segunda-feira, julho 18, 2011

SERÕES À LAREIRA NO MONTE DA RIBEIRA

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CORRIA O ANO DE 2004, ESTÁVAMOS
NUMA NOITE DE PRINCIPIO DE MARÇO,
O FRIO SECO DA PLANICIE ALENTEJANA
ACONCHEGAVA-NOS À LAREIRA.

As noites nos montes alentejanos, embora já não como antigamente por culpa da TV, mas são mesmo assim, bem diferentes das das vilas e cidades.

O nosso blogue estava a dar os primeiros passos, tinha sido criado em Dezembro de 2003, e aqui o vosso escriba ainda estava a trabalbar no activo em Lisboa, pelo que ,ir ao Alentejo, leia-se Castro Verde, só de fugida aos fins de semana.

Na noite de que aqui vos falo, sentados à roda da lareira no Monte da Ribeira, as línguas destravaram-se e o pessoal , com um deleite visivel, desatou a desfiar as suas memórias , as estórias de então.

De entre muitas, recordaram-se então algumas quadras populares que moços e moças trocavam nos serões e bailes familiares.

Lembro hoje algumas delas, e lembro que a maior parte foram-me contadas pela saudosa Ana Catarina, uma autêntica guardiã da História da região .


A minha mãe é joeireira
que joeira em casas ricas
o meu pai caçador de lebres
e eu de moças bonitas
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Há mães que têm filhos
e sentem satisfação
só a minha mãe criou filhas
para desgosto e paixão
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as duas próximas quadras são de BLÉ CARETO
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Se Almodôvar se arrasasse
com um copo de água fria
o meu amôr coitadinho
era o primeiro que morria
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Se Almodôvar fosse minha
como é dos estudantes
mandava-lhe pôr ao pé
uma estrela de brilhantes
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E mais verso foram sendo lembrados, todos, ditos por moços e moças em bailes, uns para os outros.
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Saudades quem as não tem
saudades quem as não sente
saudades do nosso amôr
saudades da nossa gente
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Olhos que não vêem olhos
senão de meses a meses
esses são os mais queridos
por se verem menos vezes
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Dizer adeus é bem triste
mesmo que seja a mangar
quem parte, parte e não sabe
se tornará a voltar.

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POEMAS POPULARES
RECOLHIDOS NO
SERÃO MÁGICO DO
MONTE DA RIBEIRA