boa notícia é que eu sou um enviado de Deus, um mensageiro, porque conversei com ele pessoalmente. A segunda boa notícia, é que, conforme constava do Programa do Governo e apenas em 24 horas, serão erradicados para sempre o desemprego, o analfabetismo, o tráfico de drogas, a corrupção, a pedofilia, os problemas de transporte, água e luz, habitação, nada de burocracia, e o mais espectacular de tudo: O IVA vai acabar assim como a miséria e a pobreza neste País!! O Governo cumpriu tudo o que prometeu!!!"

terça-feira, julho 27, 2004

sexta-feira, julho 23, 2004

POETAS DO ALENTEJO

..
EM CASTRO, A ATRAVÉS DA
ANA CATARINA, TIVE A GRATA
OPORTUNIDADE DE RECOLHER
UM BELO POEMA DE FRANCISCO
ROSA OLIVEIRA, ESCRITO NA
ÉPOCA DE SALAZAR.
..
.

Mote
.
Carmona é o ajudante
Salazar é o patrão
Têm fama no estrangeiro
mas estão roubando a nação.
.
I
Um diz , o outro escreve
logo tem que ser feito
mesmo que não tenha jeito
executa-se o mais breve
ninguém pode fazer greve
anda tudo para diante
levam a palavra avante
ninguém lhe impede o caminho
não é o Salazar sòzinho
o Carmona é ajudante
.
II
Mandam o trigo fóra
nós comemos pão de milho
tomaram tão bom assilho
que ninguém os deita fóra
isto não tem melhora
sem lhes porem um travão
ele tem a força na mão
não nos deixa mexer
eu sempre hei-de dizer
Salazar é o patrão
.
III
O Salazar não conhece
o que está a praticar
pois ele está-nos a dar
o que a gente não merece
quem trabalha é que padece
quem fala vai para o Limoeiro
eu hei-de ser o primeiro
que falo desafogado
com o que cá tem roubado
tem fama no estrangeiro
.
IV
Ele tem auxiliado
as nações que andam em guerra
quem sofre é a sua terra
bastante lhe tem roubado
isto que eu tenho falado
ele não rouba só pão
rouba conservas e feijão
dão-lhe o nome de doutor
tem lá fóra grande valor
mas está roubando a nação

quinta-feira, julho 22, 2004

..VAI O REI QUE NINGUÉM QUIS..

..

.
Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a tostão
enriquece o charlatão
==========
E' entrar senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos três enguias
uma cabra abracadabra
========[
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
tem os dentes enterrados
no pão que ninguem mais come
os catraios passam fome

E' entrar senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos tres enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguem quis
vai o tiro de um canhão
e o trono e' do charlatão

E' entrar senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos três enguias
uma cabra abracadabra

Para a rua saiem topeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

E' entrar senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguem quis
vai o tiro de um canhão
e o trono do charlatão

SOU DO CAMPO , SOU GANHÃO

..
POEMA DO POETA POPULAR
ALENTEJANO
FRANCISCO ROSA OLIVEIRA.
.
Sou do campo , sou ganhão
eu trabalho o dia inteiro
sob o mando dum patrão
pra ganhar algum dinheiro
.
Pr.a ganhar algum dinheiro
faço a minha obrigação
é esta a minha vida
sou do campo sou ganhão

LÁ VEM A NAU SANTANETA, QUE TEM MUITO QUE CONTAR...

..

.
Lá vem a Nau Santaneta
Que tem muito que contar
São Paulo Portas à proa
Santanás a comandar
.
Ouvi agora senhores
Uma história de pasmar
D. Bagão conta o pilim
D. Morais trata das velas
D. Guedes limpa com VIM
Tachos, pratos e panelas
.
D. Pereira na enfermaria
Conta pensos e emplastros
E o D. António Mexia
Põe vaselina nos mastros
.
D. Durão deu à soleta
Enjoou de andar à vela
E Santa Manuela Forreta
Largou-os sem lhes dar trela
.
Aflito El-Rei Sampaio
Com estas novas tão más
Disse aos bobos de soslaio
Chamai lá o Santanás
.
Aqui estou meu Senhor
Vós mandasteis-me chamar?
Soube agora desse horror
D. Durão vai desertar?
.
Cala-te lá meu charmoso
Não me lixes mais a vida
Troco um cherne mal-cheiroso
Por um carapau de corrida?
.
Pobre da Nau Catrineta
Já lamento a tua sorte
Esta marinhagem da treta
Nem sabe onde fica o Norte
.
Parece que já estou vendo
Em vez de descobrir mundo
Ao primeiro pé de vento
Espetam com o barco no fundo
.
Ou então este matraque
Com pinta de Valentino
Gasta-me a massa do saque
Nas boîtes do caminho
.
Não se aflija meu Rei
Que agora vou assentar
Pois depois do que passei
Cheguei onde quis chegar
.
E por aquilo que passei
Aqui ninguém nos escuta
Eu quero mesmo é ser Rei
E vamos embora à luta

terça-feira, julho 20, 2004

AS AVES DE CASTRO VERDE - AS ABETARDAS

..

Abetarda é o nome comum do grupo de aves terrestres, médias e grandes, da família Otididae, encontradas nas planícies e desertos do sul da Europa e Ásia até a África e Austrália. É considerada uma ave de caça e muito apreciada pela carne.

As 23 espécies de abetardas tem um tamanho que varia de 35 a 135 cm. São aves pesadas com pescoços longos e achatados, ás vezes com cristas na cabeça, e bicos pesados. Suas cores variam do cinza ao castanho
A mais conhecida é a Grande Abetarda (Otis tarda) , a maior ave terrestre da Europa, com até 1,20 de comprimento e 2,40 de envergadura. Ainda é encontrada pelo continente europeu, mas desapereceu da Alemanha por volta de 1900s.

O macho é maior que a fêmea e tem as penas ornamentais mais desenvolvidas no pescoço, cabeça e flanco. Apesar de voarem , quando ameaçada a abetarda prefere andar ou correr rapidamente. Seu vôo é lento e cadenciado e algumas espécies são migratórias.

A área de Castro Verde, Baixo Alentejo, é uma zona de elevada importância biológica, em particular devido à existência nessa região de populações de diversas espécies de aves de grande valor de conservação, algumas delas ameaçadas a nível nacional e europeu, como a Abetarda (Otis tarda), o Sisão (Tetrax tetrax) ou o Francelho-das-torres (Falco naumanni). Esta avifauna está associada ao sistema cerealífero extensivo da região, no qual são tipicamente empregues muito poucos ou nenhuns agro-químicos e são adoptados longos pousios, durante os quais o solo não é cultivado para manter a sua fertilidade. Este tipo de sistema é cada vez menos comum na Europa, pelo que a sua raridade e a importância da sua comunidade de aves fez com que a região de Castro Verde fosse incluida na rede de Important Bird Areas in Europe (áreas de elevada importância ornitológica na Europa).

A Península Ibérica possui a maior população europeia, com a população espanhola
nidificante a atingir os cerca de 14.000 indivíduos e a portuguesa a rondar
as 600-800 aves. Em Portugal a Abertarda ocorre desde o sudeste da Beira
Baixa até ao norte do Algarve, sendo mais comum na região do Campo Branco
(Castro Verde) onde, em cerca de 885 km2 onde se efecturam 10 contagens
entre 1997 e 1999 se contou um número máximo de 702 aves em Novembro de
1998.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

A Abetarda é uma espécie ameaçada a nível mundial, tendo sofrido um forte
declínio desde o século 18 devido sobretudo à modificação dos meios
agrícolas extensivos em que ocorre, tanto por intensificação como por
abandono agrícola, e à crescente pressão humana que conduziu a perdas de
habitat e caça excessiva. Várias populações locais extinguiram-se neste
período. Apesar de ter sofrido uma regressão importante em Portugal e
Espanha, desde meados dos anos oitenta a população Ibérica de Abetardas
ter-se-á mantido razoavelmente estável. Está, no entanto, largamente
dependente da existência de áreas de agricultura cerealífera tradicional de
sequeiro, ameaçadas pelo regadio e florestação e de manutenção
economicamente dificil. Em Portugal é considerada uma espécie vulnerável,
sendo englobada, em termos europeus, na categoria SPEC 1 (SPEC corresponde a
Species of European Conservation Concern - espécies que suscitam
preocupações de conservação a nível europeu), relativa a aves que possuem
uma população globalmente ameaçada.



sexta-feira, julho 02, 2004

RESPOSTAS CORRECTAS AO QUEM QUER RESPONDER

..
EIS AS RESPOSTAS CORRECTAS
AO "QUEM QUER RESPONDER"
.
1 - B Bandeira da ARMÉNIA
.

FORMAÇÃO DA NAÇÃO:

O processo de formação do povo armênio remonta às profundezas dos séculos, entre o 2o e 1o milênio a.C. A ciência moderna assegura que, incontestavelmente, tal processo teve lugar no Planalto Armênio, envolvendo diversas tribos e mescla de povoações que pouco a pouco se convergiram para uma nação única. O papel fundamental neste longo processo de assimilação foi reservado às tribos que falavam uma língua pertencente à família indo-européia, das quais, os estudiosos destacam a tribo Hayasa, que habitava o planalto da Armênia e que, provavelmente, deu origem ao nome como os armênios chamam a si próprios: Hai.

Vivendo na encruzilhada de dois mundos, a asiática e a européia, desde os primórdios os armênios ficaram expostos às culturas do Leste e Oeste, e a cultura armênia, por si só, incorporou muitos elementos dessas culturas.

O Planalto Armênio, devido à sua localização geográfica foi, constantemente, sujeito às invasões dos conquistadores que vinham do Oeste a Leste, e com mais freqüência do Leste a Oeste. Esse fator geopolítico não perdeu seu significado ainda até hoje.

Muitos aspectos afetaram a formação da mentalidade armênia, que podem incluir as tribulações da história da Armênia, a exposição do povo armênio aos proponentes das civilizações ocidental e oriental, sua remota adoção à ética cristã. E apesar de serem susceptíveis à penetração cultural, de um forma ou outra eles conseguiram preservar sua ingenuidade, as tradições de seu comportamento social e estilo de vida familiar, que remonta a milênios.

Os armênios têm sido conhecidos como um povo que facilmente se adapta às variações das condições de vida, são assíduos trabalhadores, acumulam muita experiência e espertos em matéria de comércio.

Através dos séculos, os armênios têm assegurado destacados postos civis e militares na Geórgia, Rússia, Bulgária, Hungria, Romênia, Egito e outros países. Atualmente, há muitos armênios que possuem papéis importantes nas áreas econômica, política e cultural como França, Estados Unidos, Síria, Líbano, etc. Também nos anais da história, os armênios tiveram papel preponderante, como por exemplo durante o Império Bizantino, entre os século IX - XII, onde a dinastia reinante era macedônia ou armênia, cujas representantes eram de descendência armênia. 



Armênia Oriental sob tutela da Rússia:

O interesse dos russos pela região da Trans-Caucásia teve seu efeito acentuado desde o início do século XIX. Como resultado do conflito russo-persa de 1804-1813, a Rússia anexou, entre outros, também o território de Karabagh (Artsakh). Em novos conflitos armados entre ambas as potências (1826-1828), as tropas russas conquistaram Yerevan. Através do Tratado de Turkmenchai, em fevereiro de 1828, os persas entregaram os khanatos (províncias) de Yerevan e Nakhitchevan para o controle russo. A totalidade da população armênia saudou essa alternância, pois ao menos lhe assegurava sua existência física e preservação de uma porção do seu território histórico. A economia da Armênia, assim como a vida cultural e intelectual do povo despertou, com uma nova fase de modernização e desenvolvimento.

Luta de libertação nacional dos armênios ocidentais na segunda metade do século XIX:

Na segunda metade do século XIX, a situação dos armênios que viviam em suas terras ancestrais da Armênia Ocidental, sob dominação do Império Otomano, começou a deteriorar-se, devido às brutais atitudes e intoleráveis condições impostas pelas autoridades turcas contra a população armênia. Essa situação provocaria o surgimento natural de protestos, que em várias regiões tomou a forma de revolta.
Em meados de 1870, começou a surgir um movimento de libertação contra os turcos nos Bálcãs, que teve amplo apoio dos russos. Nas guerras russo-turcas que se seguiram (1877-1878), os russos alcançaram uma vitória expressiva, conquistando partes substanciais da Armênia Ocidental, incluindo as cidades de Ardahan, Bayazet, Alashkert, Kars e Erzerum.
No Tratado de Paz que foi assinado em São Estéfano, em março de 1878, os armênios "ocidentais" apresentaram às nações européias suas reivindicações relativas à sua segurança física, fim do abuso de poder e respeito aos direitos elementares humanos dentro Estado Turco. As nações européias exigiram do "homem doente" (alusão ao Sultão debilitado) que se a Turquia adotasse as medidas necessárias para com as minorias étnicas. A Questão Armênia tornava, assim, tópico de discussões na diplomacia internacional.
Entrementes, a situação tenderia a mudar rapidamente, pois as nações européias, lideradas pela Inglaterra e o Império austro-húngaro, insistiram em realizar um Congresso em Berlim, para discutir a situação mundial pós-guerra (russo-turca). Lamentavelmente para os armênios, esse Congresso não endossou os termos abrangentes no Tratado de São Estéfano, que assegurava-lhes certa autonomia administrativa dentro da Turquia, exortando apenas que os turcos promovessem melhorias para a população armênia, pedido esse que jamais seria cumprida pelas autoridades do governo Otomano. Ao contrário, o governo turco decidiu tomar as medidas necessárias de seu próprio interesse, para "solucionar" a Questão Armênia, através do início do sistemático extermínio dos armênios ocidentais. 

Os massacres dos armênios na Turquia em fins do século XIX e o Primeiro Genocídio do século XX:

A fim de esmagar qualquer movimento de libertação, as autoridades turcas organizaram e executaram, entre 1894-96, as primeiras matanças coletivas executadas em larga escala na Armênia Ocidental. Em menos de dois anos, o número total das vítimas ultrapassava os 300 mil, e centenas de cidades e aldeias foram destruídas. Em algumas localidades, a população tentou a defender-se como podia, no entanto, a desigualdade das forças em nada adiantava tal atitude de desesperança.
Já no século XX, aproveitando a eclosão da I Guerra Mundial (1914-1918), as autoridades turcas tiveram a melhor oportunidade para planejar e executar o longamente aguardado plano de exterminação da população armênia na Turquia. Primeiramente, foram extintos todos os homens que serviam no exército do Império Otomano (fevereiro de 1915); em abril do mesmo ano, as autoridades turcas emitiram ordens para a deportação e conseqüente extermínio dos armênios em todas as regiões do Império. O ponto inicial da execução do bárbaro plano ocorreu na madrugada do dia 24 de abril de 1915, quando mais de 800 intelectuais armênios (escritores, professores, religiosos, jornalistas, médios, homens públicos) foram aprisionados na capital, Constantinopla (atual Istambul) e deportados para os desertos da Anatólia, onde foram cruelmente assassinados. Nos anos que se seguiram, a população armênia da Armênia Ocidental foi destruído em massa nas regiões de Van, Erzerum, Bitlis, Kharberd, Sebástia, Diarbekir, Trebizond, bem como na Cilícia, Oeste da Anatólia e outras localidades. As deportações visavam o único objetivo final: a aniquilação e extermínio definitivo do povo armênio. O número total das vítimas atingiu 1,5 milhão de pessoas; aproximadamente 800 mil armênios foram dispersos em diversas partes do mundo, aumentando o número das comunidades armênias da Diáspora. Os danos materiais, morais e culturais do povo armênio são incalculáveis. A potência intelectual da nação sofreu uma perda irrevogável.
Após a derrota da Turquia na I Guerra Mundial, os líderes turcos foram acusados por terem induzido a Turquia numa guerra desastrosa e pela perpetração do genocídio armênio. Mas o veredicto pasou in absentiam, visto que todos eles haviam fugido do país. 

A I República (1918-1920):

A Revolução de 1917 na Rússia e o surgimento do governo Bolchevista, a assinatura de um armistício entre a Rússia, Alemanha e seus aliados e a evacuação das tropas russas da fronte do Cáucaso mudariam drasticamente o panorama político na Armênia Oriental e toda a região. Os rês países do Cáucaso (Armênia, Azerbaijão e Geórgia) criaram, em fevereiro de 1918, o "Seim" (triunvirato) da Transcaucásia. Em abril do mesmo ano, o "Seim" se transformou em República Democrática Federal, separando a região do resto da Rússia.
Em janeiro de 1918, aproveitando o armistício russo-alemão, as tropas turcas empenharam um ataque na fronte do Cáucaso. Sem encontrar grande resistência, em pouco tempo os turcos conseguiram invadir as regiões de Kars e Batum e a Armênia Ocidental e prosseguir com o massacre da população local. Ao mesmo tempo, começavam a surgir sérias controvérsias politicas entre os Estados membros da recém formada República Democrática Federal da Transcaucásia, pois tornava-se cada vez mais evidente a orientação pró-turca do Azerbaijão. Esses desentendimentos desmantelaram a precária estrutura do "Seim", desintegrando-o em 26 de maio de 1918, com a declaração da independência da Geórgia, seguida pelo Azerbaijão no dia seguinte. À Armênia não restava nada mais que também proclamar, em 28 de maio de 1918, a sua independência.
Em três batalhas heróicas e épicas, travadas por toda a nação armênia contra as tropas regulares do exército turco nas regiões de Sartarapat, Bach-Aparan e Karakilissé, os armênios conseguiram deter os avanços turcos rumo à planície de Ararat. Em julho de 1918, foi assinado um Tratado de Paz entre a Armênia e a Turquia, onde a Turquia reconhecia a soberania da Armênia.
A I República surgiu, assim, após seis séculos de opressão e total dominação do povo armênio. No entanto, essa nova independência não perduraria por muito tempo, uma vez que novamente a Turquia, visando o seu projeto de pan-turanismo, invadiu a Armênia em setembro de 1920. De nada adiantaram os apelos do governo armênio às potências aliadas ocidentais da Liga das Nações. Em 29 de novembro de 1920, o governo concluiu um acordo com os comunistas, e em 2 de dezembro a Armênia foi proclamada uma República Soviética. 

A II República (1920-1990):

Por sete décadas, a Armênia permaneceu como uma das quinze Repúblicas que compunham a URSS. Nesse período, o país passou por uma enorme e inédita transformação política, cultural e sócio-econômica, que foram marcadas por muita privação, sacrifícios, sucesso e progresso. A vida do povo armênio acompanhou as etapas de transformação e mudanças sociais ocorridas no resto da União Soviética.
Durante os primeiros anos de sovietização, a Armênia sofreu perdas territoriais sensíveis. Indiferentes aos interesses nacionais do povo armênio, os governo central soviético aceitou entregar a região histórica de Kars, o distrito de Surmali para a Turquia, e transferir para controle do Azerbaijão a região de Nakhitchevan e Nagorno Karabagh (Artsakh).
O povo armênio teve uma participação ativa na II Guerra Mundial, quando centenas de milhares de soldados e oficiais armênios lutaram e se destacaram nas linhas de frente contra os exércitos alemães. Com o fim do conflito mundial, surgiu um movimento de repatriação em massa, e centenas de milhares de armênios (principalmente dos países do Oriente Médio) emigraram para a Mãe-Pátria. Entrementes, a partir de meados dos anos '70 também começaria a surgir um movimento reverso, quando muitos armênios começaram a emigrar para outros países, principalmente para Rússia, Europa e Estados Unidos.
Todavia, pode se afirmar que, em geral, a II República foi destacada pelo desenvolvimento e amplo progresso econômico, grande avanço industrial em todas as áreas e significativa evolução cultural e intelectual, façanha jamais alcançada pelo povo armênio em toda a sua existência milenar num período tão curto. 

A Proclamação da Independência da Armênia e o estabelecimento da III República:

Em meados dos anos '80, ocorreram importantes mudanças na vida da URSS. Uma nova liderança emergiu ao poder com Mikhail Gorbachev e sua política de "perestroika" e "glasnost" (transparência), que estabeleceria as reais condições de um sistema multipartidário e ampla abertura na vida social.
O processo de democratização também atingiu a Armênia. Os valores tradicionais e históricos, que por décadas haviam sido ignorados ou relegados a um plano inferior, refloresceram e tomaram as ruas e praças. Movimentos de reivindicação dos direitos e autodeterminação dos armênios de Nagorno-Karabagh (Artsakh) criariam as raízes do processo democrático. Pode-se afirmar que o movimento de Karabagh foi uma onda catalisadora rumo ao processo da democratização da Armênia.
Em maio de 1990, foram realizadas eleições no Soviete Supremo (Parlamento) da Armênia, onde o Movimento Pan Armênio (MPA) alcançou esmagadora maioria. No dia 23 de agosto de 1990, o Soviete Supremo da República adotou a Declaração da Independência da Armênia. A República Soviética Socialista da Armênia foi renomeada como República da Armênia. Posteriormente, com o desmantelamento da União Soviética, realizou-se em setembro de 1991 um referendo nacional na Armênia, onde a maioria absoluta da população optou pelo estabelecimento do Estado Independente, e Levon Ter-Petrossyan foi eleito Presidente (1991-1998) da República da Armênia. Em março de 1998, Robert Kocharyan foi eleito como o segundo Presidente do país.
Desde a proclamação da Independência, mudanças radicais foram introduzidas em todos os aspectos da vida nacional: a economia, a organização do Estado, as áreas social e política, a cultura e as relações com o mundo externo. Mesmo em condições de extrema gravidade, acentuadas pelo colapso da União Soviética, além da aguda crise econômica, agravada pelo constante bloqueio das comunicações terrestres e do oleoduto pelo Azerbaijão e a Turquia, o povo armênio continua forjando sua independência, mirando o horizonte do futuro com confiança, fé, optimismo e esperança.
.

.
2 - C - SÃO PEDRO DAS CABEÇAS
.
Ermida de São Pedro das Cabeças

Ergue-se nos arredores de Castro Verde, no local onde se terá realizado a histórica Batalha de Ourique, onde Dom Afonso Henriques venceu as forças militares de cinco reinos mouros, após violenta batalha. Dom Sebastião, que a mandou construir em local ermo, quis assim homenagear a coragem do primeiro rei de Portugal.
Ermida de São Pedro das Cabeças
Do século XVI, a ermida reflecte uma arquitectura religiosa popular e maneirista. O estilo barroco é visível no campanário e nas pinturas murais. De planta rectangular, possui uma só nave e capela-mor, tendo sido local de peregrinações.

.
3 - A -foram 5 os reis mouros derrotados por D.Afonso Henriques na Batalha de Ourique


O significado das cinco quinas do escudo nacional que provinham desta dita batalha travada contra os Mouros no reinado de D. Afonso Henriques. Terá este nosso primeiro rei derrotado cinco reis mouros - daí as cinco quinas - graças a uma aparição de Jesus Cristo crucificado que determinou a vontade dos portugueses para chegar à vitória.



sábado, junho 26, 2004

TRILOGIA DE MANUEL BATISTA COLAÇO

...
PUBLICA-SE AGORA O
II POEMA DA TRILOGIA

de
MANUEL BATISTA COLAÇO
.
NOMES DE MULHERES
.
Maria, Rita, Mariana
Cristina, Dulce, Joaquina
Isabel, Carlota, Ana
Constância, Lucrécia, Sabina
.
Angela, Heloisa, Alice
Aline, Angélica, Arçete
Barbara , Beatriz, Bianca
Bruna, Camila, Elisabete
.
Cândida, Clara, Constância
Dalva, Daniela, Berenice
Débora, Denise, Dora
Dóris, Eliane, Clarice
.
Érica, Enice, Eva
Fabiana, Fátina, Florência
Fernanda, Flávia, Flora
Floriana, Helena, Hortência
.
Hermínia, Iara, Inês
Isabel, Isadora, Ivone
Jéssica, Júlia, Jurema
Karen, Lúcia, Simone
.
Milena, Natália, Natércia
Nina, Nívea, Marina
Olga, Paloma, Patricia
Rebeca, Renata, Regina
.
Samanta, Sandra, Silvia
Tânia, Teresa, Rosana
Mónica, Vanessa, Vera
Verónica, Valéria, Tatiana
.



.
Câncida

sexta-feira, junho 25, 2004

QUEM QUER RESPONDER??

..
..
CONCURSO DO NOSSO BLOG
PARA DIVERSÃO E CONHE-
CIMENTO.
.
.
A primeira questão é especialmente
dedicada ao pequenino Zé Francisco
.
1 - ESTA BANDEIRA É DE QUE PAÍS?

.
A - KAZAQUISTÃO
B - ARMÉNIA
C - AFEGANISTÃO
.
2 - EM QUE SÍTIO DO ALENTEJO
EXISTE UM MONUMENTO A BATALHA
DE OURIQUE?
.
A - SENHORA DE ARACELIS
B - ENTRADAS
C - SÃO PEDRO DAS CABEÇAS
.
3 - QUANTOS REIS MOUROS FORAM DER-
ROTADOS POR DOM AFONSO HENRIQUES
NA BATALHA DE OURIQUE?
.
A - 5
B - 7
C - 6

POEMA AOS MOTORISTAS DA LISNAVE

..
..
PRIMEIRO DE UMA TRILOGIA
DE POEMAS
de
MANUEL BATISTA COLAÇO
.
AOS MOTORISTAS DA LISNAVE.
.
I
Bento, Bolinha, Adão
Andrade, António, Albertino
Azevedo, Batista, Vitorino
Coelho, Colaço, Encarnação
Cabrita, Brito,Abílio
Candeias, Canto, Edilio
Cardoso, Carlos, José da Luz
Carmo, Cartaxo, Vitorino
Pinto, Correia, Lino
Costa, Dorindo, Cruz
.
II
Edison, Fachadas, Vaz
Espírito Santo, Drago, Vieira
Falamino, Fernandes, Pereira
Falcão, Fidalgo, Tomas
Fitas, Figueiredo Rogério
Fonseca, Francisco, Tibério
Freitas, Gabriel, Constantino
Freire, Galhós, Eduardo
Gonçalves, Carvalho, Ricardo
João Pereira, Jacinto, Adelino
.
III
Carvalho, Lopes, Castelinho
José da Silva, Lebre, Figueira
José Marques, Lourenço, Moreira
José Martins, Luciano, Coucinho
Joaquim Pedro, Curto, Furtado
M.Marques, Maia, Amado
Mateus, Silva, Alegria
M.Freitas, Martins, Moutinho
Matos, Meleiro, Martinho
Belo, Mendonça, Zé Maria
.
IV
Milfontes, Miranda, Horácio
Viegas, Nunes, Espinhal
Passos , Patricio, Vidigal
Pedro, Teles , Inácio
Pombo, Procópio, Tomé
Reis Robalo, António José
Teles, Tavares, Vizinha
Sousa, Silva, Humberto
Balagueira, Victor, Alberto
Santos, Valente, Farinha

sexta-feira, junho 18, 2004

A LENDA DAS MOSCAS

..
CONTINUAMOS A DIVULGAR
LENDAS E MITOS DE
CASTRO VERDE

.
Mitos e Lendas de Castro Verde
.
A LENDA DAS MOSCAS

... Uma vez, viajava Nossa Senhora por um caminho que não conhecia, quando encontrou um maioral de vacas, deitado à sombra de uma frondosa azinheira, a dormir regaladamente a sua sesta; perto de si, à sombra de outras árvores folgava tranquilamente a manada. Nesse tempo, a mosca não atacava as vacas, atacava só as ovelhas. Estas por causa disso não pastavam com sossego, nem deixavam descansar o pastor.
Nossa Senhora, dirigiu-se ao vaqueiro e humildemente pediu para que este lhe
indicasse o caminho que desejava seguir. Este, que estava a dormir profundamente,
despertou mal humorado e disse:
-“Então a Senhora acorda-me para uma coisa dessas?... Eu não lhe posso indicar o
caminho porque não tenho vagar!... Estou na hora do descanso e preciso dormir. Siga
o seu caminho e mais adiante encontrará o maioral das ovelhas, que não tem vagar
para estar sentado, porque elas não param, por causa das moscas... ele que a ajude!...”
Nossa Senhora agradeceu desculpando-se por ter incomodado o homem e seguiu o
mesmo caminho. Mais adiante avistou o infeliz pastor, que de cajado em riste, ajudado
pelo cão, procurava em vão reunir as ovelhas à sombra, de modo a ter tempo para
comer e descansar um pouco. Nossa Senhora, chegou perto dele e pediu-lhe que a
ajudasse a encontrar o caminho que havia perdido. O pastor sentia-se cansado, sem
que o gado lhe desse tempo para se sentar um pouco, mas com bons modos
respondeu à Santa Senhora, sem saber com quem falava:
-“Ó minha senhora, com muito agrado lhe ensinava o caminho, mas eu não dou conta
do gado!... “
A novo pedido, o homem não foi capaz de recusar a auxiliar a senhora, convicto de
que quando voltasse não encontraria aí as ovelhas...
Mas, ao regressar, ficou agradavelmente surpreendido, quando as viu todas à sombra.
Feliz com a coincidência, foi comer e descansou um pouco. E como o gado continuou
tranquilo, pensou:
-“Vou mas é ver o meu amigo vaqueiro e dar uma léria que há muitos dias que não o
vejo”... Foi, mas ao chegar ao local onde esperava encontrá-lo com a manada ficou
admirado por não o ver; vacas e vaqueiro, tinham desaparecido. Intrigado com o caso,
foi procurá-lo e avistou-o à distância a correr atrás das vacas, que com a mosca só
queriam fugir.
Foi o castigo sofrido, em consequência da sua maldade.
O vaqueiro, foi obrigado a pensar que ninguém deve fazer mal desejando que lhe
venha por bem... e as vacas, ficaram as grandes vítimas da mosca, na Primavera

POESIA DO ALENTEJO

..
Alentejaninha

Atão moça, aonde vás
Que tás tam bonita?
Ora...vou a aldeia...
Que arranjei um pé de meia
Vou comprar qualquer coisita.
.
Olha... podias-me fazer um favor!
Eu dou-te aqui um dinheirito,
Compravas-me lá um panito
Queste já tem bolor!
.
Tá bem ó ti Manel...
Mas tem que se despachar,
Senão logo faz-se noite
Inda tenho muito c'andar.
.
Ó Maria... vai-te embora
Nam testejas a empatar,
Mas leva aqui uma boxita
Pode a fome ta pertar.
.
Ó ti Manel... ti Manel,
Eu vou-me demorar pouco,
Nam vai ser preciso...
Vou num pé, venho no outro.


da POETISA ALENTEJANA
BIA

quinta-feira, junho 03, 2004

IDAS AOS BAILES

..
De JOSÉ A.BATISTA COLAÇO
..
IDAS AOS BAILES
.
Idas aos Bailes


Numa altura pelo Carnaval, quando eu tinha dezanove anos, andava a querer namoriscar uma miúda muito gira ali para os lados do Brengelinho, onde havia um grande baile de Carnaval. Mas o Inverno estava bastante rigoroso, chovia muito, faziam grandes trovoadas, muito vento e a água cai por vezes com grande intensidade, logo o vento rasgava as nuvens, parava de chover e a lua aparecia como se fosse de prata e iluminava tudo em redor de nós.
Nesse dia resolvi ir ao baile, apesar da ameaça duma grande tempestade, que se adivinhava pelo rugido do vento e o negrume das nuvens que vinham do lado do Norte.
A minha mãe dizia para eu não ir, mas eu como andava com aquele desejo de namorar com a miúda, sempre fui.
Depois de fazer o meu serviço e deixar tudo tratado para o trabalho do outro dia, saí de casa pelas vinte horas, já com um escuro de breu - era noite cerrada.
Dei ar na roda da bicicleta, que estava um pouco vazia ( era uma bicicleta de travão de alavanca, que correspondia aos 4x4 todo o terreno que conhecemos actualmente ).
Passei pela estrada do Forno da Cal, passei o Porto do Seixo com a bicicleta às costas por cima das passadeiras e quando cheguei ao barranco da horta do Madraço ouvi uns ruídos e comecei a ter medo, pois constava que os malteses iam dormir no monte velho que se encontrava em ruínas e abandonado.
Saí para fora da estrada e meti-me pelo mato dentro.

Deixei a bicicleta e fui mais para o pé do barranco e abriguei-me atras dum chaparro grande que estava inclinado sobre o barranco. Como diziam que andavam lobos por aqueles sítios, os cabelos começaram a pôr-se de pé e eu tremia com medo, pois se os lobos aparecessem ali esfomeados, o mais certo era eles me comerem. Tentei acalmar um pouco e pensei. Só tinha uma maneira de sair disto...era subir para cima do chaparro e ficar por lá até vir a manhã. Assim fiz. Subi ao chaparro até a uma altura em que pensei que já não houvesse perigo... a uns dez metros. Mas havia outro inconveniente, as pernadas do chaparro aí , já eram muito delgadas e com o grande vendaval que se formou e com a chuva que caía, eu sentia-me mal seguro e resolvi ligar-me á pernada com o meu próprio cinto... apertei bem a fivela e já me sentia mais seguro, pois não tinha medo do vento me fazer sair do esconderijo, pois estava bem atado.
Pressenti algo estranho... dois homens aproximaram-se do chaparro e um disse para o outro – “ É neste chaparro que ele está.”. Eu fiquei estarrecido, só não caí porque estava amarrado ao chaparro com o cinto. Nisto, começaram a fazer uma cova mesmo debaixo de mim no fundo do barranco. Eu tremia de medo, de frio. Já tinha a roupa toda molhada e arrependia-me de não ter tomada os conselhos da minha mãe... eu jurava que não me meteria em mais aventuras por causa das moças... eu estava desesperado.
O vento soprava mais forte e a água caía mais fria. O meu pé escorregou da pernada e eu não caí ao chão por estar preso com o cinto. O vento calou um pouco e eu ouvi um dos homens dizer – “...a cova já tem profundidade suficiente.”.
As noite estavam tão escuras que eu mal via os homens lá embaixo. Foi nesta altura que o homem que parecia ser o chefe, perguntou – “Quem é que vai lá em cima desamarrar o gajo? ”. Aquele instante pareceu-me uma eternidade, sem saber o que fazer, atado como estava ao chaparro, não tinha qualquer hipótese ; foi então que me enchi de coragem e gritei com toda a força que me restava:
- NÃO É PRECISO VIR CÁ NENHUM, QUE EU MESMO VOU JÁ PARA BAIXO!!!

Os dois homens deixaram as paz e enxadas caídas no chão e cada um desapareceu no mato. Eu sentia as forças a faltarem-me, a chuva caía agora com mais força, o vento rosnava naqueles montados, o que impedia que mesmo que eu gritasse por socorro, ninguém me poderia ouvir. Veio uma rajada de vento mais forte, enrolou a copa do chaparro e eu tive a sensação que ia ser projectado para longe, senti um frio tão forte pela espinal medula. Creio que desmaiei por momentos. Quando dei por mim tinha os pés na forca das pernadas, e agora, já tinha condições de poder desapertar a fivela do cinto e sair daquela situação embaraçosa, mas as minhas mãos estavam tão geladas que quase não obedeciam aos estímulos fracos que vinham do meu cérebro. Apelei para todas as minhas forças e consegui soltar-me da pernada do chaparro, mas estava completamente exausto. Descansei um pouco para retemperar as energias.
O vento quase que se tinha calado, as nuvens rasgaram-se, a lua apareceu por entre elas a iluminar os montados, o carreiro molhado batido pela luz da lua brilhava e reflectia uma luz brilhante para o céu.
Foi nessa altura que eu acompanhando essa luz mágica, olhei para cima e vi um metro mais acima que a minha cabeça, os pés de um homem que estava enforcado no dito chaparro. Agarrei-me com mais força à pernada do chaparro, fechei os olhos, tive medo, chorei e comecei a acalmar e compreendi o que estava a acontecer.
Os malteses tinham brigado, tinham morto aquele homem e penduraram-no no chaparro até vir a noite para depois o enterrarem no fundo do barranco da horta do Madraço.
Veio uma rajada de vento mais forte, a pernada do chaparro deu um estalo, lascou até á forca mais próxima, e eu caí no chão...nesse momento acordei e... acabei o sonho, ou o pesadelo!!!

sexta-feira, maio 28, 2004

AS CAMPONESAS DE CASTRO VERDE

..

.
O cante alentejano, cujas origens se confundem e mergulham no canto gregoriano segundo uns ou nas profundezas do espírito árabe no entender de outros, é o traço cultural mais vincado do Povo que entre o Tejo e a serra algarvia vive na largueza dos horizontes.

Canto polifónico, de letra singela, deixa à melodia quanto se pretende transmitir. O sentimento que sobressai nas vaias prolongadas, impõe-se como queixumes contidos disfarçando mesmo alguma alegria que os dizeres possam sugerir.

Cantava-se à ida para o trabalho, no trabalho e depois do trabalho sempre colectivamente. Começa um ponto, um alto levanta a moda, canta depois o coro, em uníssono como junta as fraquezas para fazer a força que lhes concede o prazer do brado que se ouve mais longe.


Quando há meio século o cante passou a ser ensaiado e gerado em Grupos Corais, já sem carácter expontâneo, já com propósitos distintos do cantar porque apetece, assistiu-se à marginalização das vozes femininas.

As mulheres ficaram de fora, as mulheres calaram-se porque o seu estatuto, a sua condição e o seu papel não permitiam que andassem em Grupos a cantar em público por aqui e por ali.

E isto aconteceu durante décadas em que o silêncio das vozes delas constituía uma afrontra e uma perda que não se podia prolongar sob pena de a nossa Cultura passar a ser meia verdade.


Assim, em Março de 1984, sob a égide da "Castra Castrorum" - Associação de Defesa do Património Natural e Cultural do Concelho de Castro Verde, um grupo de mulheres quebrou o medo e a mudez, formando um Grupo Coral Feminino que logo em Junho desse mesmo ano obteve o primeiro lugar no concurso do traje que se realizou em Beja.

Desde então, têm-se multiplicado as actuações do Norte ao Sul do País, levando, qual embaixada, o testemunho fiel da nossa Cultura genuína.

As modas que cantam resultam de aturadas pesquisas em que se montam, peça a peça, sílaba a sílaba, versos esquecidos, estilos perdidos e costumes abandonados na pressa imposta pela corrida atrás do "progresso".

Entretanto, contra a corrente, enfrentando os ventos adversos como todos os que ousam, em Castro Verde um grupo de mulheres afirma-se elevando-se individualmente e arroga-se colectivamente o direito de defender a sua Cultura cantando de novo as modas que há muitos anos atrás cantavam na ida para o trabalho, no trabalho e depois do trabalho.

quarta-feira, maio 19, 2004

OS MALTESES

..
OS MALTESES PERCORRIAM O
ALENTEJO DOURADO, SEMPRE
PROCURANDO ONDE COMER E
DORMIR
.

.
"Maltêz significa natural da ilha de Malta,
ou cavaleiro da Ordem de Malta.
Contudo em Portugal, sobretudo no Alentejo,
não se sabe bem porquê, atribuiu-se o nome
de maltês, a mendigos de passagem, índividuos
mal encarados, "homens desprezíveis". A pala-
vra maltês, é quase sempre empregada com sen-
tido prejurativo"

.
As condições de vida no Alentejo, por meados do sec XX, eram muito penosas, e o número de pessoas sem trabalho fixo, ou mesmo, sem nenhum trabalho, era muito elevado, sendo a única possibilidade de sobrevivência, a esmola.
Parte desses homens que andavam de Vila em Vila, de aldeia em aldeia, e até de Monte em Monte, eram denominados malteses.
Ao contário dos ciganos, que chegavam a permanecer num sítio, por vezes, uma semana; os malteses, esses, nunca dormiam no mesmo sítio mais que uma noite, circulando sempre, entre os locais onde sabiam ter certa uma esmola, quase sempre em alimentos, como sopas de pão aletejano , migas, etc, etc.
Na região Castro-Almodôvar, os malteses circulavam, por exemplo, entre o Pereiro, o Barrigão, Monte-Gordo (ao pé do Rosário), Várzea da Fôrca, São Marcos da Ataboeira, Torre Vã, Do Testa, etc. etc-
No Do Testa, os senhores de terras da Casa Grande, instituíram mesmo, aquilo a que chamavam a Casa da Malta, ou Casa dos Pobres, onde diàriamente permitiam que os malteses pernoitassem, fornecendo sacos que estes enchiam de palha apanhada na eira, no monturo, e também lhes davam o jantar:
.
"Olhem lá, vâo ali para o pé
da casa, quando soar a corneta,
venham, que têm uma sopa que
lhes damos
"
.
diziam os da Casa Grande aos malteses que iam chegando dos caminhos.
O Tio João Guerreiro, maltês de São Marcos da Ataboeira, que andava sempre com uma concertina, por vezes, ficava mais de um noite, animando os serões com as suas modas e as suas estórias e ditos.
Os senhores de terras tinham vantagens em ajudar os malteses, pois, estes. eram gente pacata que não roubava, aceitando de boamente o que "generosamente" lhes ofereciam, e até defendiam a propriedade com a sua presença.
Um dos principais protectores dos malteses, (além do já falado, Senhor da Do Testa) era o José Nobre da Torre Vã. Era tal o Poder do fazendeiro que, todo o maltez que se acoitasse na Torre Vã, sentia-se protegido até da própria GNR, e dizia-se, que quem não queria ir à tropa, ia trabalhar para as terras da Torre Vã.
Alguns dos malteses passavam frequentemente no Monte da Ribeira. O Blé Careto, que era de Almodôvar, chegava a fazer pequenos serviços, como arranjar paredes, muros, "porteiras" e outros trabalhos.
.
"Oh Tia Felicidade, hoje venho cá
almoçar, arranjei ali uma parede
...."
.
Mas para ser maltês, havia que adquirir alguns conhecimentos básicos, como contava o Tio Abílio, no dizer do Zé Batista;
.
"Havia como que um verdadeiro curso de maltês. Era
tirado na Marateca, e lá os "candidatos", aprendiam
a jogar o pau, e fazer migas, atiçando uma fogueira
debaixo da Ponte. Diz a lenda, que eles só estavam
preparados, quando atiravam ao ar as migas, e as
apanhavam, correndo com a frigideira para o outro
lado da Ponte
"
.

terça-feira, maio 18, 2004

TRANSMISSÃO EM CADEIA

..
colaboração de
JOSÉ A.BATISTA COLAÇO
.
.
A comunicação, clara e segura
é de enorme importância, espe-
cialmente na tropa. Imagine-se
o que teria sido a perturbação
de uma transmissão mal entendida
:
.

DIZ O CAPITÃO AO SARGENTO:
-"Vai haver àmanhã um eclipse do sol. Mande formar a Companhia em farda de trabalho na parada, onde explicarei o fenómeno que não acontece todos os dias. Se chover, não se verá e deixe a Companhia na caserna"
.
o SARGENTO TRANSMITE A ORDEM AO FURRIEL:
-"Por ordem do nosso Capitão, àmanhã vai haver eclipse do Sol em farda de trabalho. Toda a Companhia forma na parada, onde o nosso Capitão dará as explicações, o que não acontece todos os dias. Se chover o eclipse na caserna."
.
O FURRIEL DIZ AO CABO:
-"O nosso Capitão vai fazer um eclipse do Sol na parada se chover, o que não sucede todos os dias, não se vê nada; então o Capitão,dará a explicação em farda de trabalho na caserna."
.
ENTÃO ,O CABO TRANSMITE A ORDEM AOS SOLDADOS:
-"Soldados, àmanhã, para receber o eclipse que dará a explicação sobre o nosso Capitão em farda de trabalho, devemos estar na caserna onde não chove todos os dias.
.
POR FIM, COMENTÁRIOS ENTRE OS SOLDADOS:
-Amanhã, se chover, parece que o capitão vai ser eclipsado na parada. É pena que isso não aconteça todos os dias...

-"