sexta-feira, outubro 30, 2020

CRÓNICA DO MONTE DA RIBEIRA (reedição)

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HOJE RECORDO AQUI UM TEXTO POR

MIM PUBLICADO NO NOSSO BLOGUE

CASA DAS PRIMAS EM AGOSTO DE 

2005.



Crónica no Monte da Ribeira

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Reencontro no Monte da Ribeira

Quarenta e dois graus registava o termómetro do carro, na hora em que chegámos ao Monte da Ribeira.

E essas temperatura do ar estendeu-se ao ambiente de fraternidade criado entre todos nós, juntos em mais uma visita à "casa-mãe", lá, onde tudo começou.

Irmãos estavam cinco. Ao anfitrião António, juntaram-se a Ana, a Alice, a Lena e o Zé Batista.

Ali, na casa onde tantas traquinices protagonizaram, tantas partidas pregaram, tantas "estórias" ouviram e contaram, tantos afectos trocaram, o pretexto foi o almoço, o resultado - uma tarde de memórias, o desfilar de recordações, o lembrar sentido daqueles que por cá passaram e já nos deixaram.

Neste exercício de recordar, participaram também a Maria Rita e o João, que de França vieram rever os seus, reavivar as suas memórias, as próprias e as comuns com os da casa.

À mesa , recordaram-se as noites do Monte, os jogos e as brincadeiras com que se preenchiam os serões dum tempo ainda sem televisão.

Já aqui referi em escritos anteriores, as sessões de leitura, ou , de estórias contadas de viva voz. Agora , recordámos as do Tio Branco, que tão bem prendia a atenção de todos com o "Cavalinho de Pau","A Princesa d'Austria",ou as do Avô Luis, mestre da palavra com a "Princesa Magalona", "O touro Azul" e "Rosa do Adro".e ainda "A raposa e o ouriço", contada pelo Tio António Jesuína.

Além dos contos, como lembrou a Ana, havia o "jogo do 31", o "jogo dos disparates", e o chamado jogo do "Estou pensando".

Para o "Jogo dos disparates", existia um livro com uma série de perguntas numeradas de 1 a 31, a que correspondiam, também numeradas de 1 a 31, respostas de acordo com a sequência numérica escolhida.

A pessoa que por sorteio ficava na posse do "livro", lia as questões, como por exemplo:

..n.3 - COM QUEM QUER CASAR?

ou

..nº6 - COM QUEM VAI JANTAR?

A que corresponderia, de acordo com o número escolhido, respostas do tipo:

- COM UM BURRO

ou

- COM UM CÃO

- COM UM CAMÊLO

e aí por diante.

No outro jogo, o chamado "Estou pensando", um jogador tentava adivinhar em que pessoa o outro jogador estaria a pensar, através de perguntas a ele dirigidas, tais como?

- HOMEM OU MULHER?

- CASADO OU SOLTEIRO?

- QUANTOS FILHOS TEM?

e acabavam por levar à descoberta.

Como se tratava quase sempre de pessoas da terra, ou arredores, que todos mais ou menos conheciam, não era dificil encontrar a solução. Por outro lado, acabava-se de , por vezes, se descobrir factos novos, segredos até, ligados à personagem que se tentava descobrir.

Não só o pessoal da casa se divertia com estes jogos aos serões, mas também vizinhos e amigos dos montes próximos, que frequentemente apareciam e participavam. Foram recordados a Judite, o Manuel Francisco, a Maria Deolinda, o António Luis e muitos outros.

Às tantas, apercebi-me que começava a sentir uma pontinha de inveja de não ter tido o privilégio de ter vivido aqueles tempos mágicos, naquele envolvente ambiente de pertença

Publicada por jose à(s) quarta-feira, agosto 31, 2005