sexta-feira, dezembro 04, 2009

BAGACINHA - POETA POPULAR DE ALJUSTREL

.
CONFESSO QUE MUITO APRECIO
OS POETAS POPULARES ALENTE-
JANOS, E A SUA ENORME CAPA-
CIDADE DE VERCEJAR, E NOS
SEUS POEMAS TRANSMITIREM
SEM RODEIOS A SUA VISÃO
DO MUNDO, DAS PESSOAS,E
DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL TAL
QUAL ELES A ENTENDEM E
CRITICAM


Hoje, vou lembrar um poeta popular a quem já tive o privilégio de vêr e ouvir em algumas actuações, e que muito me impressionou.
Pelos poemas que criou, pela forma como os diz,pela química que estabelece com as pessoas.

Falo do António Afonso Bernardino Bagacinha ,de Aljustrel, que quem aqui mostro algumas actuações ao vivo das quais captei estas imagens e som.

Esta primeira refere-se a Julho de 2007, numa sua actuação na Festa do Programa Património da Rádio Castrense.
Foi no rink do antigo Parque Infantil, o que está de momento em obras de transformação, numa noite fria, que ele, com a sua divertida interpretação dum poema em que falava da comparação entre a "sua mâezinha e a sua mulher" ,aqueceu levando a plateia a uma enorme ovação



Esta outra refere-se a uma sua participação no lançamento do livro do seu amigo e também poeta Manuel Mira "Poeta escondido" no Forum Municipal de Castro Verde.



E já agora , esta outra, na mesma participação:



Por fim ,vou aqui lembrar um poema dito pelo Bagacinha, na tal noite da >Festa do Património, de que não tenho imagens, com pena minha, mas aqui fica a letra:

Duas Pêras

Mote


Duas pêras que eu tinha
Andavam sempre empinadas
De tanto lhes ter mexido
Estão moles e penduradas.

I

Eram duas pêras perfeitas
Quando um dia as conheci
A primeira vez que as vi
Achei-as muito direitas
Rosadas muito bem feitas
Pareciam cacho na vinha
Uma fruta tão durinha
Que eu gostava de mexer
Levava horas a ver
Duas pêras que eu tinha.

II

Mas que ricas pêras são
Dizia cá para mim
Dá gosto ver fruta assim
Seja de Inverno ou de Verão
Quando lhe jogava a mão
Até as deixava inchadas
Eram sempre bem esfregadas
Fosse de noite ou de dia
Pêras de pele macia
Andavam sempre empinadas.

III

Fruta torrada amarela
Que fruta tão natural
Nem sequer havia igual
Uma fruta como aquela
Tinham uma cor tão bela
Fizeram-me andar perdido
Quase estraguei o sentido
Noutro tempo atrasado
Hoje tenho o fruto estragado
De tanto lhe ter mexido.

IV

Murcharam com a idade
Ficaram todas franzidas
São duas pêras lembidas
Que perderam a vaidade
No tempo da mocidade
Foram muito bem tratadas
Mas já não são apalpadas
Coitadinhas metem dó
São duas peles num pé só
Estão moles e penduradas.

Uma saudação muito especial do nosso blogue para o António Afonso Bagacinha.