domingo, abril 04, 2010

ALGUMAS MEDALHAS DAS OLIMPIADAS DE MATEMÁTICAS VIERAM PARA O ALENTEJO

.
..E UMA DELAS A DE BRONZE
VEIO PARA CASTRO VERDE.

FILIPE MANUEL VALERIANO


XXVIII OLIMPÍADAS PORTUGUESAS DE MATEMÁTICA
MINISTRA DA EDUCAÇÃO VEIO A ÉVORA ENTREGAR OS PRÉMIOS



Alentejanos medalhados nas XXVIII Olimpíadas Portuguesas de Matemática
A sessão de encerramento das XXVIII Olimpíadas Portuguesas de Matemática decorreu no passado dia 28, no Teatro Municipal Garcia de Resende, em Évora e contou com a vinda da Ministra da Educação, Isabel Alçada e do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, sendo a Câmara Municipal de Évora representada pela Vereadora Cláudia Sousa Pereira.

Este ano, alunos de escolas de Castro Verde e Beja receberam medalhas de Bronze na Categoria A (8º e 9º ano) e de Prata na Categoria B (10º, 11º e 12 º ano), respectivamente



Estas Olimpíadas, organizadas pela Sociedade Portuguesa de Matemática e pelo Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra e que contaram também com o apoio da Câmara Municipal de Évora, entre outras entidades, tiveram a sua final nas instalações da E B 2,3 de Santa Clara (Évora) e visam desenvolver o gosto pela matemática. Nelas participaram alunos do 2º ciclo (pré-olimpíadas), do 3º ciclo e do secundário, sendo que na próxima edição podem já também concorrer alunos a partir do 3.º ano do 1º Ciclo.
Os vencedores deste ano (seis alunos) participarão nas Olimpíadas Internacionais que têm lugar em Junho na República do Cazaquistão e em Setembro (quatro alunos) nas Olimpíadas Ibero-americanas que se realizam no Paraguai.
Nesta cerimónia, foram também entregues medalhas aos alunos portugueses que conquistaram medalhas nas Olimpíadas Paulistas de 2009 que reúnem estudantes de todo o Estado de S. Paulo (Brasil). Quase todos os portugueses vencedores foram também finalistas nestas Olimpíadas portuguesas.
Este ano, nas Olimpíadas de Matemática, Categoria A (8º e 9º ano) os vencedores (Ouro) foram João Augusto Ferreira Machado (Lisboa); Miguel Martins Santos (Alcanena) e Salomé Dias Afonso (Ribeira de Frades), tendo recebido medalhas de prata três alunos, oriundos de Mirandela, Parede e Belas, e as medalhas de bronze couberam a alunos vindos de Charneca da Caparica, Tomar, Lisboa, Castro Verde, Valongo e Agualva.


QUEM É FILIPE, O MEDALHADO DE CASTRO VERDE?

Perfil:Recordista de medalhas nas olimpíadas de matemática reside numa aldeia

Filipe Manuel Figueira Valeriano, de 17 anos, frequenta o 12º ano na escola secundária de Castro Verde e é recordista nas Olimpíadas Portuguesas de Matemática (OPM), o que fez dele um dos melhores alunos portugueses nesta disciplina.

É um caso raro: em 25 anos, a conquista de cinco medalhas tinha ocorrido somente por duas vezes. O seu percurso de êxitos nas OPM começou no 8º ano quando lhe foi atribuída uma medalha de bronze. No ano seguinte leva para casa uma de prata, depois novamente bronze e, finalmente, chega ao ouro em 2007. No passado mês de Março alcança a medalha de prata.

A sua afinidade com a matemática começou a revelar-se aos três anos de idade, nos jogos matemáticos que descobria no computador.

Logo que se sentou nos bancos da escola primária ficou confirmado o seu distanciamento, nos conhecimentos matemáticos, em relação aos colegas. “Já sabia as coisas que lá se davam” observa. Os colegas, confrontados com sua “pedalada”, pediam: “Professora ensine-nos como ensina o Valeriano”. Não era possível: “Assim vocês não aprendem nada” respondia a docente.

No 7º ano subiu ao escalão dos jovens olímpicos e no 8º ano foi à final e classificou-se nos melhores doze, para depois ganhar uma medalha de bronze. Quis continuar e, no ano seguinte, foi novamente à final, conquistou a medalha de prata e o direito de frequentar o projecto Delfus criado por professores do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra para jovens que revelam potencialidades na disciplina, preparando-os para as provas internacionais. “Fizeram de mim um dos melhores alunos portugueses em matemática”.

Quanto às restantes disciplinas no 12º ano, “só o português é que me apresenta um desafio maior” confessa. “Tenho média de 17, mas quero subir”.
O seu relacionamento com jovens de países europeus e americanos já lhe deu a perceber como o ensino em Portugal “é bastante diferente”. Um exemplo: No ensino secundário “dão matéria que em Portugal só é leccionada nas faculdades”.

A entrada no projecto Delfus permitiu-lhe colmatar esta lacuna. “Encontrei os melhores matemáticos com quem troco saber e experiência”. Devido a este factor não lhe foi difícil fazer a sua opção por Coimbra onde pensa poder a tirar a licenciatura e o mestrado. Quer seguir Engenharia Informática ou Matemática Aplicada à Computação. Alguns aconselham-no: “Sai de Portugal...”

O jovem matemático vive na aldeia de Semblana, desde os quatro anos. Diz que a sua evolução foi “culpa do Delfus” e dos professores que teve ao longo de 12 anos”, mas afirma que se não fosse o esforço que o seu pai tem feito, “provavelmente era hoje mais um que não tinha tido a oportunidade de revelar o seu potencial”.

Iniciativa pioneira: Olimpíadas nasceram em Coimbra há 26 anos

Decorria o ano de 1980 quando a Escola Secundária José Falcão em Coimbra decidiu organizar, pela primeira vez, as Olimpíadas Portuguesas de Matemática, envolvendo apenas as escolas da região Centro.

Mas o entusiasmo que suscitou fez com que a partir de 1983 as OPM fossem extensivas a alunos de todo o país. A participação passou de 151 escolas e 6028 estudantes na primeira edição nacional para mais de 1100 escolas e 30 mil estudantes em 2007.

A Sociedade Portuguesa de Matemática e o Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra são as entidades organizadoras, com patrocínio do Banco Espírito Santo, Ministério da Educação, Fundação Calouste Gulbenkian, Ciência Inovação 2010 e Ciência Viva.