domingo, dezembro 12, 2010

TRIBUTO A TIA BÁRBARA

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No Monte da DO TESTA viveu a madrinha da Casa das Primas, a saudosa tia Barbara ,que recordo com carinho.

TRIBUTO À TIA BÁRBARA
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A tia Bárbara tinha uma enorme capacidade de captar a simpatia de quem com ela privasse, ainda que só por breves instantes. A empatia era quase imediata. Não conheço ninguém que tenha resistido à sua autenticidade, ao seu calôr humano, ao seu "dar-se sem nada esperar em troca".
Na sua presença sempre me senti seu sobrinho de verdade, mesmo como de seu sangue o fosse.
Recordarei para sempre , a sua presença vigilante nas reuniões dos domingos à tarde. Atenta ao mínimo detalhe, vigiava para que tudo estivesse perfeito, não faltassem os guardanapos, os copos, para que a sopa estivesse bem quente.
.- "Oh Herminia, olha que o Júlio não tem colher"; ou então : "Natércia, então não vais pôr os queijinhos na mesa?".
Mesmo já nos últimos tempos, não deixava de controlar, para que tudo, no seu entender,estivesse nos seus devidos lugares, fosse feito "com preceito" ,corresse bem.
Conservarei para sempre a sua imagem de contentamento entusiástico, mal nos via chegar, para mais um domingo de convívio em família. E quando alguém, ao fim da tarde/noite, manifestava a intenção de ir embora, de imediato tentava prolongar por mais alguns minutos que fossem, a nossa presença :-"Já vão embora?. mas ainda é cedo".
Mas onde se surpreendia melhor a autenticidade do seu prazer de nos têr todos junto dela, era quando nas despedidas, sempre insistia com alguma ansiedade : -"Então até Sábado ou Domingo,vêm cá, não vêm?" .
Ùltimamente vinha perdendo as forças, com grande serenidade, mas de forma cada vez mais evidente, e dá que pensar, na força da sua persistência em esperar pelo nascimento do neto, e do Miguel ,"o menino da Ana Lúcia" ,como costumava chamar. Na primeira vez que viu, e teve o Miguel ao colo,estava tão contente, com os olhos tão brilhantes, que, como depois contaram as filhas Natércia e Hermínia, custou a adormecer.
A tia Bárbara vai ser sempre a Alma da casa das primas. Sentiremos sempre a sua presença vigilante.
Anos atrás, quando completou os 90 anos, fiz-lhe um Poema, que lhe ofereci e li, no decorrer da dua festinha de aniversário. Aqui o transcrevo:

TIA BARBARA

Vinda lá de baixo
De terras do Sul
Onde há poucas nuvens
E o céu é azul.

Chegou ao Feijó
Tinha menos anos
Pr.a junto das filhas
Deixou lá os manos

Bárbara é seu nome
Testa a sua terra
Deixa o Alentejo
Onde o trigo medra

Trigo que dá pão
A quem o colher
À Barbara trigueira
Deu força e saber

Barbara aos noventa
Junta à sua mesa
A sua Família
Que mantém coesa

Ela é a força
Ela é o caminho
Fiz-lhe este poema
Com muito carinho.

José Júlio