quarta-feira, novembro 17, 2010

É AMANHÃ ,DIA 18, INAUGURADA EM CASTRO VERDE ,UMA EXPOSIÇÃO DO PINTOR VALENCIANO RAFAEL CALDUCH

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AMANHÃ, DIA 18, É INAUGURADA EM
CASTRO VERDE UMA EXPOSIÇÃO DO
ARTISTA VALENCIANO RAFAEL CALDUCH

Rafael Calduch expõe em Castro Verde



O Fórum Municipal de Castro Verde recebe, de 18 de Novembro a 11 de Dezembro de 2010, a exposição de pintura “A margem na margem”, da autoria de Rafael Calduch. Uma organização da Câmara Municipal de Castro Verde, em parceria com o Museu Jorge Vieira, que apresenta um conjunto de obras representativas de um abstracto de tons quentes e frios.



As cores claras, mais límpidas, contrastam com tonalidades mais escurecidas que pronunciam “a margem na margem”. Cores quentes ou frias, pequenos apontamentos pictóricos, a luminosidade, vagueiam pela planura que apaga os limites extrínsecos e íntimos, diminuindo o excessivo. Calduch encontra no seu trabalho a forma de expressar a grandeza das coisas, do mundo, sem a demasia da linha, da forma, ou da cor. Simbolicamente as telas do artista recriam uma experiência que chega ao sensível e ao inteligível.

A abertura da exposição está marcada para as 18h00, e poderá ser visitada de Segunda a Sexta-feira, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 20h00 e aos Sábados das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

O Pintor valenciano Rafael Calduch expõe em Castro a mostra “A margem da margem”


"Rafael Calduch vem a terras alentejanas com a mala a extravasar de memórias, de tempos caiados pelo desejo da mudança - anseio de desobstruir as portas impenetráveis que Abril de 74 desobstruiu em Portugal e que, no ano seguinte, se abriram também em terras de Espanha: foi, com efeito, o culminar de um período obscurantista na história da Península Ibérica - o fim das amarras opressoras do fascismo.
De certo modo, a pintura, para este autor, é um processo de emancipação gerador de consciências fecundas: pisando, percorrendo de novo o espaço e o tempo da planície do Sul de Portugal, revivendo sentimentos de liberdade, horizontes ilimitados de caminhos que, até então, pareciam totalmente intransponíveis. O processo criativo, para o autor, só é válido assim, quando suportado por concepções de vanguarda, de transformação que se quer inovadora - cavar bem no fundo da existência mais imensa, mais íntima.
Calduch percorreu Portugal nos anos 70, de Norte a Sul, para testemunhar pessoalmente o que de novo se estava a passar por aqui, nos primeiros anos da Democracia. Recorda, especial e vivamente, o privilégio de conhecer Ary dos Santos, Zeca Afonso, a poesia e a música deste período revolucionário, e a curiosidade em conhecer, cada vez mais, a cultura nacional, o que o aproximou fortemente da obra de Fernando Pessoa, mas também, porque não dizê-lo, dos paladares, da gastronomia, do bom vinho alentejano. Embora não fale correntemente o português, o apetite constante por conhecer cada vez mais autores da literatura e das artes plásticas do nosso país, implicou a necessidade da leitura em português, o que lhe facilitou um melhor entendimento da língua. Curiosamente, como professor da Faculdade de Belas Artes de San Carlos, da Universidade Politécnica de Valência, é muito considerado pelos seus alunos, em especial os portugueses bolseiros de Erasmus - "compreende bem a saudade portuguesa porque concebe as artes plásticas na globalidade".
O seu percurso artístico, a sua obra, os seus ensinamentos, têm influenciado artistas de gerações diversas, que encontram nele um exemplo de dedicação, entrega e perseverança à causa da criação artística. Foi nos anos 60 que este autor, desde muito cedo, manifestou a intenção de participar no pulsar inovador das artes, na sociedade, como um pólo transformador. As suas propostas estéticas revelam uma ambição renovadora e marcada por uma poética aberta a novos conceitos de intervenção.
A obra do professor catedrático Rafael Calduch incorpora em si mesma o questionamento, o congregar de conceitos que traduzem uma intenção significante. As noções do tempo e do espaço dilatam esta intenção total, enérgica, que reestrutura constantemente toda uma percepção de natureza mais sensitiva. Para uma melhor compreensão do seu propósito artístico é inevitável toda uma análise crítica que passa pelo próprio entendimento da arte contemporânea. Obriga-nos, por isso, a argumentar e a debater o objecto apresentado em torno, tanto da sua própria linguagem, como da sua leitura. Por outro lado, mesmo a experimentação das técnicas e metodologias adoptadas, não têm como propósito a procura da singularidade formal, mas sim a definição de novos conteúdos. Num mundo em que a imagem, no geral, adquiriu uma importância simbólica/comunicativa, ilimitada, que se consome quotidianamente, a obra de arte reflecte a necessidade de induzir a crítica para o que lhe é inerente: a libertação da imagem do óbvio, do evidente, do que é identificável, para gerar processos mentais de transformação subliminar, vincadamente estéticos. Os pensamentos conduzem a pincelada do artista na produção de um interior e de um exterior real, do visível e do invisível; a margem e na margem, em simultâneo, que o aproxima do espaço integral; o caminho é o da dimensão de uma essência que se pretende intemporal e, no mesmo tempo, fortemente existencial... Sem limites. Noutro sentido, o espaço pictórico reenvia-nos para a uma dimensão poética que irradia pela cor - os tons claros, puros, mais límpidos, contrastam com outros mais encobertos, mais escurecidos, que pronunciam "a margem, na margem". As cores, quentes ou frias, os pequenos apontamentos pictóricos gráficos mais gestuais, a luminosidade, enunciam algo mais geográfico, que delimita toda uma extensão corpórea. O teor abstracto, da obra de Calduch, deambula pela planura que apaga os limites exteriores e íntimos e que abreviam o que é supérfluo, segundo uma linguagem plástica depurada - despojada, até ao limite, de todo o excesso da cor, da linha ou da forma. Calduch estabelece, ainda, através dos seus matizes cromáticas variações espaciais e formais emancipadoras - a materialização de um ensaio estético, analítico, como uma experiência que se deseja derradeira, ou a pintura sentida como espaço de invenção, de autocrítica de si mesma. Poderemos dizer que o autor nos coage a transitar num limbo de estímulos visuais pelos efeitos da cor, da plasticidade, do gesto, dos grafismos que ampliam a nossa percepção corporal, física; sentimos uma linha de transição que sugere o horizonte, o infinito, o nascer, ou o adormecer do tempo; as pinceladas, as manchas, as transparências, as ínfimas diferenças alongam a profundidade de campo visual/espacial que nos é facultada."