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CINEMA DE QUALIDADE, FILMES
PREMIADOS OU NOMEADOS? CINE-
MA ALTERNATIVO? É EM CASTRO
VERDE ÀS QUARTAS, NO FORUM
MUNICIPAL
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Como sempre será às 21,30, a sala é confortável, o ambiente familiar.
Esta semana vamos ter o file alemão "A ONDA"
A Onda
Die Welle
2008
Duração: 101m
Ficha Técnica
Realização: Dennis Gansel
COM: Juergen Vogel
Jennifer Ulrich
Frederick Lau
Max Riemelt
Sinopse
Um professor do ensino secundário encarrega os seus alunos de levarem a cabo uma experiência fora do comum, sobre como é viver num regime ditatorial. A experiência começa a atingir proporções inesperadas quando é formada uma unidade social com vida própria.
A Onda revela o pequeno fascista que existe em nós
O caso tem uma base real, pois aconteceu nos Estados Unidos, mas seu desenvolvimento é pura ficção. Uma escola quer mostrar aos alunos as vantagens e desvantagens de determinadas formas de governo e concepções políticas. Um professor de cabeça arejada deseja pegar a turma que iria explorar os pressupostos do anarquismo. Mas a direção da escola o manda dar aulas de autoritarismo. E lá vai ele, com a melhor das intenções e o pressuposto didático de que a maneira correta de combater uma posição indesejável é mostrar quais são as consequências. O propósito é levar um ideário até seu limite.
Partindo desse princípio, o realizador Dennis Gansel trabalha, de maneira subtil, com as sementes de autoritarismo que existem na cabeça de cada um. Essa disposição pode ser vista como universal. Mas assume forma dramática no país onde se passa a história, a Alemanha, por conta do seu passado recente. Há um preâmbulo necessário. Os jovens já não podem mais nem ouvir falar em nazismo ou Hitler. "Não temos nada com o passado." A despeito disso, a proposta do professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é mostrar como ninguém está totalmente vacinado contra ideias totalitárias e como elas se criam, como atitude psicológica em indivíduos e grupos e como forma política.
Assim, a natural tendência à associação pode levar a uma radical separação entre quem pertence e quem não pertence ao grupo. A idolatria ao líder e o estabelecimento de limites entre o "fora" e ao "dentro", com a consequente intolerância em relação a quem é diferente e não adere ao grupo. Intolerância que pode, no limite, assumir todas as formas possíveis da violência. Isso acontece nas claques de futebol, grupos rivais de adolescentes, partidos políticos. No limite, deu no nazismo e no fascismo.
Embora faça um filme de tese, Gansel trabalha com subtileza, sem forçar a barra. Mesmo porque sua fábula moral é a de uma espécie de aprendiz de feiticeiro. Alguém que manipula coisas perigosas, não sabe a hora de parar e chega a fins indesejáveis. O desfecho é ampliado em relação ao que aconteceu na vida real. Dramaticamente, mostra que a democracia e a aceitação da diferença são bens sempre precários, nunca de fato conquistados. A sombra do pensamento autoritário está sempre presente, no fundo de cada um de nós. Basta olhar para o dia a dia e se convencer disso.