sexta-feira, abril 16, 2004

POEMA DO ANTÓNIO

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EM 1961. o António partiu
para Lisboa, para a tropa ,tendo
assentado praça, no Batalhão de Ca-
çadores 5. Nessa época, escreveu dois
poemas, dedicados à mãe. São 2
documentos muito intensos, de
alguém que abandonava a terra e
os seus, pela primeira vez, trans-
pondo para a sua poesia ,toda a
carga da emoção que então sentiu.
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Hoje publicamos :
"
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O DIA EM QUE ASSENTEI PRAÇA"
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No dia que assentei praça
dia da minha desgraça
eu que fiz foi chorar
deixei minha mãe sòzinha
que está velha coitadinha
e já não pode trabalhar.
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Cada vez que eu pensava
na terra onde eu trabalhava
era um desgosto de morte
adeus terra onde eu nasci
eu só outra conheci
e foi por minha pouca sorte
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Disse adeus minha mãezinha
um dia de manhãzinha
e fui para a vida militar
fui cumprir o meu dever
mãezinha se eu não morrer
eu um dia hei-de voltar.
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Eu sou soldado português
estamos em guerra outra vez
vivemos todos em perigo
é matar para não morrer
nós temos que se defender
das forças do inimigo.
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Lá na província de Angola
seja em colégio ou escola
tudo serve de quartéis
para abrigar graduados
primeiros cabos e soldados
sargentos e até coronéis.
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Uma guera de guerrilhas
que ataca por armadilhas
e tem causado tantos áis
é um caso de terror
que a ninguém tinham amôr
e mataram filhos e pais.
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Pendurados em pernadas
com braços e pernas cortadas
portugueses nossos irmãos
à falta de armamento
e à força do regimento
judeus mataram cristãos.
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O senhor ministro da guerra
que mandou para cada terra
aonde havia soldados
as guias para se apresentarem
os passes para se transportarem
os que estavam mobilizados.
.
Muitos batalhões formou
e os terroristas atacou
com granadas e com balas
foi um caso de terror
que andava um tratôr
a enterrá-los em valas.
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Pedra Verde , Nambuangongo
mais em Maquela do Zombo
mas os portugueses ganharam
portugueses afamados
praças e graduados
nós somos heróis de guerra
.
Seja do Algarve ao Minho
Vamos todos a caminho
defender a nossa terra
.
de ANTÓNIO J.COLAÇO
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Este poema foi agora recitado
pelo António, no Monte da
Ribeira, na noite mágica de
10 de Maio de 2004