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O ESCRITOR ALENTEJANO DE ÉVORA,
MANUEL GUSMÃO GANHOU O PRÉMIO
DE LITERATURA DO GRUPO DST
Manuel Gusmão vence Prémio DST de Literatura de 2009
O livro "A terceira mão", do poeta e crítico literário Manuel Gusmão, venceu a XV edição do grande prémio de Literatura do grupo DST, que contempla uma verba de 15 000euros.
"O rigor e a finura da estruturação do conjunto, assim como os mitos peculiares do jogo intertextual", determinaram, segundo o júri, a atribuição do prémio a Manuel Gusmão, refere uma nota da organização.
Para o júri - composto por Vítor Manuel de Aguiar e Silva, José Manuel Mendes e Carlos Mendes de Sousa -, aquela obra de Manuel Gusmão "revela uma poética meditada e intempestiva, factores que situam o seu autor entre os que mais relevam na nossa vida literária".
De acordo com a organização, o montante do prémio será entregue na cerimónia de abertura da Feira do Livro de Braga, a 24 de Abril de 2010.
O Grande Prémio de Literatura DST - sigla do grupo empresarial Domingos da Silva Teixeira, SA - contempla uma verba de 15 000 euros e visa premiar uma obra em português, de um autor nascido ou residente em território nacional , cuja obra tenha sido publicada no biénio anterior.
Das 90 candidaturas apresentadas à edição deste ano do prémio 71 foram admitidas pelo júri, número que, para a organização do galardão, é um "recorde", impulsiona a continuação da iniciativa e confirmar a mais-valia do galardão para o panorama cultural português.
Em 2008, o Grande Prémio DST de Literatura foi entregue ao escritor António Manuel Pires Cabral, com o romance "O Cónego".
Manuel Gusmão nasceu em Évora em 1945 e é licenciado em Filologia Românica. Professor catedrático até 2006, é poeta, crítico, ensaísta e tradutor de poesia.
POEMA DE MANUEL GUSMÃO
A TERCEIRA MÃO DE CARLOS DE OLIVEIRA
I
A primeira mão escreve com o tempo e contra
o tempo
a segunda reescreve o passado com o futuro e
por todo o lado instaura o presente do fim
depois a terceira mão vem e escova
e constela os tempos
II
A primeira monta um cenário nocturno à espera
da noite que virá. A segunda traz a esse cenário
a noite glaciar. A terceira sobrepõe as noites
e revela o seu povoamento
comum: luz eléctrica, papel intensificado,
uma teoria da escrita, desolação.
III
Uma segreda e comove-se
no espelho tempestuoso. Outra seca
o saco lacrimal e deduz de si mesmo o movimento
que faz a emoção: A terceira contribui
com o espelho das metamorfoses, a câmara
que filma a dedução
[e enlouquece numa só letra.
[in A Terceira Mão, Caminho, 2008]