segunda-feira, julho 30, 2007

FESTA ANUAL DO PROGRAMA "PATRIMÓNIO"

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Foi no dia 21 de Julho.
Realizou-se no Parque Infantil da Vila de Castro Verde.
O nosso blog teve o privilégio de ter assistido ao vivo.

Desde que é possível ouvir a Rádio Castrense pela Internet, ouço quase sempre o programa "PATRIMÓNIO" , aqui de Lisboa, e do Feijó.

Quando um dia se fizer a história da cultura popular no Alentejo, se dará, decerto, a plenitude do valôr que teve e tem, esta acção cultural.

Já aqui falei no clima de grande proximidade criado pelo animador do Programa, e as pessoas que de outra maneira não iriam soltar a potencialidade das suas artes, não vercejariam, não cantariam em público os seus poemas e não deixariam ouvir as suas vozes.


A TAL VOZ QUE ESTÃO HABITUADOS ESCUTAR EM SUAS CASAS TODAS AS QUINTAS, HOJE EM CARNE E OSSO

Daí ter sentido alguma emoção ao assistir ao vivo essa torrente de talento popular que ouvia pela rádio, sem vêr os rostos.

Hoje vou apenas mostrar aqui algumas imagens que colhi, que serão, decerto , mais ricas e ilucidativas que qualquer texto descritivo.

Actuaram cerca de duzentos artistas, desde integrados em grupos corais, poetas populares, contadores de "estórias"e tocadores.

Foram actuando ao longo da noite, entre outros, Os cardadores da Sete, os Ganhões de Castro Verde, As violas Campaniças da Sete, As Papoilas do Corvo, O Grupo de Musica Popular e Instrumental de Almodôvar, os Caldeireiros de São João, As Atabuas de São Marcos da Ataboeira, Os Carapinhas de Castro Verde:


QUE BEM CANTARAM OS CARAPINHAS

e ainda e sem mencionar todos
os, As Camponesas de Castro Verde,As Vozes de Casevel e mutos outros corais.

Animaram também a noite os poetas populares compo Jacinto Coelho, o Andorinho, o António Baltazar (Alhinho) do Rosário ,o Bagacinha de Aljustrel:

O BAGACINHA INTERPRETANDO UM POEMA QUE DEDICA À SUA MULHER

Com a plateia rendida, Bagacinha terminou a sua actuação com o poema "AS PERAS" que
não resisto a aqui registar, e que motivaram um aplauso infindável

Duas Pêras

Mote


Duas pêras que eu tinha
Andavam sempre empinadas
De tanto lhes ter mexido
Estão moles e penduradas.

I

Eram duas pêras perfeitas
Quando um dia as conheci
A primeira vez que as vi
Achei-as muito direitas
Rosadas muito bem feitas
Pareciam cacho na vinha
Uma fruta tão durinha
Que eu gostava de mexer
Levava horas a ver
Duas pêras que eu tinha.

II

Mas que ricas pêras são
Dizia cá para mim
Dá gosto ver fruta assim
Seja de Inverno ou de Verão
Quando lhe jogava a mão
Até as deixava inchadas
Eram sempre bem esfregadas
Fosse de noite ou de dia
Pêras de pele macia
Andavam sempre empinadas.



III

Fruta torrada amarela
Que fruta tão natural
Nem sequer havia igual
Uma fruta como aquela
Tinham uma cor tão bela
Fizeram-me andar perdido
Quase estraguei o sentido
Noutro tempo atrasado
Hoje tenho o fruto estragado
De tanto lhe ter mexido.

IV

Murcharam com a idade
Ficaram todas franzidas
São duas pêras lembidas
Que perderam a vaidade
No tempo da mocidade
Foram muito bem tratadas
Mas já não são apalpadas
Coitadinhas metem dó
São duas peles num pé só
Estão moles e penduradas.



A festa estendeu-se pela noite dentro, num casamento permanente entre o palco e os que nos outros dias se limitavam a ouvir pela rádio.